SOM INEXPLICITO DO VUNERAVEL

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10:38

Pelo menos cada instante
Foi vivido como se fosse o ultimo.
Fui da poça de lama
Ao interior do tempo-espaço,
Cavei as soturnas nuvens solitárias
E penetrei nos sonhos
construídos com colunas De versos
Entre a persistência intima
E o abandono de si mesmo
Só ha uma reparação,
Sinto-me menos sonhador,
Mais desenfreidamente temporal
Mais atemporalmente melancólico,
Um resto de qualquer coisa
Que sonha infinitos
Destruidor de silêncios
Poente ausente de si mesmo,
Rua vinte de abril
Virando ponte para algum confim
Alem das coisas cotidianas,
Dois pés no centro de destino,
Querer fugir o tempo todo é querer resistir,
Pego o livro de Allen Ginsberg
Que esta ao alcance como metáfora do inalcançável,
No meu tumulo quero
Poemas de Fernando Pessoa em vez de flores
Para eu poder respirar-me,
As lembranças do meu ser impossível às 3 da manhã,
Meu coração enorme
Que já não cabe na minha alma,
O canto do mundo à noite
Aperta minha boca contra suas paredes,
As coisas que eu nunca vou viver
Desmoronam sobre mim,
Eu desmorono sobre mim,
Fazer um poema
É o que ainda me faz respirar
Ah fúnebre crepúsculo dos ausentes,
Quero ser o amante invisível
De todos os infinitos,
Meu rosto não passa
De um amontoado de ilhas solitárias,
De Manaus aos firmamentos do universo
Um mudo olhar
Tossi instantes abandonados,
Esse poema é um fragmento solitário num oceano de instantes,
Inevitavelmente ele corre para o precipício intimo
Onde no vazio já não há mais
Desespero.



By João Leno Lima

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Canto Ausente

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10:09

Enormes colunas se erguem contra minha ausência,
O silencio é um coração gigante asfixiando
Vulneráveis paredes com asas intimas,
Ninguém conseguiu evitar as ausências de si mesmo,
O enorme olhar que ha em cada instante
Sente o cisco da minha lagrima cheia mãos frágeis,
Rabisco oceanos que querem me afogar
Puxando-me pelos braços,
E vou com eles
Como quem volta ao útero
Do seu próprio precipício,
Abrigo-me na palma da mão da vulnerabilidade,
Esmagado ainda respiro trêmulos invernos
Apenas para permanecer
Sem sentido
Apenas para permanecer
Aqui
com todos os sentidos esculpindo
Meu rosto nas paisagens que nunca aconteceram.




