Serenidade

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09:38

 

De João Leno Lima

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plano secreto de Obama para armar rebeldes da Líbia

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19:31

 

por Robert Fisk

Obama pede aos sauditas uma ponte aérea com armas para Benghazi.


Desesperado para evitar o envolvimento militar dos EUA na Líbia no caso de uma luta prolongada entre o regime Kadafi e os seus opositores, os americanos pediram à Arábia Saudita que fornecesse armas aos rebeldes em Benghazi. O reino saudita, que já enfrenta um "dia da ira" proveniente do 10 por cento da comunidade muçulmana xiita, com uma proibição de todas as manifestações, até agora ainda não respondeu ao pedido altamente secreto de Washington, embora o rei Abdullah odeie pessoalmente o líder líbio, a quem tentou assassinar há pouco mais de um ano.


O pedido de Washington alinha-se com outras cooperações militares dos EUA com os sauditas. A família real em Jeddah, a qual estava profundamente envolvida no escândalo Contra durante a administração Reagan, deu apoio imediato aos esforços americanos para armar guerrilhas que combatiam o exército soviético no Afeganistão em 1980 e posteriormente – para desgosto da América – também financiou e armou o Taliban.


Mas os sauditas constituem o único aliado árabe dos EUA estrategicamente colocado e capaz de fornecer armas às guerrilhas da Líbia. A sua assistênci permitiria a Washington desmentir qualquer envolvimento militar na cadeia de fornecimento – muito embora as armas fossem americanas e pagas pelos sauditas.
Disseram aos sauditas que os oponentes de Kadafi precisam de rockets anti-tanque e morteiros como primeira prioridade para repelir ataques de blindados de Kadafi e de mísseis terra-ar para derrubar os seus caças-bombardeiros.


Os materiais poderiam chegar a Benghazi dentro de 48 horas mas precisariam ser entregues em bases aéreas na Líbia ou no aeroporto de Benghazi. Se as guerrilhas puderem então avançar para a ofensiva e assaltar as fortalezas de Kadafi na Líbia ocidental, a pressão política sobre a América e a NATO – não menor que a dos membros republicanos do Congresso – para estabelecer uma zona de interdição de voo seria reduzida.


Planeadores militares estado-unidenses já deixaram claro que uma zona desta espécie precisaria de ataques aéreos dos EUA contra o funcionamento das bases de mísseis anti-aéreos da Líbia, ainda que gravemente esgotados, portanto trazendo Washington directamente para a guerra ao lado dos opositores de Kadafi.


Durante vários dias, aviões de vigilância AWACS dos EUA têm estado a voar em torno da Líbia, fazendo contacto constante com o controle de tráfego aéreo de Malta e pedindo pormenores de padrões de voo líbios, incluindo jornadas feitas nas últimas 48 horas pelo jacto privado de Kadafi, o qual voou para a Jordânia e voltou à Líbia pouco antes do fim de semana.


Oficialmente, a NATO descreverá a presença de aviões AWACS americanos apenas como parte da sua Operation Active Endeavor pós 11/Set, a qual tem vasta autonomia para empreender medidas de contra-terrorismo na região do Médio Oriente.


Os dados dos AWACS são transferidos a todos os países da NATO sob o mandato existente da missão. Contudo, agora que Kadafi foi restabelecido como um super-terrorista no léxico ocidental, a missão da NATO pode facilmente ser utilizada para investigar alvos na Líbia se forem empreendidas operações militares activas.
O canal de televisão em inglês da Al Jazeera difundiu na noite passada gravações feitas pelo avião americano para o controle de tráfego aéreo de Malta, em que pedia informação acerca de voos líbios, especialmente o do jacto de Kadafi.


Um avião AWACS americano, matrícula número LX-N90442, podia ser ouvido a contactar a torre de controle de Malta no sábado a pedir informação acerca de um Dassault-Falcon 900 jet 5A-DCN da Líbia no seu caminho de Amman para Mitiga, o próprio aeroporto VIP de Kadafi.


