Arquivo UFO

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A França se transformou em 2007 no primeiro país do mundo a publicar na internet os arquivos de seu grupo de cientistas dedicados à busca de OVNI’s e à pesquisa de fenômenos aeroespaciais não identificados, informou a agência de notícias EFE no final do março último. O Grupo de Estudos e Informações de Fenômenos Aeroespaciais Não-Identificados (Geipan), sediado em Paris, abriu a publicamente, pela primeira vez, a sua documentação considerada até então como segredo de Estado e segurança nacional – e faz isso porque permanecer no silêncio, diante de “tantas evidências acumuladas” em seu acervo, foi classificado como “irresponsabilidade científica, divulgou reportagem da Revista Isto É publicada na edição de 18 de abril e divulgada na Internet no dia 15 de abril.
Conforme a reportagem, nunca os relatos sobre supostos objetos voadores não identificados (óvnis) e seus tripulantes foram bancados de forma oficial por um governo como fazem agora as autoridades francesas. Ao todo são 400 depoimentos de eventuais casos de aparição de ETs, todos minuciosamente investigados ao longo dos últimos 30 anos e que se acumulam em cerca de 200 mil páginas – os depoimentos destacados com exclusividade nessa reportagem, com indicação de local e ano, integram esse calhamaço.Os 1.600 casos analisados pelo Grupo de Estudo e de Informação sobre Fenômenos Aeroespaciais Não Identificados (Geipan, sigla em francês) serão paulatinamente publicados na rede e poderão ser consultados por qualquer um. Embora o grupo não existisse até a década de 70, o primeiro testemunho do tipo foi recolhido na França em 1937.Como aperitivo, os aficionados e especialistas poderão ter acesso a 400 casos por meio da página do Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES), do qual depende o Geipan. O restante dos dados, incluindo seis mil testemunhos e três mil interrogatórios, serão publicados oportunamente. No total, cerca de 100 mil páginas estarão à disposição do público.
Ali, podem ser encontradas as investigações, os dados e as provas dos casos estudados pelo grupo de cientistas que, em muitas ocasiões, teve que concluir que se tratava de fenômenos inexplicáveis. "Não se deve esperar de nossos arquivos revelações, mas esperamos que sirvam aos cientistas, e que o fenômeno dos OVNI’s se transforme, finalmente, em um objeto de estudo como qualquer outro", explicou o atual responsável pelo Geipan.Alguns casos serão representam paradigmas na história da busca de OVNI’s, como o avistado pelos membros da tripulação de um vôo francês. Um objeto que descreveram como algo em forma de lentilha, com cerca de 200 a 300 metros de diâmetro foi claramente visto perto de Paris pelo piloto, o co-piloto e outro membro da tripulação de um vôo da Air France que ia de Nice a Londres, em 28 de janeiro de 1994.
Os radares do Exército francês também detectaram seu rastro, o que levou os especialistas a considerá-lo um OVNI, por não encontrarem outra explicação razoável.Também não encontraram explicação científica para o relato de um pedreiro aposentado que assegurou que, em 1981, viu pousar, perto de seu jardim, uma espécie de disco voador de cerca de 2,5 metros de diâmetro. Quando os cientistas foram investigar o caso, encontraram provas incompreensíveis: o lugar no qual supostamente aterrissou a nave espacial apresentava restos de terra que, segundo os laboratórios consultados, tinha sido submetida a temperaturas em torno de 600°C e tinha suportado um objeto de entre 500 e 700 quilos.
Além disso, a análise dos pés de alfafa que estavam perto do lugar revelou que os vegetais sofriam um enfraquecimento no processo de fotossíntese que os botânicos só puderam explicar como conseqüência de contato com um campo elétrico intenso. Provas suficientes para qualificar o caso como inexplicável. De acordo com o site do jornal americano Los Angeles Times, em três horas de operação o servidor da agência e seu site principal (cnes.fr) saíram do ar.
Foi ficando cada vez mais comum dizermos a frase eles estão chegando quando nos referimos a seres extraterrestres – cinema e literatura alimentam-nos a imaginação. Numa boa mesa de bar, quem já não divagou em conversas sobre a existência ou não existência de ETs? Na semana passada, esse tema voltou a ser assunto, só que estampado nos principais jornais de todo o mundo. “Eu não conseguia acreditar, jamais vira algo parecido com aquilo. Pensei em guardar o segredo comigo para não passar por louco. Mas decidi contar. Acho que estamos sendo observados por seres altamente evoluídos.” Esse é o relato de um comandante de vôo da Air France (o governo não revela nomes de depoentes), que no dia 28 de janeiro de 1994, numa viagem de Nice a Londres, deparou com o que diz inimaginável: um grande disco marrom-avermelhado cuja forma mudava constantemente e voltava ao formato original. Delírio? Não.
