“TERRORISMO LEGAL”

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Por fábio de oliveira ribeiro

 

 

É preciso ler com cuidado e ver com atenção.

Nos últimos dias está ocorrendo uma avalanche de informação distorcida para justificar a execução de Osama Bin Laden.

A imprensa brasileira chama Bin Laden de “terrorista”, mas raramente lembra que ele foi chamado de “mujarredin” e “guerreiro da liberdade” no tempo em que, sob as bençãos dos EUA e com dinheiro da CIA, ele atuava contra os russos no Afeganistão.

Os soldados norte-americanos que o mataram desarmado são chamados de “Comando” e “Seals”. A Lei Internacional proíbe expressamente a execução de prisioneiros. A violação do espaço aéreo de um país soberano também é proibida exceto em dois casos: autorização válida da ONU e realização de operações militares em caso de ataque militar injusto e não autorizado pela ONU. O Paquistão é aliado dos EUA e não ameaçou militarmente o território norte-americano. Portanto, os soldados gringos que caçaram e executaram Osama violaram a Lei Internacional e poderiam ser chamados de “foras-da-lei”, “criminosos”, “pistoleiros” ou “terroristas”.

A televisão brasileira tem repetido insistentemente as imagens do 11 de setembro, de Obama visitando o Marco Zero e dizendo que os norte-americanos mortos não serão esquecidos. Não são mostradas imagens do ataque dos Marines aos civis em Faluja ou dos bombardeios norte-americanos a civis no Afeganistão. Os bebês iraquianos e afegãos que nasceram deformados em razão da contaminação provocada pelas toneladas de projéteis com urânio usados por Tanques de Guerra norte-americanos na região simplesmente não existem para o telejornalismo brasileiro  http://www.lefigaro.fr/international/2010/12/31/01003-20101231ARTFIG00574-bebes-malformes-en-irak-l-armee-us-pointee-du-doigt.php. As mortes violentas no Oriente Médio provocadas pelas operações militares dos EUA ou em razão da resistência às mesmas são imensas e superam em muito os mortos de 11 de setembro  http://www.iraqbodycount.org/database/ e  http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2010/jul/04/afghanistan-body-count-civilian-deaths . Mas nada disto parece importar no momento.

Tudo bem pesado, podemos concluir que muitos jornalistas e telejornalistas brasileiros estão empenhados em construir uma “imagem da guerra” amplamente favorável aos norte-americanos. Os veículos de comunicação brasileiros valorizam excessivamente a dor dos gringos por causa do 11 de setembro e a culpa de Osama Bin Laden. Não só isto, também minimizam a dor que os próprios norte-americanos causaram aos russos durante a guerra suja de Osama como preposto dos EUA no Afeganistão num passado distante e a dor provocada pelas mortes e mutilações produzidas diretamente pelos soldados gringos no Afeganistão e no Iraque num passado mais recente.

A função dos jornais e do telejornalismo deveria ser proporcionar aos cidadãos informações indispensáveis com a devida isenção. Este é um caso em que a isenção praticamente desapareceu. A ação norte-americana contra Osama está sendo ideologicamente justificada. As graves violações à Lei Internacional e a cumplicidade da ONU estão sendo esquecidas. É assim que a sociedade brasileira está sendo conduzida a justificar a barbárie norte-americana. É assim que a barbárie norte-americana está sendo infiltrada diariamente e de maneira sorrateira nas consciências dos brasileiros.

 

 

 

MATÉRIA ORIGINAL EM>correiodobrasil

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