Ouve-se o AWACS 07 da NATO dizer: "Tem informação acerca de um avião com a posição Squawk 2017 cerca de 85 milhas a Leste da nossa [sic]?"
O controle de tráfego aéreo de Malta responde: "Sete, isso parece ser o Falcon 900 – em nível de voo 340, com destino a Mitiga, segundo o plano de voo".


Mas a Arábia Saudita já está a enfrentar perigos de um dia de protesto coordenado pelos seus próprios cidadãos muçulmanos xiitas os quais, fortalecidos pelo levantamento xiita na ilha vizinha de Bahrain, na sexta-feira apelaram a manifestações de rua contra a família dirigente dos al-Saud.


Depois de despejar tropas e polícia de segurança no província de Qatif, na semana passada, os sauditas anunciaram uma proibição à escala nacional de todas as manifestações públicas.
Os organizadores xiitas afirmam que mais de 20 mil protestatários planeiam manifestar-se com mulheres nas linhas de frente para impedir o exército saudita de abrir fogo.


Contudo, se o governo saudita aceder ao pedido da América para enviar armas e mísseis aos rebeldes líbios, seria quase impossível para o presidente Barack Obama condenar o reino por qualquer violência contra os xiitas das províncias do Nordeste.


Portanto, no espaço de tempo de apenas umas poucas horas o despertar árabe, a exigência de democracia na África do Norte, a revolta xiita e o levantamento contra Kadafi tornaram-se embrulhados com as prioridades militares dos EUA na região.

07/Março/2011

O original encontra-se em The Independent e em http://www.countercurrents.org/fisk070311.htm

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Governo brasileiro curva-se ao imperialismo

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23:29

 

 

por PCB [*]

A vinda de Obama ao Brasil foi um gesto forte que marcou, para o Brasil e o mundo, um claro movimento de estreitamento das relações entre os governos brasileiro e norte-americano. O governo Dilma aponta para a continuidade, em nova fase, das ações de defesa dos interesses do capitalismo brasileiro no exterior.

 
A agenda midiática da visita sinaliza claramente um realinhamento do Brasil ao imperialismo norte-americano. Obama, por decisão do novo governo, foi o primeiro estadista estrangeiro a visitar o Brasil após a posse de Dilma. Mas não foi uma visita qualquer.


O governo brasileiro montou um palanque de honra e um potente amplificador para Obama falar ao mundo, em especial à América Latina, para ajudar os EUA a recuperarem sua influência política e reduzir o justo sentimento antiamericano que nutre a maioria dos povos. Nem na ditadura militar, um presidente estadunidense teve uma recepção tão espalhafatosa como a que Dilma lhe ofereceu.
Os meios de comunicação burgueses do mundo todo anunciam hoje em suas manchetes "o carinho do povo brasileiro com Obama" e a "amizade Brasil/Estados Unidos". Caiu a máscara de uma falsa esquerda que proclama a política externa brasileira como "antiimperialista".


Em verdade, o Brasil esteve três dias sob intervenção do governo ianque, que decidiu tudo, desde os acordos bilaterais a serem assinados à agenda, à segurança, à repressão a manifestações, ao itinerário, ao alojamento, às visitas e até ao cardápio de Obama. No Rio de Janeiro, a diplomacia americana e a CIA destituíram o governador e o prefeito, que queriam surfar na visita ilustre, decidindo tudo a respeito da presença de Obama na capital do Estado. Até a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, que fica na Cinelândia, foi obrigada a suspender suas atividades na sexta-feira. Foi ocupada por agentes norte-americanos e militares brasileiros para os preparativos do comício de domingo, que seria na praça em frente.


No caso da América Latina, foi um gesto de solidariedade aos EUA em sua luta contra os processos de mudança, sobretudo na Venezuela, Bolívia e no Equador e uma vista grossa ao bloqueio a Cuba Socialista e à prisão dos Cinco Heróis cubanos.
A moeda de troca para abrirmos mão de nossa soberania foi um mero aceno de apoio norte-americano à pretensão obsessiva do Estado burguês brasileiro de ocupar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, um símbolo para elevar o Brasil à categoria de potência capitalista mundial. Tudo para expandir os negócios dos grandes grupos brasileiros no mercado norte-americano e mundial.


