Breve Eternidade

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11:35

me fragmento pelo espaço a procura da cura de mim mesmo.
ilusão que vaga pelas artérias das noites inconsoláveis.
folha solta que passei pela borda do absoluto
antes de ele sangrar de invisibilidades passageiras.
redemoinho de pensamento que pousa no silencio.
pesa sobre mim os segundos calmos cheios de asas.
minha memória rasga-se de fragilidade disfarçada.
atravesso mil oceanos para encontrar a mim mesmo
só depois percebe que atravessei apenas
um terço da minha própria lagrima,
o mundo samba na minha cabeça e o infinito
abraça meu coração com um calor vulcânico de transcendência,
trazendo-me de volta depois da embriagante viagem
dentro dos olhos que vagam lentamente pelas paredes das horas,
nem homem ou mulher conhece a si mesmo em sua infinitude poética?
quantas almas precisam de espelhos para saber que realmente existem:?
nada alem de tristezas nessa manhã cinza.
quanto infinitos são possíveis num só instante?
apenas quero repousar minha cabeça sobre minha própria sombra e
alcançar nuvens consoláveis,
o silencio do mundo me ensurdece,
o silencio da minha própria alma me ensurdece.
estou surdo de infinitos.
sou um fragmento de imperfeição
que desce pelos braços do destino,
minha essência poética reside numa casa de vidro,
sou aquele horizonte quer alcançar-se,
aquele poente que jamais quer deixar de ser poente,
a palavra dita mas jamais ouvida é minha alma a noite,
o verso escrito mas jamais lido
é minha alma pela manhã
uma construção de labirintos que pesa sobre minha pálpebra
cansada de destinos e acasos formando internos crepúsculos.

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15:01

Em 2007 completou dez anos o que considero uma das maiores obras de arte do século XX. E um dos melhores discos conceitual do rock em todos os tempos e vou dizer por que.
O disco Ok Computer (1997) dos ingleses do Radiohead.
Formado por cinco amigos, (Thom Yorke letra, vocal e Piano, Jonny Greenwood, Guitarra e sintetizadores e cordas, Colin Greenwood, Baixo, Ed O’ Brain, Guitarra e Shill Selwey baterista). Na cidade de Orfoxd (interior da Inglaterra), o grupo subverteu o britpop, (movimento de rock pop inglês versão anos noventa onde letras bobas, poses e holofotes eram mais importantes que a essência da musica na arte),
Com o engenheiro de som Nigel Godrich e o artista plástico Stanley Donwood em um estúdio no meio do nada no interior de Londres, a banda rompe com a estética clássica do britpop, e assina uma obra atemporal que entraria para a história do rock como um dos últimos grandes momentos dele no século. Com influência que vão de Dj Shadow e Krzstof Penderecki (compositor erudito polonês). Passando por inspirações do “Krautrock” (movimento musical anarco-progressivo alemão),
Como Faust e Can ao Jazz de Charles Minguas e Jon Coltrane,
O pós-punk soturno de Joy Division e referências literárias que vão de George Orwell e seu livro febril e político (1984), Thomas Pynchon e seu manifesto da “contracultura” (O Arco-íris da gravidade) e influências do futurismo urbano nos escritos de Philip K. Dick. A banda de Thom Yorke faz um raio X da sua geração anos 90 e o século XX como pano de fundo, a virada tecnológico, as perspectivas para o Homem contemporâneo e suas contradições nos aspectos existenciais como base.
Ok computer metaforiza sobre a idéia do computador; capaz de executar tarefas tão ou mais complexas do que homem, armazenar milhares de informações e trabalhá-la em vários níveis de problemas ao mesmo tempo e com uma precisão racional e matematicamente perfeita, mas incapaz de sentir, incapaz de amar, incapaz de chorar ou sorrir e nesse sentido o quanto temos de máquina ou quanto de humanos? Essa ambigüidade é trabalhada tendo como fio condutor a voz quase sintética, mas ao mesmo tempo teatral e lúdica de Thom Yorke. Temas como a possibilidade da morte trazendo para a vida uma nova chance e inspiração (a faixa Airbag), aonde Yorke conduzido pela “maquina” carro metaforizado que conduz Yorke sem rumo, sofre um acidente, mas ele sobrevive graças a um “Airbag”. Então ele passa a acredita que assim sua missão é salvar o universo. Yorke ironiza o homem sobrevivente e sufocado por seu materialismo psíquico que persiste em anular a si mesmo para assim dá lugar a um homem pragmático que não pode sentir a própria existência; onde sua essência está submersa em teias capitalistas e massificações do senso comum, mas esse homem para Yorke, chora internamente uma dor de sua própria inexistência, em (Paranoid Android) ele é um “andróide paranóico”.
Em (Subterranean Homesick Alien) “nostálgico alien subterrâneo”, alienígenas observam a terra e as relações humanas, Yorke reprimido, almeja ser levado pelos alies para o espaço e encontrar assim um mundo melhor. Para ele os homens estão prestes a tornar-se um alienígena dentro do seu próprio mundo, reprimido para sonhar e voltar a sua essência, o Homem só pode ser ele mesmo nos subterreneos mundos da sua subconsciência. Sufocado pelo comodismo e pela falta de perspectiva que assola sua geração pré-milenio, deixando o fim do século inseguro e tenebroso, um século marcado por duas guerras e pequenas outras; Guerra fria, nazismo, fascismo, ditaduras e contradições religiosas e éticas formaram a teias do século mais assustador da historia, o século da bomba atômica e da perpetuação filosófica do capitalismo.
Sufocado Yorke canta em (Exit Music) “música de saída”, planejando uma fuga para algum lugar nenhum enquanto ouve a máquina sussurrar no seu ouvido que isso não passa de um delírio sufocado.
Em (Let Down) desapontado consigo mesmo e com o mundo Yorke vaga pelas ruas, pelos transportes que o levam por caminhos solitários, como andar em círculos dentro de si mesmo numa das músicas mais melancólicas do álbum, Yorke sonha em ter asas, mas histérico e inútil ele se deixa vencer.
Em Karma Police, (referencia a “policia do pensamento” do livro 1984), metáfora da condição alienadora da sociedade moderna. O “Karma Police” (ideologia capitalista como modelo de pensamento). Escraviza “excluindo” da sociedade, qualquer um que queira andar fora da ordem, qualquer um que queira contrariar o “normal”. onde a palavra revolução virou moeda, onde a arte virou apenas um mero produto na prateleira, onde a utopia é apenas uma palavra que soa risonha e hipócrita, onde qualquer pensamento fora do “normal” é um mero pensamento fora do normal e se ele persistir será devorado pelos tentáculos do senso comum e da ordem absoluta, no final Yorke grita: “ufa! Por minuto eu me perdi” e perde-se em si mesmo, mas as sirenes do Karma Police o engole completamente.