Em terra, controladores da torre de comando, perplexos com o surgimento repentino e inexplicável dessa “coisa” à esquerda da aeronave, esgoelavam para que o comandante fosse prudente. Viagem no tempo“Estamos, felizmente, rompendo agora as barreiras jurídicas e também o medo que nos impedia de abrir o arquivo. Queremos mostrar que o assunto deve ser tratado com seriedade”, diz o diretor do Geipan, Jacques Patenet. Nesse arquivo há fotos, vídeos, mapas e desenhos fornecidos pelas testemunhas desses fenômenos (como se fossem retratos falados). Há também explicações do que aconteceu, a maioria delas atestando que os fatos continuam, sob a ótica da física e da astronomia, como “incógnitas científicas”. “Muitas nações têm programas oficiais de pesquisas ufológicas, mas nunca se admitiu isso, tampouco houve a iniciativa de expor os arquivos à sociedade. A França deu um passo decisivo para a opinião pública mundial encarar essa questão”, disse a ISTOÉ o internacionalmente conceituado ufólogo e químico brasileiro Ademar Gevaerd, que há duas décadas estuda o assunto em 39 países. Para ele, o universo está repleto de civilizações avançadas, com emprego de tecnologias ainda por nós desconhecidas. “No arquivo francês existem desenhos que mostram qual a trajetória de vôo adotada pelas naves. Os discos voadores utilizam meios de navegação e propulsão que nem imaginamos”, diz ele. Os anos de estudo e a intensa pesquisa levaram Gevaerd à conclusão de que os seres extraterrestres podem manipular simultaneamente espaço e tempo: “A distância entre um planeta e outro é imensa.
É evidente que esses ETs não viajam através do espaço, mas sim através do tempo. Estão muito à frente de nós.” Garagem de ETsA especulação sobre possíveis programas secretos governamentais criados para investigar seres extraterrestres também estourou em todo o mundo, nos últimos dias, com as incisivas declarações do físico nuclear americano Robert Lazar. Ele afirma ter trabalhado de 1988 a 1989 na famosa Área 51, base secreta americana localizada a 190 quilômetros a noroeste de Las Vegas, no deserto de Nevada. Segundo Lazar, essa região (que não consta dos mapas oficiais de Nevada) tem esse nome pelo fato de os EUA serem divididos em 50 Estados e esse local, com área equivalente à da Suíça, seria uma espécie de 51º Estado. Nele haveria um complexo subterrâneo que já cumpriu a função de “garagem” para naves alienígenas. “Quando fui trabalhar lá não sabia do que se tratava. Eu e outros 22 engenheiros estudávamos o sistema de propulsão das naves e a princípio pensei estar lidando com uma tecnologia terrestre altamente desenvolvida. Conforme fui analisando as máquinas, notei que aquilo não tinha sido feito por um ser humano. Ainda não temos tanto conhecimento”, diz ele. Lazar assegura que suas suspeitas se confirmaram quando encontrou um memorando no qual havia muitas informações, segundo ele, sobre a presença de óvnis. “Fiquei impressionado com o que li.
Falava sobre a existência de seres cinzas com grandes cabeças calvas, que vieram da galáxia Zeta Reticuli. Também estava citado um incidente ocorrido em 1979, em que os alienígenas mataram militares e cientistas da base”, diz Lazar. Recentemente questionado sobre essas revelações, o Departamento de Defesa dos EUA, oficialmente, não admitiu, mas também não negou o funcionamento da Área 51. Já a Nasa prefere não se manifestar.Fatos e fraudesOs relatos agora divulgados pelo governo francês também evidenciam que, se o assunto não deve ser ignorado, também há fraudes que devem ser desmascaradas. “Há casos que não passam de invenções e de mentiras”, diz Patenet. “Mas também temos evidências de pouso de óvnis na Terra e é preciso ter critério para distinguir ciência e fraude.
Para isso, é necessário apurar tudo.” É isso que o Grupo de Estudos e Informações de Fenômenos Aeroespaciais Não-Identificados vem fazendo. Com a iniciativa do governo da França, inicia-se assim um novo ciclo para pesquisas referentes à ufologia. Mais: daqui para a frente haverá menos mistério e menos temor acerca desse assunto porque, certamente, virão a público novos relatos em outros países. Talvez o homem não seja mesmo o único ser inteligente a habitar o espaço, mas para se decifrar essa questão é preciso que as informações não sejam escondidas – o que não significa fazer delas sensacionalismo nem deixar de analisá-las com critério. Esse é o mérito do Geipan na França, conclui a reportagem da Revista Isto É.