Enganam-se os que pensam que existe contradição entre a política externa do governo Lula e a de Dilma, ambas fundamentalmente a serviço do capital. Trata-se agora de uma inflexão pragmática. Após uma fase em que o Brasil expandiu e consolidou os interesses de seus capitalistas por novos "mercados" como América Latina, África, Ásia e Oriente Médio, a tarefa principal agora é dar mais atenção aos maiores mercados do mundo, para cuja disputa segmentos da burguesia brasileira se sentem mais preparados.
Vai no mesmo sentido a vergonhosa atitude de Dilma lavar as mãos para facilitar a extradição de Cesare Battisti ao governo italiano, dirigido pelo degenerado cafetão Berlusconi, entregando um militante de esquerda na bandeja do imperialismo europeu, no exato momento em que cresce na região a resistência dos trabalhadores.


O governo brasileiro, durante os três dias em que Obama presidiu o Brasil, não fez qualquer gesto ou apelo aos EUA, sequer de caráter humanitário, pelo fim do bloqueio a Cuba, o desmonte do centro de tortura em Guantánamo, a criação do Estado Palestino, o fim da intervenção militar no Iraque e no Afeganistão.


Debochando da soberania brasileira e da nossa Constituição – que define nosso país como amante da paz mundial e da autodeterminação dos povos –, Obama ordenou os ataques militares contra a Líbia a partir do território brasileiro, exatamente em Brasília, próximo à Praça dos Três Poderes, que se ajoelharam todos diante desta humilhação ao povo brasileiro. Não se deu ao trabalho de ir à Embaixada americana, para de lá ordenar a agressão militar. Fê-lo em meio a compromissos com seus vassalos, entre os quais ministros de Estado brasileiros que se deixaram passar pelo vexame de serem revistados por agentes da CIA.


O principal objetivo da vinda de Obama ao Brasil foi lançar uma ofensiva sobre as reservas petrolíferas brasileiras do pré-sal, uma das razões da reativação da IV frota naval americana nos mares da América Latina. No caso de alguns países, o imperialismo precisa invadi-los militarmente para se apoderar de seus recursos naturais. No Brasil, bastam três dias de passagem do garoto propaganda do estado terrorista norte-americano, espalhando afagos cínicos e discursos demagógicos.


Outro objetivo importante da visita tem a ver com a licitação para a compra de aviões militares, suspensa por Dilma no início do ano, justamente para recolocar no páreo os aviões norte-americanos. Além disso, os EUA garantiram outros bons negócios na agricultura, no setor de serviços, na maior abertura do mercado brasileiro e latino-americano em geral.


Obama só foi embora fisicamente. Mas deixou aqui fincada a bandeira de seu país, no coração do governo Dilma. Cada vez fica mais claro que, no caso brasileiro, o imperialismo não é apenas um inimigo externo a combater, mas um inimigo também interno, que se entrelaçou com os setores hegemônicos da burguesia brasileira. O pacto Obama/Dilma reforça o papel do Brasil como ator coadjuvante e sócio minoritário dos interesses do imperialismo norte-americano na América Latina, como tristemente já indicava a vergonhosa liderança brasileira das tropas militares de intervenção no Haiti.


O PCB, que participou ativamente das manifestações contra a presença de Obama no Brasil, denuncia o inaudito aparato repressivo no centro do Rio de Janeiro. Repudia a repressão exercida contra ativistas políticos e se solidariza de forma militante com os companheiros presos.


Desde a época da ditadura, nunca houve tamanha repressão e restrição à liberdade de expressão e ao direito de ir e vir. No domingo, o centro do Rio de Janeiro foi cercado por tropas e equipamentos militares. Uma passeata pacífica foi encurralada por centenas de militares armados, agentes à paisana, cavalaria e tropa de choque. Nunca houve tamanho aparato militar, mobilizado pelas três esferas de governo – Federal, Estadual e Municipal –, sob o comando da CIA e do Pentágono, em clara e desavergonhada submissão ao imperialismo.