By João Leno Lima

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Tentando o possivel

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14:33

Curitiba foi a 1ª cidade a implantar o Sistema de Coleta de Lixo Seletivo no Brasil, foi no ano de 1989 que tudo começou. Hoje o programa atinge 100% da cidade, que tem uma produção de 2,2 toneladas de lixo seco por dia. Deste total, 550 toneladas são separadas, o equivalente a 70% da população curitibana contribui com a coleta seletiva.A questão dos resíduos sólidos da cidade desperta muitos interesses e é vista como modelo por todo o país. Os resíduos são recolhidos por caminhões conhecidos como "Lixo que não é Lixo" e também por um exército de trabalhadores informais, que ganham a vida com a coleta do material que não teria nem uma importância para a maioria das pessoas.O lixo reciclável é coletado em todos os bairros da capital paranaense e diariamente enchem 42 caminhões, mas essa quantia não representa a totalidade do material que é separado nas casas, comércio e empresas, pois na cidade existem muitos catadores de lixo reciclável e através de acordo com lojas e condomínios arrecadam o material. No Paraná, dos 399 municípios, 124 ainda despejam os resíduos em lixões a céu aberto. O site do Instituto Akatu revela que 88% dos municípios brasileiros não têm aterro sanitário. Enquanto os municípios que têm gastam R$ 4,6 bilhões para manter esses locais. Para tentar reduzir o número de lixões, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente lançou no Paraná o programa “Desperdício Zero”, e pretende reduzir em 30% o volume de lixo gerado. Segundo a secretaria, já foram investidos R$ 6,5 milhões na construção de aterros sanitários em 57 municípios. A reciclagem de lixo é uma das grandes questões da humanidade porque atua em duas vertentes do processo de consumo, evita o desgaste de recursos naturais e, também, o abandono do material no meio ambiente.Além da coleta seletiva, a capital paranaense faz uma coleta específica para lixo tóxico domiciliar, como pilhas, baterias e remédios. O lixo comum é destinado ao aterro sanitário, que também recebe os resíduos de mais 14 municípios da região metropolitana. Muitos anos após a implantação do sistema, Curitiba tem o maior índice de aproveitamento de lixo reciclável entre as cidades do Brasil, vamos levar essa iniciativa a todo o território nacional. Juntos podemos fazer a diferença em um MUNDO MUITO MELHOR. Tempo de Decomposiçãodo lixo
Papel
3 meses
Palito de fósforo
6 meses
Ponta de cigarro
1 a 2 anos
Goma de mascar
5 anos
Lata
10 anos
Sacos plásticos
30 a 40 anos
Garrafa pet
Mais de 100 anos
Fraldas descartáveis
600 anos
Latinha de Cerveja
200 anos
Tecido
100 a 400 anos
Vidro
Mais de 4000 anos
O que pode reciclar
O que não pode
Papel
Papel carbono
Papelão
Celofane
Caixas
Papel Vegetal
Jornais
Papel encerado
Revistas
Papel higiênico
Livros
Guardanapos
Cadernos
Fotografias
Cartolinas
Fitas
Embalagens longa-vida
Etiquetas adesivas
Sacos plásticos
Plásticos metalizados (salgadinhos)
CDs
Isopor
Disquetes
Espelhos
Embalagens Plásticas
Cristais
Garrafas PET e vidro
Cerâmica
Canos
Porcelana
Plástico em geral
Computadores
Frascos em geral
Clips
Copos
Grampos
Vidros em geral
Esponja de aço
Latas de alumínio
Pregos
Latas de Produtos Alimentícios
Canos
Embalagens metálicas de congelados
Termofax
Tampas de garrafas
Lenços de Papel
Você sabia?Uma pessoa produz todos os dias uma média de 1,2 kg de lixo;O Brasil produz cerca de 115 mil toneladas de lixo por dia;30% do lixo produzido é composto de materiais recicláveis como papel, vidro, plástico e latas. O Brasil recicla menos de 5% do lixo urbano que produz;Pelo menos 35% do lixo que produzimos poderiam ser reciclados ou reutilizados, e outros 35%, serem transformados em adubo orgânico; Para a produção de uma tonelada de papel são derrubados vinte eucaliptos, que demoram sete anos para crescer;Cada lata de alumínio reciclada economiza energia elétrica equivalente a manter uma lâmpada de 60 watts acesa por quatro horas. Uma torneira que pingue durante todo o dia representa 190 litros de água jogados fora. A reciclagem de 100 toneladas de plástico evita o uso de 1 tonelada de petróleo.Hoje, no Brasil, milhares de famílias se favorecem dos resíduos sólidos que são fabricados todos os dias. Separá-los evita que pessoas precisem revirar sacos de lixo. Redação: Raquel Susin

