A INFINITA ORELHA DE VAN GOGH

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19:01
Quadro de Vincent Van Gogh



Na solidão eu não encontro silencio.
Ela é como um grito
Feito numa pintura intima e recipocra
Onde pequenas crianças dançam com as nuvens,
Estou girando em partes desesticuladas
Uns véus de pensamentos tempestuosos rodeiam,
O equilíbrio é um pedaço de poema escondido de mim,
Ponho as mãos na cabeça para sentir o calor da alma,
Ha uma chuva lá fora que me persegue,
Estou calmo como os trovoes inalcançáveis,
Penso naquele olhar
Como o nascimento de um oceano sublime,
Passeio com asas pelas ruas,
Logo estou sem elas flutuando,
Meu coração é um descompasso sinfônico
Na aurora da hora exata desse poema,
Meus pensamentos são longas peças teatrais no crepúsculo,
Onde desejei vencer o medo do fracasso
Segurando nas mãos do sentir,
Não ha verdade absoluta no poema, há verdade intima,
Sinto o cansaço das relações supremas comigo mesmo,
Sinto a febre da impaciência transcendente,
Sinto a gota de água como se fosse uma represa indomável,
Disseram-me que a alma esta onde o pensamento esta,
Pois estou dentro de mim agora,
Quero beber da minha própria alma
E dá vida a vida que vem fora de mim,
As pequenas conversações
Entrelaçadas no alvoroço das ruas revelam-me o segredo:
Que faço parte das constelações.
Cada visita ao irreparável lago das almas de cores diversas
Eu toco nos rostos do ser real, a natureza,
Será que o homem deveria conhecer a si mesmo antes de amar?
Um pedaço da minha alma quer te mover pelos universos inteiros
A outra quer te acompanhar, como posso?
Quero engolir os meteoros e me tornar um viajante dos sentidos,
Quero ser levado pelas nuvens e depois fazer parte da chuva
Que se tornará o cenário para o baile do tempo
E dos amantes invisíveis
Ou inspiração para os poetas ensopados de si mesmos,
Como posso descrever num poema a mim mesmo
Sendo a existência o inicio de tudo?
Olho para fora e não ha mais chuva, mas ainda a ouço,
Ainda a gesticulo em meus versos revoltosos,
Ainda corto a orelha desse poema
Como quem quer expulsar de si
Uma infinitude se não-sensaçoes,
Talvez tenha chegado a hora de mergulhar em todos os mundos,
Todas as formas de vida,
Todos os atos de amor supremo,
Sujos e cristalinos
Eterno e limitados
Leis da razão e da abstração,
Minha alma gira-me por dentro
E faz-me olhar o horizonte a cada dia
E descobrir um poema em cada canto dos quatro cantos,
Então Fundo novo cidades,
Busco novas estrelas e guardo-as por alguns segundos
E depois as solto para iluminar novos caminhos do mundo,
Não há nada mais doloroso do que não sentir nada,
Então não sinto a dor suprema
Por que eu sinto tudo inesgotavelmente,
Como um sol eu procuro todos os cantos possíveis
E penetro em todas as direções dos meus sentidos
Mesmo contra as fortes nuvens negras da tristeza e melancolia,
Praticar o maior golpe contra si mesmo e não permitir-se sentir
É estar oco perante o todo
É mergulhar num mar e sobreviver
Mas não aceitar a própria sobrevivência
E agir como se a vida fosse
Um lugar indesejável e impossível de viver,
O impossível me atrai como um quadro
Que não consigo pintar mesmo se pudesse,
O impossível é uma poesia que não precisa ser escrita
E sim sentida para poder escrever suas sensações e não explica-las,
O maior gesto é o gesto do sonho
Que faz o outro sonhar e da música aos sentidos,
Longe do sonho o homem se afasta dele mesmo
Para só trabalhar sem sentido,
Para só observar a existência passando
Na sua janela intima impressionista,
O ser sem o sonho não é uma poesia
É um objeto que cumpre com honra seu dever,
O ser, com sonho, alem de cumprir seu dever;
Cumpre o seu dever para com sua alma,
O de sonhar e sentir o sonho da poesia.




By: João Leno Lima

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