A resistência do movimento popular teve uma vitória importante: a pressão exercida levou à suspensão de um comício de Obama em praça pública, na Cinelândia, local que simboliza as lutas democráticas e da esquerda brasileira. Obama fugiu do povo e falou em local fechado para convidados escolhidos a dedo, pelo consulado americano, a nata da burguesia carioca: falsos intelectuais, empresários associados, jornalistas de aluguel, artistas globais, políticos oportunistas, deslumbrados e emergentes, enfim, uma legião de puxa-sacos que se comportaram como claque de programa de auditório de mau gosto para o chefe dos seus chefes.


Partido Comunista Brasileiro
Comitê Central – 20 de março de 2011


Esta Nota Política encontra-se em http://resistir.info/ .

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Obama representa a velha política imperialista dos EUA

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23:48

 

 

O presidente Barack Obama inicia no Brasil uma visita a três países da América Latina, e vem anunciar uma “nova etapa” nas relações dos Estados Unidos da América (EUA) com o nosso continente. Para o PCdoB, o imperialismo estadunidense não muda essencialmente a sua política com o governo Obama. As iniciativas concretas do governo estadunidense vão em sentido contrário à sua retórica e aos seus discursos.


A visita de Barack Obama é motivada por vários interesses dos EUA, mas os principais são: tentar neutralizar o Brasil e o papel recente de sua política externa independente, progressista; aumentar a assimetria, que já é grande, nas relações bilaterais nas áreas econômica, comercial e de defesa, e estimular contradições entre o Brasil e outros países como a China, na área econômica e comercial; assegurar fornecimento de energia, especialmente de petróleo da camada pré-sal; e atuar para "limpar a imagem" do imperialismo, usando o carisma de Obama e a diplomacia do "soft power" para lançar a suposta "nova política” para o Brasil e a América Latina, com discursos demagógicos no Brasil, no Chile e em El Salvador.
É compreensível e normal que governos como o da presidente Dilma Rousseff, que conta com o apoio e a participação do PCdoB, tenham relações diplomáticas com os demais países soberanos, entre eles os EUA. O presidente Lula, por duas vezes, recebeu o presidente Bush no Brasil. No entanto, os comunistas brasileiros não têm ilusões sobre o que o presidente Obama representa. Trata-se do chefe de estado e de governo da principal potência imperialista, inimiga principal dos povos de todo o mundo.


Desde a eleição de Barack Obama para a presidência, os EUA anunciaram uma “nova política” que na realidade não existe. O que há é uma nova formulação para o objetivo de tentar recuperar e ampliar a hegemonia mundial dos EUA. O que existe é uma retórica diferente, gestos simbólicos, amplificados por uma eficiente publicidade, e uma tática diferenciada em relação aos períodos dos governos de Bush pai e Bush filho, que trata de neutralizar oponentes, e envolver aliados, especialmente da Otan, para manter a liderança dos EUA mesmo diante de sua própria dificuldade para fazer frente a diversos conflitos de forma simultânea.


Não combina com a prática os discursos de Obama em defesa da paz, da democracia e dos direitos humanos. Também não há “valores em comum” que unem o povo brasileiro e o governo da presidente Dilma à política do imperialismo ianque. Por que a tortura continua na base de Guantánamo? Quantas guerras de ocupação e agressões aos povos os EUA promoveram nas últimas décadas e promovem neste exato momento? Quantas ditaduras e golpes foram e são financiados e apoiados pelos EUA, por exemplo os atuais regimes monárquicos despóticos da Arábia Saudita e do Barein, protegidos por Washington?


As novas estratégias militar e de segurança nacional dos EUA do presidente Barack Obama retoricamente prometem cooperação e multilateralismo. Na prática, todavia, mantêm o rumo de impor seus interesses pela força e pela guerra.


Os fatos contradizem a retórica. Depois de mais de dois anos de governo Obama, fica cada vez mais claro que os interesses de potência imperialista falaram mais alto que os discursos de campanha. Os EUA investirão em suas forças armadas em 2011, mesmo com os cortes recentemente anunciados, o maior orçamento desde o final da 2ª Guerra, maior que os gastos militares somados de todos os demais países do mundo.