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Redor

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09:56

Pintura de Rene Magritte



Acredito nos oceanos ao meu redor
Acredito nas nuvens repletas de versos
Acredito ate no abismo que flutua por cima do meu
Rosto como um horizonte constante
Mas não me acredito.
Acredito nas formas sublimes de sonhos irremediáveis
Acredito no corredor que alcança seu objetivo Mágico
Acredito que as noites contem os mais profundos segredos
Acredito ate que uma troca de olhares ja contem um
Poema absoluto
Mas não me acredito.
Acredito nos desertos como desolações intimas
Acredito no mais intenso âmago da tristeza
Acredito que o tempo - espaço tem a pele de uma alma
Mas ainda assim não me acredito.
Aquele grito que transpassa o corpo atirado no seu
Próprio cárcere e que atinje-me parece acreditar em Mim,
Aquele braço que me impede de ser fugitivo e que faz
Voltar-me ao centro gravitacional dos meus
Companheiros poéticos parecem acreditar em mim,
As crianças abandonadas pelo acaso que pousam no
Na palma da minha mão
Pedindo uma ajuda silenciosa parecem
Acreditar em mim,
A musica que entorpece todos os mecanismos do
Meu movimento parece acreditar em mim,
O descompasso dos coraçoes em troca mutua de
Universos inabaláveis parecem acreditar em mim,
Mas não me acredito
Sinto que a morte lentamente esculpida no canto da
Minha lagrima também me acredita,
Sinto que todas as angustias numa conversão
De angustias inquebraveis também me acredita,
Sinto que a chuva que planeja me afogar de
Memórias crepusculares também me acredita,
Sinto que o piano tocado em notas longas de
Desespero trilhando a melodia do uivo
Desenperançoso também me acredita,
Sinto que a solidão que vem como um anjo
Destemido que me acompanha pelos quatro cantos
De todas as poesias também confessa que
Acredita-me,
Eu que pensei que a aurora voraz que machuca meu
Coração com cotidianos asfixiadores, ela acredita-me,
Eu que pensei que meu destino havia se perdido por
Caminhos tortuosos de fracassos e inalcansabilidade,
Ele acredita-me,
Eu que pensei que meu futuro fosse apenas mais uma
Gota no mar infinitésimo mar do mundo, ele acredita-me,
Eu que pensei que o amor não passasse do limite
Frágil limite do impossível, ele acredita-me.
Ate as pegadas do que deixei para traz
Sentindo e não sentindo mais, acredita-me.
Ate o verso que escrevo
Acredita que o verso que virá em seguida
Virá para completá-lo em absoluto,
Ate o poema que escrevo
Acredita que ao ser lido ira consolar o ser desconsolado
Mesmo que momentaneamente,
Ate os lábios invisíveis da mulher amada
Acredita que será tocado
Pelos lábios invisíveis do meu pensamento,
Ate o vento indomável
Acredita na minha companhia imprencidivel ao seu lado
No meu sonho impenetrável de poeta,
Ate os cometas e as estrelas tremulas
Do sussurro do universo
Acreditam que passei por elas vertiginosamente,
Ao surgir entrelaçado
Nas mais profundas leis da natureza
O existir acreditou-me,
Ao surgir nos seios de pais e estranhos do mundo
Eles acreditaram-me,
Antes dos primeiros passos
Das primeiras palavras do primeiro sentido
Do primeiro silencio e da primeira lagrima
Todos eles acreditaram-me,
Inesgotavelmente
Cada infinito
E cada eternidade
De cada coisa
Acredita-me
Inesgotavelmente.



By João Leno Lima

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Mapa

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09:06



A Jorge Burlamaqui


Me colaram no tempo, me puseram
uma alma viva e um corpo desconjuntado.
Estou limitado ao norte pelos sentidos,
ao sul pelo medo,
a leste pelo apóstolo São Paulo,
a oeste pela minha educação.
Me vejo numa nebulosa, rodando, sou um fluidso,
depois chego à consciência da terra, ando como os outros,
me pregam numa cruz, numa única vida.
Colégio. Indignado, me chama pelo número, detesto a hierarquia.
Me puseram o rótulo de homem, vou rindo , vou andando, aos solavancos.
Danço. Rio e choro, estou aqui, estou ali, desarticulado,
gosto de todos, não gosto de ninguém, batalho com os espíritos do ar,
alguém da terra me faz sinais, não sei o que é o bem
nem o mal.
Minha cabeça voou acima da baía, estou suspenso, angustiado no éter,
tonto de vidas, de cheiros, de movimentos, de pensamentos,
não acredito em nenhuma técnica.
Estou com os meus antepassados, me balanço em arenas espanholas,
é por isso que saio às vezes pra rua combatendo personagens imaginários,
depois estou com os meus tios doidos, às gargalhadas,
na fazenda do interior, olhando os girassóis do jardim.
Estou no outro lado do mundo, daqui a cem anos, levantando populações...
Me desespero porque não posso estar presente a todos os atos da vida.
Onde esconder minha cara? O mundo samba na minha cabeça.
Triângulos, estrelas, noite, mulheres andando,
presságios brotando no ar, diversos pesos e movimentos me chamam a atenção,
o mundo vai mudar a cara,
a morte vai revelar o sentido verdadeiro das coisas.
Andarei no ar.
Estarei em todos os nascimentos e todas as agonias,
me aninharei nos recantos do corpo da noiva,
na cabeça dos artitas doentes, dos revolucionários...
Tudo transparecerá:
vulcões de ódio, explosões de amor ,outras caras aparecerão na terra,
o vento que vem da eternidade suspenderá os passos,
dançarei na luz dos relâmpagos, beijarei sete mulheres,
vibrarei nos canjêres do mar, abraçarei as almas no ar,
me insinuarei nos outros cantos do mundo.
Almas desesperadas eu vos amo. Almas insastifeitas, ardente.
Detesto os que se tapeiam,
os que brincam de cabra-cega com a vida, os homens "práticos"...
Viva São Francisco e vários suicidas e amantes suicidas,
e os soldados que perderam a batalha, as mães bem mães,
as fêmeas bem fêmeas, os dois bem doidos.
Vivam os transfigurados, ou porque eram perfeitos ou porque jejuavam muito...
viva eu, que inauguro no mundo o estado de bagunça transcendente.