Essa ordem é confessada pela voz totalmente robótica de (fitter happier) “Mais ajustado e mais feliz”.
Nela Yorke ouve as “dicas” da máquina para uma vida melhor e mais feliz, o que você precisa fazer para se adequar ao mundo moderno, agora sem revolução e desarmado você é manipulado mais facilmente e mais sutilmente. Levando-nos a caminhos distantes; a voz de Thom espragueja sobre questões políticas em (Eletioneering) “fazendo propagando política”. Onde para Yorke há um abismo entre política e ser humano conflitantemente real, O ser com sua idéia revolucionarias de estado e sociedade é minoria, governado pela maquina capitalismo só resta ao individuo lutar pela liberdade do seu próprio pensamento e o manter coerente enquanto procura encontra sentido para o mundo.
Mas um medo de se perder de vista toma conta em (Climbing Up The Walls) “subindo pelas paredes” Yorke sobe pelas paredes do seu próprio medo e desespero e se sentindo observado e perseguido, Yorke procura coerência em suas atitudes e sente um medo quase infantil de estar sozinho em meio a seus próprios fantasmas. a máquina veio para confundi-lo e fraquejá-lo.
Em (No Surprises) “sem alarmes e sem supresas”. Um piano quase de ninar faz a base para um Yorke disperso, distante de si mesmo, cansado das atitudes humanas, desgastado dessa luta interna, enquanto a sociedade apenas caminha sem alarmes, para seu próprio fim, para o esgotamento absoluto dos recursos naturais, para a degradação completa da natureza isso, sem alarmes e sem supresas.
Mas em (Lucky) “afortunado” Thom diz esta com sorte, sente que pode amar e ter um dia glorioso, seus pensamentos estão mais claros, observa a humanidade de cima, flutuando em seus sonhos, acredita que seu rumo pode mudar na musica mais cheia de esperança de um álbum escuro e áspero, com a virada tecnológica, a revolução da informática na ultima década a humanidade vem perdendo aos poucos seu espaço de trabalho e o que foi um marco na revolução industrial agora na sociedade “pós-moderna” é feitiço virando contra o próprio feiticeiro (o homem) agora é refém de seu próprio ideal materialista, aumento do desemprego, empregos alternativos, desequilíbrio social, desigualdade, é o preço capitalista, que já não vê ninguém em sua frente para detê-lo então Yorke despenca, afirma que o “chefe do estado o chama pelo nome” clama para tirá-lo do acidente aéreo, afirma que já esta na extremidade de si, síntese de uma sociedade que se viu no século XX a beira de sua extinção, a beira de um colapso político, mas que recuperando suas formas viu na década de 90 uma grande ressaca de idéias e esperança, uma década marcada por um otimismo automático, pelo movimento elétrico dos passos, pelos blocos econômicos causando em paises em desenvolvimento uma ilusão de modernidade e uma pobreza disfarçada para o bem da globalização, pela arte-objeto, efetivação da mulher no mercado de trabalho e consequentemente uma fusão com o homem no papel de maquina de fabricar dinheiro, o homem turista do seu próprio mundo sobrevive asfixiado e asfixiando,
Em (The Turist) a derradeira faixa de Ok Computer, Yorke clama que o homem vá devagar, que ele pare e pense o que significou o século XX, o que significa a própria existência dele, o que ele esta fazendo para si mesmo e o mundo, terminando Ok Computer de forma melancólica e confessional num clamor poético inalcançável, numa musica cheia de espaço vazio, quase um blues sintético, que vai morrendo aos poucos enquanto Yorke canta: “Homem devagar aí, devagar aí...”.
Ok Computer torna-se uma dos últimos sopros de arte do rock no século XX, Por ter a relevância de transformar elementos tão universais e íntimos e sintetizá-los e textualizá-los em seu discurso. Por ser uma copia fiel do seu tempo. Por captar os elementos que tornaram esse fim de século tão instigante tão escuro para as ações e o ser. Pela fusão pós-moderna de rock espacial com ambientes progressivos e música eletrônica experimental renovando assim o movimento (o rock) com originalidade e relevância, por ser tão espelho da própria humanidade na voz nos ambientes urbanos sufocantes e arrebatadores comandados por Yorke & cia. Levando o homem a questionar-se:
qual o futuro da humanidade?
E qual minha própria relevância em tudo isso?
A arte prova mais uma vez que sua relevância não se limita ao seu próprio eixo e sim que ela se expande em todos os níveis e em todos nós; que ela pode transcrever a realidade e ser um documento histórico do seu tempo e ter papel decisivo nas reflexões sobre os principais problemas e questões humanas, por mais estranho e inacessível que possa parecer, a arte, ainda prevalecerá como um das características mais significantes da essência humana.