Os EUA insistem em manter centenas de bases militares por todo o globo terrestre. Em conjunto com seus aliados europeus, alteraram o caráter da Otan, que passa agora a atuar em todos os continentes e mares.


Há uma forte presença militar estadunidense na Europa, no Oriente Médio, na Ásia e na América Latina. Os EUA e seus aliados da Otan continuam no Afeganistão e no Paquistão, prolongando uma guerra que já é mais longa que a agressão contra o Vietnã, e prorrogam a ocupação militar no Iraque. Mesmo assim não conseguem vencer a resistência nacional e popular nesses países.


Neste momento os EUA e países membros da Otan se preparam para uma intervenção militar na Líbia, após imporem no Conselho de Segurança da ONU uma resolução que torna “multilateral” a ação agressiva contra a soberania da Líbia. É preciso que as forças revolucionárias e progressistas de todos os continentes condenem toda e qualquer intervenção ou agressão militar estrangeira na Líbia, que não vai resolver o conflito, e só fará agravá-lo. No caso da guerra civil em curso na Líbia, é necessária uma solução política e pacífica para o conflito, que respeite a independência e a integridade territorial do país.


A política de Obama é contrária aos interesses do Brasil e da América Latina


Ao passo em que ascende uma tendencia geral democrática e progressista na América Latina, acentua-se o declínio da influência da hegemonia estadunidense na região. Apesar de os EUA possuirem ainda uma grande influência, esta vive um descenso diante da nova realidade política da América Latina.
Os EUA, em cada país da região, apoiam as forças de direita que defendem posições pró-imperialistas e opõem-se aos projetos de integração sul e latino-americana e aos governos democráticos, progressistas e de esquerda.


Na América Latina, os EUA recrudescem as campanhas midiáticas e as pressões contra a Revolução Cubana e as ameaças à Venezuela, considerada pelos centros de inteligência de Washington “a principal ameaça” contra os EUA nas Américas. Enquanto isso o governo colombiano segue a linha traçada pelos EUA de tornar o país uma Israel da América Latina e do Caribe, patrocina o assassinato de lideranças populares e mantém milhares de presos políticos. As correspondências diplomáticas da embaixada dos EUA no Brasil reveladas pelo site Wikileaks explicitaram o que todos já sabiam, que os EUA não desejavam a vitória da presidenta Dilma e que o candidato da direita José Serra comprometeu-se em realinhar a política externa brasileira aos interesses estadunidenses.
Entretanto, o povo brasileiro decidiu nas eleições de outubro passado que o Brasil deve seguir avançando e mantendo a sua política externa independente e soberana, latino-americanista, em defesa da paz e do direito dos povos ao desenvolvimento.


O imperialismo não está disposto a ceder poder sem opor resistência. Os EUA, surpresos com o êxito do acordo Brasil-Irã-Turquia acerca do programa nuclear iraniano, e contrariados pela política externa do governo Lula em diversos temas como na resistência aos golpistas de Honduras, fizeram de tudo para isolar o Brasil. Hillary Clinton, chanceler de Obama, comandou uma dura reação diplomática contra o Brasil.


As ações em política externa do governo Obama visam a manutenção do atual sistema de poder mundial, caracterizado pela hegemonia dos EUA, e sufocar as tendências à multipolaridade e os novos papéis internacionais que podem ter países como o Brasil.
Não se podem julgar líderes políticos como Barack Obama pela sua personalidade ou estilo, e sim pelo que representam objetivamente. Obama é o atual representante da velha e conhecida política imperialista dos EUA, que sempre foi e sempre será combatida pelos comunistas e pelos democratas, patriotas e internacionalistas no Brasil.