By Murilo Mendes

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ODE A VIOLENCIA CONTRA OS SENTIDOS

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09:02
Pintura de Rene Magritte

Parto do principio que a arte é a valorização mais profunda da razão humana.
Substancia que deve permanecer atrelada profundamente em nossas mentes
Desde primeiros acordes da nossa infância,
A poesia como conseqüência transforma todo o átomo de palavra na revolução eternamente renascida de todos os sentidos expressados
Com todos os dizeres visíveis ou invisíveis de nossa alma.
A humanidade perdeu-se em algum caminho qualquer
Da própria consciência inconsciente
Engolida por suas razoes matematicamente idealistas
Engoliu os sonhos mais utópicos de existência
Dando espaço progressivamente para o individualismo capitalista e neoliberal e nos impondo com suas ideologias selvagens e entropofagicas a sua lei mutante que se materializa num cão devorador de sentidos,
Inventar novas saídas para a própria sobrevivência mágica do individuo e ou reiventar-se a cada metro quadrado enquanto se alastra o que nos destrói profundamente,
A arte para algumas almas é seu extinto de sobrevivência sua garantia
De respiração momentânea seu ar puxador como desesperadora
Atitude humana seu grito indivisível e mesmo invisível engole o visível
E o próprio invisível,
Em todos os quatro cantos essa profusão cataclismatica
É a união da matéria viva com sua subconsciência arrebatadora ela jamais deixara de fluir nos corações trasbordantes que mesmo que seu espaço
Sensorial e físico não seja dado,
Ela infilutra-se pelos azulejos da câmara dos deputados, debaixo da porta das secretarias de cultura pelos tubos de ventilação do senado pela frechas imperceptíveis dos mictorios da prefeitura pelos corredores que fedem a fracasso politicamente correto e estupidez inanimada que assalta os cofres públicos de nossos sonhos mais sublimes, ela envolve num nó inconseqüente e renasce num ambiente mais transcendente, como numa praça publica mesmo desarticulada, nas casas de vidro que apenas habitam seres envidraçados morrendo de fome, nas panelas de pressão que evaporam o absoluto, nos pratos de comida.
Se tornando o impossível cotidiano,
A poesia invade todos esses portais que banqueteiam o futuro o presente o inalcançável passado, mostrando que a humanidade não veio apenas para respirar seu próprio eco asfixiado ou para amamentar seus filhos pelos porões dos corredores dos hospitais cheios de filas que vão ate o outro lado do mundo ou param serem mortas com armas de fogo trazidas das goelas dos que também sofrem uma dor paralisante transformada em violência que vagueia pelas artérias poluídas de chumbo e ácido vulcânico de inércias ou para comprar ternos importados dos mundos exteriores tirados dos bolsos paralíticos da multidão,
Que a humanidade não veio para servir de curral apocalíptico de fantasmas da própria mascara, não veio para transformar seus sonhos mil vezes sonhados em mero devaneio de quem não pode trabalhar no comercio.
A humanidade é a união de todos os sentimentos entrelaçados com toda a metafísica e transcendência inesgotável em camadas e camadas de desejos inexploráveis, não pode ser apenas dizer “sim” e “não” em seus olhos funebrimente futuristas e deitarem suas cabeças latejantes nos seus travesseiros puídos de tristeza e conformismo petrificado,
Faz-se poesia se faz arte se faz seres que se fazem inadequados marginais do mundo dos que apenas vieram para serem conquistados se faz poetas e loucos sonhadores que passeia pelas extremidades de si mesmo como exemplo que qualquer um de nós pode passear pala extremidade de si mesmo, mesmo se for colocado uma corda metálica no pescoço mesmo que se for colocado uma camisa de força de leis e ordens e censuras disfarçadas e senso comum vindos de algum lugar menos das nossas próprias visões existenciais, mesmo que seja imposta em nossa conduta pequenos hologramas explicando que não podemos ser nós mesmos para não afetar a ordem das coisas, pequenas cartas escritas na televisão nos explicando como o mundo é e tem que ser, e que mesmo se fizermos barulhos e sinfonias de bolso apenas estaremos delirando como piratas num mar desconhecido porem a arte veio para salvar o mundo mesmo que ele despreze da sua ajuda incansável a arte veio para engolir os seres escondidos em si mesmo que de braços cruzados vem a criança brincar na borda do abismo de sua sensibilidade sonhadora,
E se tornar a deformação catatônica da falta de identidade consigo mesmo e se sues anseios ancestrais e intermináveis
A poesia mesmo amordaçada renasce eternamente e seus vastos campos têm a força de mil gritos se multiplicando tem a força da união de todas as asas tem a força da união de todas as mãos tem a força dos cinco sentidos visionários e sua decretada morte é apenas o único sonho que jamais verá a luz.