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A LOGICA INVISIVEL

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23:32



a logica absurda da poesia é sentir.
odeio a lógica mas amo o absurdo,
crio enigmas que serão desvendados só por mim,
a chuva acida de sonhos pela metade me fabrica,
goles de venenos subconscientes esfaqueia-me por dentro,
confesso que já decidi viver e não apenas existir,
apertarei o botão de autodestruição na hora vestical,
abismos abstratos percorrem o interior
dos meus olhos causando lagrimas
que so serão sentidas quando eu mergulhar em mim mesmo
escrevo agora sob o efeitos de cacos de vidros
formando a tez da madrugada.,
qual a lógica da tua alma e qual tua simetria?
se eu quisesse desvendar teu corpo
viajairia ate os confins procurando
rastros de finitas nuvens de desejos,
de qualquer formas as formas descritivas
nao cabem na memória soterrada de verdades,
o mundo dorme enquanto sonhamos acordados,
somos estranhos anjos poetas
nos versos infernais da cidade caótica,
caminhamos invisíveis pelo horror
pos-sonho e adentramos
com tubos de pura matemática
os números acorrentados no chão invulnerável,
sentimos a dor infitessima dor de ser
nós mesmo perante o mundo,
o mundo se ressente por termos o nosso próprio mundo,
ele quer nos alcançar não sendo ele mesmo,
quando nuvens de pensamentos
me carca gritando tempestuosidades
e soprando violentamente as paginas da poesia para longe
eu mergulho nela e não fujo,
termino poema como começo, sentindo por completo.
mesmo assim, o fracasso é um satélite
que paira nos meus ombros e observa-me sutilmente,
ilumindando meu mundo com cores crepusculares
e de aurora com tons feitos de noites oblíquos
e madrugadas que vagam solitárias a procura de companhia,
a solidao mais cheia de companhias solitárias é a solidão de si mesmo,
personagens caminham pela noite
e se arrastam com medo da manha
como seu houvesse um grande abismo a baixo das horas,
no diálogo espacial com meu amigo
as vezes estou do outro lado da conversa observando-me,
sou aquela fantasma que assusta-me,
a inquietude é como um vulcão
no centro gravitacional do meu coração desconsolado
meu grito nao é nem de liberdade nem de desespero
é um grito de quem engoliu o infinito.



By: João Leno Lima

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Entrevista com David Lynch

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18:38

entrevista de um dos mestres do cinema moderno, com sua lógica do absurdo e abstratas dimensões oniricas torna o encontro com a arte filmada de David Lynch, obrigatória.