Renato Rabelo – Presidente Nacional do PCdoB
Ricardo Alemão Abreu – Secretário de Relações Internacionais do PCdoB

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imperialismo

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23:27

 

Mobilizemo-nos contra a guerra da NATO na Líbia

por Andrea Catone [*]

Doze anos depois da "guerra humanitária" da NATO, que em Março de 1999 começou o bombardeamento da Sérvia durante a Primavera para retrocedê-la meio século, como declarou o general Wesley Clark, as potências imperialistas fazem o mesmo com a Líbia – cem anos após a invasão italiana.


Sob o pretexto de salvar populações civis e com o selo branco de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU (10 votos, com cinco abstenções: Brasil, China, Rússia, Índia, Alemanha), fazem-se aquecer os motores dos caças Tornado. Na primeira linha, desta vez, encontram-se a França, a Inglaterra e os Estados Unidos, com Hillary Clinton prestes a igualar e a ultrapassar o empreendimento do seu esposo que bombardeou a Sérvia, apoiado pela dama de ferro Madeleine Albright.


Tal como em 1999, é também colocada em marcha a máquina infernal das mentiras mediáticas e da diabolização do "ditador" do momento para justificar a agressão militar contra um país rico em petróleo e porta para a África Central (o continente onde desde há muito as grandes potências entendem-se para uma repartição neo-colonial). Os mesmos que apregoam a urgência da guerra humanitária contra a Líbia, que dizem ser impossível adiar para amanhã, nem sequer levantaram a voz para deplorar a violência que Israel desencadeou entre Dezembro/2008 e Janeiro/2009 contra a população de Gaza, prisão a céu aberto para os palestinos, e que causou milhares de vítimas. Tão pouco preocuparam-se com a violência mortífera dos governos do Bahrein e do Iémen, ou da Arábia Saudita (um Estado que ostenta o nome de uma dinastia!) quando intervém com as suas tropas contra manifestantes. São estas mesmas petro-monarquias – dos emirados à Arábia – de mãos com os Estados Unidos, que enviam armas e tropas aos insurrectos contra Kadafi. Os quais – seja qual for a sua consciência subjectiva (dentre eles encontramos antigos ministros e altos funcionários da Jamahiriya) – são o instrumento de que se servem as forças imperialistas para por a pata sobre o país, não só pelos seus importantes recursos energéticos como também pela sua posição geográfica para o Mediterrâneo e para a África.


Nas condições concretas da Líbia, a imposição de uma "zona de exclusão aérea" implica um bombardeamento militar de grande amplitude. Como concordam numerosos peritos, o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea na Líbia deveria começar por um ataque, "neste sentido – explica o antigo chefe do Estado Maior da Aeronáutica, Leonardo Tricarico – há que neutralizar os meios anti-aéreos inimigos, ou seja, destruir os radares e os postos de mísseis. Nós temos esta capacidade dita SDAI, ou seja, 'supressão das defesas aéreas inimigas' e ela é constituída por caças Tornado, nós a utilizámos no Kosovo com os alemães e em três dias já não voava qualquer avião sérvio".


A Itália poderá por à disposição estes meios aéreos, eventualmente com os caças F-16 e Eurofither, aptos para a patrulha e a vigilância, além dos aviões Av8, de que está equipado o porta-aviões Cavour. Foi dada por adquirida a colocação à disposição das bases aéreas, em particular as do centro-sul, tanto para a redisposição dos aviões dos outros países como para a assistência logística. Os aviões-radar Awacs, por exemplo, poderiam ser dispostos em Trapan, que está equipada especialmente para este tipo de aeronaves, mas todas as bases estão aptas a acolher caças: de Grazzanise a Gioia del Colle. Poder-se-ia recorrer, em caso de necessidade, mesmo a Lampeduza ou Pantelleria. Há a seguir uma outra capacidade fundamental, lembra ainda o general Tricarico, "que tem a ver com as informações e de que a Itália está dotada: trata-se da constelação de satélites Cosmo-Skymed que está completamente operacional e que regista desempenhos superiores aos de qualquer outro sistema existente. Graças a estes satélites, pode-se ter uma representação fotográfica regular com uma definição muito alta, o que há de melhor hoje no mercado". Para estes fins, podem igualmente ser utilizados os aviões sem piloto (drones) "Predator", dotados de uma grande autonomia e que poderiam ser pilotos a partir da sua base de Amendola, nos Pouilles.