Uivo

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Versibilidade

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08:53


Entranhada entre o silencio
E o grito nebuloso das tempestades
É onde esta minha alma.
Parto do principio que ainda não foi da ultima vez
Que alcancei meu ser por absoluto,
Minha memória rasga-se nascendo pequenas poças de momentos,
Quem eu sou é um vento que passeia no crepúsculo,
Quem eu fui começou a definhar na aurora,
Mesmo assim me embriago
Todos os dias de tempo e espaço,
Ah o tempo e o espaço não cabe
Dentro do meu rosto feito de invisível,
Parece que estou correndo de mim mesmo o todo o tempo,
Transformei meu ambiente de trabalho
Num universo paralelo
Que sobe pelas paredes e se refugia
Nos tubos de ventilação do acaso,
As possibilidades que se destroçam,
O vinho que evapora levando meu destino,
Cansei de cair de andares fabricados por minha própria ilusão
Se for para despencar
Que eu desça finalmente todos os abismo
E escreva lá intermináveis poesias,
Lá exatamente lá
Onde se misturam todos os elementos e todos os sentidos,
A poesia é um estado elevado de consciência,
Às vezes é uma queda elevada que espatifa e deixa irreversível,
Somos obrigados a ser a pagina em branco do nosso próprio recomeço,
E assim nasce de novo e de novo uma forma de horizonte,
E assim como num dialogo de sensações
Despeço-me do mundo dentro dele mesmo,
E assim sendo rei do meu próprio mundo
Invento a lei sub-infinita...
É proibido não haver poesia.
Na verdade é insuportável não haver poesia,
Sem poesia somos insuportáveis,
Não quero mais escrever
Quero soprar as palavras com a força de mil tornados
E fazer teu ser
Ser levado pelos confins para encontrar-se
Com todos os infinitos no mesmo segundo,
Ah nesse segundo meu corpo incapaz de ter asas
Vê minha alma sobrevoar as extremidades
Dos sonhos que a consome,
Ser consumido pelo sonho
É estar sobrevivente ao verso que te engole e te mata,
Eu perco o caminho de volta todo o tempo,
Meus passos para ir ao trabalho
E meus passos para voltar para casa
Fazem exatamente o mesmo percurso
Com a precisão calculada pelo vazio,
O vazio não é um personagem
É um órgão que se alojou em mim
E devora minha alma por dentro,
Mesmo assim leio em voz alta
A poesia que esta em mim mesmo e isso o ensurdece,
Preciso que alguém escreva um poema para mim,
Com poucas palavras, mas com versos que medem um infinito,
A culpa é da solidão,
Ela tem forma de noite inconsolável
E madrugada que congela as veias da lagrima,
Forma de horas que não se esgotam
E forma de verso escrito no cotidiano de uma intimidade,
A culpa é minha,
Escrevo versos e esse é meu ultimo refugio.
Então mergulho na tempestade
Para depois renascer oceano,
Nadando pelas extremidades
Eu encontro o destino final dos segundos,
Espalho-me pelos poros do mundo,
Não sou mais o vírus da minha própria alma,
Sou uma doença crepuscular
Que ainda assola a aurora transcendente,
Meu infinito se desprende de mim
E foge pela respiração das horas
Eu pretendo alcança-lo
Com minhas mãos cheias de poesias
Prontas para serem inesgotavelmente sentidas,
É por isso que escrevo versos
Para cada palavra virar um horizonte dentro do coração do mundo,
Desço pelas goelas e adormeço no tempo-espaço,
E permaneço lá nos hemisférios dos meus sentidos,
Apesar da desordem ainda sou um abismo de infinitudes,
Meu coração é um lugar escondido
Rodeado de nuvens que se transformaram em poemas,
Estou sendo sulgado para fora de mim,
Na madrugada escondida na extremidade do meu ser
Eu disse coisas que estavam escondidas nas profundezas da alma
E assim reencontrei a mim mesmo
Como ultima forma de sonho possível,
Quantas formas de sonhos são possíveis nas mãos
Tudo que resume um ser?
Respiro auroras e sopro crepúsculos,
Engulo as ruas e vomito longos percursos pelos universos,
Só o invisível consegue explicar-me,
E se de repente o invisível desprende-se de ti
E revelasse tua partícula intima de verdade?
Planejo sempre milhões de recomeços,
E faço planos com o mundo e com outros mundos
Mas só meu próprio infinito consegue revelar meu ser
Alem dos olhos do possível.
O meu coração é um vulcão que extrai do centro da minha alma
Os sonhos mais irreversíveis.
Só a poesia consegue me fazer sentir.