Muitas pessoas acreditam que seus filmes seguem a lógica dos sonhos. Mas você escreve no livro que é muito raro tirar idéias de algum sonho para um filme.


Lynch: É verdade, eu quase nunca tiro idéias dos sonhos que tenho dormindo. Mas sonhar acordado é uma outra coisa. É uma forma ótima de ter idéias. O desejo é a isca. Se você deseja enquanto está sonhando acordado, as idéias vêm à sua mente. Você pode não gostar delas, mas outras virão. Você pode estar sentado em uma cadeira, pode estar andando ou almoçando num restaurante. Uma pequena coisa pode engatilhá-la. Daí você precisa botar no papel. Diga a todos: sempre escreva as idéias pelas quais você se apaixona, porque você não pode esquecê-las.


Como foi a experiência de trabalhar na TV com Twin Peaks? O tempo mais longo da série em relação a um filme permite um fluxo melhor das idéias?


Lynch: Sim, contar uma história numa série é emocionante, porque as idéias não precisam ser concluídas de forma tão rápida como em um longa-metragem. O problema é que a TV consome demais o seu tempo. Em um ponto de Twin Peaks, eu parei de escrever e de me envolver com a série. E daí deixou de ser divertido. Eu filmei o longa Coração selvagem [1990] em meio à série. Não é a forma certa de fazer as coisas. Você tem que estar envolvido o tempo todo, estar dentro do processo, sentir o trabalho.


No livro, você conta que estava obcecado com o julgamento de O.J. Simpson durante a filmagem de A estrada perdida, e que isso se refletiu no filme (como Simpson, o protagonista teria sofrido uma “fuga psicogênica”, em que sua mente se ilude para não pensar no horror cometido). Você parece um artista mais voltado para seu interior do que para o mundo externo. Foi uma surpresa saber que você acompanhava um fato tão mundano como o julgamento de Simpson. De que forma você acompanha questões urgentes do dia-a-dia, como as eleições americanas, por exemplo?


Lynch: Antes de responder, tenho que dizer que vou votar em Barack Obama... Bom, eu sempre fico obcecado por certas coisas, e o julgamento de O.J. Simpson foi uma delas. Eu costumo dizer que seres humanos são como detetives, nós pensamos no mundo como eles. Pistas dispersas vêm de todos os lugares, TV, rádio, revistas, e nós tentamos usá-las para desvendar o grande quadro.



História real (1999) é um trabalho de encomenda, com uma narrativa muito mais linear que a maioria de seus filmes, embora ainda tenha várias marcas de sua obra. Foi mais difícil trabalhar dessa forma, já que essa não é a maneira como sua cabeça geralmente funciona? Você acha que Hollywood tornou-se linear e óbvia em excesso?


Lynch: Com certeza. Mas talvez tenha sido sempre assim. Eu costumo dizer que História real é meu filme mais experimental, porque há uma emoção que eu tentei tirar da narrativa, mas poucos elementos se movimentando para isso. Essa história de uma pessoa na tela chorar, mas o sentimento não se traduzir para o espectador... É delicado, arriscado. Mas às vezes uma pessoa ri na tela e todos vão junto. É uma mágica. Como acontece? Não sei. Por isso digo que esse é um filme experimental.


Cidade dos sonhos tem uma visão dura de Hollywood. De certa forma, o filme compara os produtores com mafiosos. Isso reflete sua opinião sobre Hollywood?


Lynch: Essa é sua visão do filme. Não há uma maneira de um único filme representar toda a Hollywood. É sempre uma pequena fatia de algo. Como acontece com meu filme preferido, Crepúsculo dos deuses [1950], de Billy Wilder, que captura o sentimento de Hollywood em uma época específica.


Você diz que não há só uma Hollywood. E, observando a vista do seu estúdio, dá para entender por que você gosta daqui como um espaço geográfico. Mas como é sua relação com os estúdios?