A Itália – as regiões meridionais em particular – está directamente implicada. O governo põe à disposição homens e meios, sistemas de radar e bases militares. O ministro da guerra Larussa recorda-se da estrofe "Tripoli, bela terra de mor... Tripoli será italiana ao som do canhão!" e põe à disposição sete bases militares "sem nenhum limite restritivo de intervenção". Trata-se de Amendola, Gioia del Colle, Sigonella, Aviano, Trapani, Decimomannu e Pantelleria: algumas, diz ainda Larussa, já foram pedidas pelos ingleses e pelos americanos. "Temos uma forte capacidade para neutralizar os radares hipotéticos adversários e poderíamos estar na iniciativa disso: podemos intervir de todos os modos possíveis". (La Repubblica)


Salvo algumas defecções de um lado e do outro (Liga do Norte e Itália dos Valores), todo o parlamento, governo e oposição "democrata", põe o capacete de guerra.
Bersani, secretário do Partido Democrata, põe mais lenha na fogueira: depois de ter quase corrigido a ONU por ter atrasado a decisão por alguns dias, declara que ele e seu partido estão "prontos a apoiar o papel activo da Itália. O governo sabe da nossa disponibilidade, pedimos apenas que nestas horas não haja declarações improvisadas e contraditórias. É preciso falar com os outros países disponíveis e com a NATO. Que ninguém faça de estratega, isso é grave".


O presidente Napolitano não fica atrás. Ele que deveria defender a Constituição (artigo 11: A Itália repudia a guerra como instrumento de ofensa à liberdade dos outros povos e como meio de resolução das controvérsias internacionais; consente, na condição de paridade com os demais Estados, nas limitações de soberania necessárias para regras que assegurem a paz e a justiça entre as nações; promove e apoia as organizações internacionais que tendem a este objectivo). Na sua intervenção no Teatro Regio de Turim no quadro das celebrações do 150º aniversário da Unidade da Itália – ocasião solene – ele disse: "Nas próximas horas, a Itália deverá tomar decisões difíceis, que a comprometerão na situação que se criou na Líbia.

Mas se pensarmos no que foi o Risorgimento, como grande movimento liberal e libertador, não podemos ficar indiferentes à repressão sistemática das liberdades fundamentais e dos direitos humanos em qualquer país que seja. Não podemos deixar serem destruídas, espezinhadas, as esperanças que nasceram de um Risorgimento igualmente no mundo árabe, uma coisa decisiva para o futuro do mundo... Espero que as decisões a tomar sejam portanto rodeadas do máximo consenso possível e da consciência dos valores que encarna a Itália unida e que devemos preservar por toda a parte".


Em 1911 havia decorrido meio século desde o Risorgimento. Este entrou na dança para a guerra na Líbia, com a retórica pascoliana [1] da "grande proletária que se pôs à deriva". Hoje faz-se intervencionismo – ou melhor, imperialismo – democrático e "guerra humanitária".


Ninguém menciona a única proposta internacional séria, a do presidente venezuelano Chavez e dos países progressistas latino-americanos, para uma mediação entre as partes em conflito. A paz não serve às potências que, em concorrência entre si, querem retomar "seu lugar ao sol". Esta guerra interna na Líbia foi alimentada pelas potência que hoje dizem querer trazer a paz e a democracia: aos insurrectos de Benghazi chegam armas, equipamentos e conselheiros militares das potências ocidentais. Alimenta-se a guerra civil para justificar a agressão externa. Velha história...


Contra a participação na guerra à Líbia exprimiram-se o secretário do PdCI, Oliviero Diliberto, e o do PRC, Paolo Ferrero.
Começam a mobilizar-se em diversas cidades as redes militantes contra a guerra.

20/Março/2011

(1) Referência ao poeta italiano Giovanni Pascoli (1855-1912)
[*] Director da revista italiana L'Ernesto.


O original encontra-se em solidarite-internationale-pcf.over-blog.net/...


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

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