By João Leno Lima

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Manifesto Nômade

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08:42

Tom-B


Liberte-se do átomo. Não tenho muita certeza quanto ao Negroponte, mas uma ele deu dentro: entre o átomo e o bit, fique com o bit. Trabalhe com a mente, não com a mão, e que o fruto do seu trabalho seja digital. Liberte-se da corporação. ''Patrão'' e ''empregado'' são palavras que não têm mais sentido, assim como ''senhor'' e ''escravo''. Trate as corporações de igual pra igual, com cuidado! - pois são feras poderosas. Dê a elas uma dose do seu próprio veneno: a oferta e a procura. Cobre sem dó. Liberte-se do tempo e do espaço. Pra que acordar de manhã e bocejar em uníssono com o resto da cidade? Pra que enfrentar congestionamentos só para se deslocar até um cubículo odioso cuja única função é te colocar sob a vigilância de bedéis e babás? Faça o seu trabalho fluir através dos fios. Trabalhe nu. Arranje ferramentas para o seu cérebro. Outro paradigma: esqueça caixotes estacionários, pense em portáteis baratos e versáteis enfiados numa mochila. Se tiverem a aparência de uma bolha colorida e translúcida, melhor. Se a velha-guarda der risada, deixe. Lembre-se que caixotinhos bege combinam com isórias bege, carpetes cinza, luzes fluorescentes e almoço das 12:00 às 12:30. Você pode escolher: é por isso que dreadlocks serão o símbolo de status do futuro. Por enquanto você ainda vai estar preso: a fios de telefone e ethernet; à área de cobertura do seu celular. Mas fique esperto: daqui a vinte minutos o céu vai se coalhar de satélites e você vai poder sair correndo pra praia. Arme-se! Os monolitos do poder não verão com bons olhos esses bandos de freaks correndo por aí, vivendo de produção intelectual pura, cagando pras regras do passado industrial. Fique ligado em criptografia, em redes de contatos e nos caminhos da economia. A época é de transformação. Caos e oportunidade. É a nova fronteira - laptops estão para os anos 00 assim como os clássicos Colts de 6 tiros estão para o Velho Oeste.



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Manhã

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08:38


Não é verdade que uma vez vivi urna juventude amável, heróica,
fabulosa, digna de gravar-se em páginas de ouro? Incomparável
ventura! Por que crime, por que erro, vim a ser castigado com a
fraqueza de hoje? Vós que pretendeis que os animais solucem de
dor, que os doentes desesperem, que os próprios mortos sofram
pesadelos, procurai aclarar os motivos da minha queda e do meu
sonho. Quanto a mim, não posso melhor explicar-me do que um
mendigo com seus monótonos Pater e Ave Maria. Eu não sei mais
falar.
Todavia, agora, creio ter encerrado o relato de meu inferno. Era, não
há negar, o inferno; o antigo, aquele cujas portas o filho do homem
descerrou. Do mesmo deserto, na mesma noite, meus olhos sempre
cansados se voltam para a estrela de prata, sempre, sem que os Reis
da vida, se comovam, os três magos, o coração, a alma, o espírito.
Quando iremos enfim, para além das praias e das montanhas, saudar
o nascimento do trabalho novo, da sabedoria nova, a fuga dos
tiranos e dos demônios, o desaparecimento da superstição; quando
iremos adorar - os primeiros! - a Natividade sobre a terra?
O canto dos céus, a marcha dos povos! Escravos, não amaldiçoemos a vida.


By Artur Rimbaud

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