Lynch: Eu nunca trabalharia em um estúdio. Apesar de sabermos que essa é uma cidadecheia de absurdos, certas coisas podem ser muito dolorosas. Mas há algo de mágico em Hollywood também: ela é sempre a mesma, mas está sempre mudando.Se você quer sobreviver, é melhor encontrar o balanço no sucesso e no fracasso. Aí você estará OK.


Muitos espectadores tentaram decifrar quais partes de Cidade dos sonhos eram pesadelo, imaginação ou realidade. Você considera esse tipo de interpretação válida ou preferia que as pessoas simplesmente aceitassem o mistério do filme? Por que você sempre se recusa a explicar seu trabalho ou a gravar faixas de comentários para seus DVDs?


Lynch: É perfeitamente normal tentar fazer qualquer interpretação do filme. A razão pela qual eu não falo sobre meus filmes é que o que eu tenho a dizer realmente não importa. Sou apenas mais uma pessoa. Se disser algo, é o que representa para mim. Eu não quero estragar as interpretações de ninguém. É importante tentar manter o filme o mais puro possível.Ele leva muito tempo para ser feito. Depois que está concluído, nada deve ser adicionado, nada deve ser tirado.


No livro, você diz que não faz idéia do que a caixa e a chave representam em Cidade dos sonhos. É verdade?


Eu sei o que é para mim. Mas não quero arruinar a visão das outras pessoas sobre o assunto.


Depois das experiências com vídeo digital em Império dos sonhos, para onde vai sua carreira no cinema?


Lynch: Não sei. Estou fazendo um documentário sobre a turnê que fiz por 50 países falando de meditação e paz. Quando terminar, verei o que acontece. Quero saber aonde as coisas estão indo, porque o cinema não é mais o mesmo. Onde um filme será exibido? Que mundo será esse? Eu estou em uma fase de contemplação.


Vou mencionar dois fatos que podem ter te deixado com raiva de Hollywood em diferentes épocas e você me diz se a meditação ajudou a superá-los: o primeiro foi não ter o corte final de Duna (1984) e o outro foi não ter encontrado distribuidor americano para Império dos sonhos (2006).


Lynch: Foi uma tristeza e um pesadelo não ter o corte final de Duna. Eu sabia, intelectualmente, que não deveria aceitar isso. E, assim que topei, percebi que estava me vendendo. Mas não haveria um corte do qual eu me orgulharia, porque comecei a me vender já na fase do roteiro. Sabendo que [o produtor] Dino [De Laurentiis] pensava de um jeito, eu tentei conseguir tudo que queria dele, mas certas coisas eu sabia que não ia conseguir, elas saíram do caminho. No fim do processo, eu estava destruído internamente. Porque o filme sempre sou eu. Eu me identifico tanto com meu trabalho que, se ele é ferido, eu também saio machucado. Eu juro: se eu não estivesse meditando, algo muito ruim teria acontecido comigo.


Como tentar se matar?


Lynch: Ou isso ou ter ficado muito, muito doente. Eu não podia suportar. Mas, de alguma forma, vi que ia passar. Não foi divertido, mas eu aprendi uma lição e superei. Com Império dos sonhos, foi bem diferente. Se você faz um filme no qual realmente acredita e ele não vai bem no mercado, você pode viver com isso facilmente. Se você faz um filme como Duna, no qual não acredita, e ele ainda fracassa, você morre duas vezes. Império dos sonhos é um filme que me levou a lugares lindos, a uma promessa de futuro. Eu amo o filme, então não me importa se ele foi bem ou não no mercado. Além disso, ele foi lançado em uma época que o cinema está mudando radicalmente, como a música. Os lançamentos em salas de cinema raramente se pagam, o DVD também está em crise, tudo acaba desaguando na internet. Império dos sonhos foi pego no meio dessa transição. Além disso, claro, é um filme com três horas de duração que quase ninguém entende. Mas há pessoas que amam o filme. E eu sou uma delas.



Você sempre foi um defensor dos experimentos visuais na internet. E, depois da experiência com o vídeo digital em Império dos sonhos, declarou que a película está morta. A sala de cinema também está em vias de extinção?


Lynch: Está e não está. Há algo sobre uma sala de cinema e uma experiência compartilhada que eu não vejo muito como pode morrer. Mas acho que o cinema vai se tornar cada vez mais uma arena de eventos. Vai ser difícil para as pequenas salas sobreviver. Também acho que os centros de entretenimento caseiros vão se tornar cada vez melhores. Eu acredito que ver um filme é um evento sagrado. Não posso dizer às pessoas o que fazer, mas acho que a luz deve estar baixa, não deve haver interrupções, o som deve ser incrível e a tela a maior possível, para que você tenha a chance de ir para outro mundo. Eu tenho um home theater, e os DVDs ficam lindos nele. Se a imagem está definida demais, você pode tirar um pouco do foco e ter uma grande experiência.


Você continua freqüentando o cinema? Que filmes recentes lhe agradaram?


Eu gostei de Onde os fracos não têm vez, dos irmãos Coen, com exceção do fim. Assim que o herói foi morto, o que nós nem vimos acontecer, eu saí completamente do filme, não me importei com nada do que veio depois.


Como foi sua infância? Você identifica algo naquele período de sua vida que ajuda a explicar o cineasta que você se tornou?


Lynch: Tudo que você assimila quando criança é importante. Meu pai era um pesquisador do Departamento de Agricultura. Ele cresceu em Montana e amava árvores de uma maneira que você não pode imaginar. Ele me levava de tempos em tempos à floresta. E eu continuo indo hoje. Amo as árvores do Noroeste americano, principalmente o pinho. Já a minha mãe cresceu no Brooklyn. Quando eu era pequeno, era comum sair desse clima de floresta do Noroeste para Nova York. E esse contraste violento impressiona uma criança. No Brooklyn, eu sentia uma incrível tensão no ar, violência, medo. Já a floresta eu achava amigavelmente misteriosa. Você podia sentar, ouvir e olhar por horas. Parecia que não acontecia muita coisa, mas era mágico. Não há nada como a natureza.


Você era considerado uma criança excêntrica?


Não. Na verdade, eu nunca tive uma idéia original até eu chegar a 19, 20 anos.E qual foi essa idéia?Não me lembro. Mas me recordo de pensar algo que era mais meu do que de qualquer outra pessoa. Era algo relacionado ao meu trabalho como pintor.


Quando você descobriu que a pintura não seria suficiente para você?


Lynch: Não é que não era suficiente. Eu amava e ainda amo a pintura. O que aconteceu foi o seguinte: eu acabei indo estudar na Pennsylvania Academy of Fine Arts, na Filadélfia. Eu nunca quis pisar na Filadélfia. Mas eu estava lá. E foi um grande lugar para mim, porque os alunos eram pintores sérios, e nós inspiramos uns aos outros. Eu tinha um cubículo em um grande estúdio na escola. E estava lá fazendo uma pintura de um jardim à noite. Eu estava olhando para a pintura e de dentro dela veio um vento que moveu as plantas. Eu pensei: uma pintura em movimento! Havia um concurso de pintura experimental no fim de cada ano. E decidi fazer justamente uma pintura em movimento, um filme com um loop de 1 min sobre uma tela esculpida, com um barulho de sirene ao fundo. Chamava-se Seis homens ficando doentes. Ganhei o primeiro prêmio. E esse foi meu começo no cinema.


Logo depois da escola de arte, você começou a filmar Eraserhead e a praticar meditação transcendental. No livro, você conta que foi uma época turbulenta em sua vida pessoal, e o filme reflete o conflito do protagonista com a idéia de casamento e da paternidade. A meditação também ajudou nessas questões íntimas?

Lynch: Eu me casei e me separei três vezes. Então você pode dizer que tenho problemas no departamento matrimonial. Mas, na minha cabeça, as coisas mudaram. Os eventos na sua vida podem permanecer basicamente os mesmos quando você começa a meditar, mas a maneira como você os enfrenta certamente melhora com o tempo. As relações melhoram. Mesmo as relações estremecidas. Os problemas continuam lá, mas há uma gentileza e uma compreensão maiores pela outra pessoa. Tudo pode estar desmoronando, mas isso não vai mais matar as duas pessoas.


É verdade a história de que, ao ser apresentado à atriz Isabella Rossellini (que depois se tornaria sua namorada por quatro anos), você teria comentado: “Você poderia ser a filha de Ingrid Bergman!” (sem saber que, na verdade, Isabella é realmente filha de Ingrid com o cineasta Roberto Rossellini)?



Lynch: História verdadeira. Eu estava com outras três pessoas. A gente foi apresentado em um restaurante de Nova York. Eu estou lá sentado e olhando para Isabella. Daí fiz aquele comentário. A outra garota na mesa me olhou como se eu fosse um idiota. Mas a Isabella levou na boa.


E quanto à história de que você teria sido convidado por George Lucas para dirigir O retorno do Jedi (1983), depois que ele viu seu trabalho em O homem elefante?


Lynch: Sim, é verdade. Mas era uma história do George. Eu apenas respondi que ele mesmo deveria dirigir.


Depois do fracasso de Duna, você se consagrou com Veludo azul, que tem muito das marcas do seu cinema posterior. Eu gostaria de saber como nasce a idéia de um filme tão peculiar como esse,de entender um pouco seu processo de criação.


Lynch: Quando Bobby Vinton gravou a música “Blue Velvet”, eu não gostei muito. Não era rock’n’roll. Mas, quando a ouvi de novo anos depois, ela despertou algo em mim. Ela tinha o clima do que o filme se tornaria. Eu escutei a música e pensei em gramados verdes de noite, lábios vermelhos e um carro. Isso foi o começo. O filme nunca aparece para mim de uma só vez, ele vem em fragmentos. Esses foram os primeiros.



Entrevista cedida a resvista Trip, em seu estúdio em Los Angeles, em 18 de julho, 2008

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Phoenix confirma existência de água em Marte

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A Nasa (agência espacial americana) anunciou nesta quinta-feira que testes de laboratório realizados por sua sonda espacial Phoenix confirmaram a existência de água em Marte.
Há anos os cientistas sabiam que havia gelo em Marte. Phoenix foi enviada para o quarto planeta do Sistema Solar para estabelecer se se tratava de gelo formado por água, dióxido de carbono ou outro tipo de substância.
A amostra de gelo foi recolhida na quarta-feira pelo braço robótico de Phoenix e depositada em um instrumento que identifica vapores produzidos pelo aquecimento do material.
"Nós temos água", disse William Boynton, da Universidade do Arizona, responsável pelo analisador termal da Phoenix. "Nós vimos indícios desta água congelada antes em observações feitas pela nave Mars Odyssey e em fragmentos que se diluíram aos serem observados pela Phoenix no mês passado, mas esta foi a primeira vez que água marciana foi tocada e testada."
A amostra de solo foi extraída de uma perfuração de aproximadamente cinco centímetros no solo. Neste ponto, o braço robótico deparou com uma camada dura de material congelado.
'Surpresas'
O material foi exposto por dois dias e parte da água na amostra começou a evaporar, tornando o solo mais fácil de manipular.
"Marte está nos trazendo algumas surpresas", disse o principal investigador da missão, Peter Smith, da Universidade de Arizona.
Apesar do entusiasmo, os pesquisadores mantém alguma cautela. Segundo eles, a constatação não prova que o gelo existia na forma líquida na superfície do planeta, ou que as condições em Marte alguma vez tenham sido favoráveis a isso. Serão necessários mais testes para verificar isso.
Os pesquisadores precisam verificar se água congelada já derreteu alguma vez o suficiente para estar disponível para a sustentação de vida e se substâncias com carbono e outras matérias-primas para a vida estão presentes.
Os resultados obtidos por Phoenix levaram ainda a Nasa a estender sua missão, que terminaria em agosto.
Agora a sonda, que desceu no superfície marciana em 25 de maio, vai prosseguir com suas observações em solo marciano até 30 de setembro.


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