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Desired Constellation

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14:56

nas entranhas mais profundas da alma do infinito
nasce o impossível que somos nós.
com tentáculos do mundo visível e invisível.
através de um verso eu alcanço tua alma,
cada sonho é um percurso,
flutuo abaixo das camadas sonoras das palavras,
meu corpo é levado pelas correntes de ar do absoluto
e cansa de não-transcender,
na rua escura indo para meu encontro matinal
com minha transobrigação
eu perfuro minha própria subconsciência,
cavo as paredes imaginarias,
cravo meu verso na tua pele carcomida de noites,
devoro tua lógica com pensamentos sem pensamentos,
a razão de ser é uma metáfora cheia bocas,
o dia da revolução poética será o dia que prevalecerá
a persistência da eternidade das nossas procuras,
inicio meu poema mergulhando-o no mundo,
o verso infinito alcança tua alma
e volta para mim inconsolável,
só há uma reposta para esta angustia
escrever versos infinitos interminavelmente
transformar tua alma em bilhete e entregá-los as crianças,
refugiar tua metáfora num envelope e
abandoná-la na praça inquietante,
fazer com que tuas visões poéticas
façam ligações clandestinas para as autoridades
ameaçando-as com sua própria essência poética,
fazer com que o verso mais sublime do teu poema
suba no porte e engula as caixas de sons
trazendo assim de volta a música que fará tua alma
se transformar em nuvem-sonho e sobrevoar a cidade,
transformar teu passeio na rua Cláudio Barbosa
em uma experiência cósmica inigualável,
transformar a prefeitura num museu das idéias mortas
que reencarna no congresso teatral das verdades indecifráveis,
transformar nossos olhares aleatórios em noite chuvosa
o banco da esquina em radares
procurando a nós mesmos no tempo-espaço,
transformar uma carta de amor ridícula
numa arma nuclear
que irá destruir nossa insegurança selvagem,
transformar um pequeno sonho em prioridade cotidiana,
e transformar cada gesto num poema
e cada poema num gesto com dimensões de universo
passam os dias menos minha alma,
passa as horas minha angustia oceânica
passa os segundos menos um medo indecifrável
passa as tempestades com a força vulcânica de um grito.Mas só direi o adeus a mim a mesmo na extremidade de um ultimo segundo

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Procura-se Amy ( Chasing Amy)

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14:43

Procura-se Amy do diretor indenpedente Kevin Smith do aclamado
O Balconista (Clerks), em 1994.
Trata de alguns temas que são tabus ainda em certos setores da sociedade.
A Sexualidade.A historia gira em torno de Holden McNeil e Banky Edwards (Ben Affleck, Joey Lauren em atuações inspiradíssimas) sendo que Bem Affleck de ( O Gênio Indomável e Pearl Harbor) está provavelmente na melhor atuação de sua carreira e ambos trabalham com quadrinhos (parceiros de trabalho) e estão na sua melhor fase, ate Holden conhecer Alyssa Jones (Jason Lee) que também trabalha com quadrinhos. Alternando em momentos de humor negro como o personagem Hooper X (Dwight Ewell) uma espécie de ídolo da comunidade negra nos quadrinhos mas que esconde sua homossexualidade enquanto posa de macho e antibranco para o público, as crises de relacionamentos também são expostas quando Honden começa a se envolvem com Alyssa sem ela saber que ele esta apaixonado até ficar chocado quando decobre que ela é lésbica.
Nesse momento o filme entrelaça seus diálogos afiados com cenas arrebatadoras, Kevin Smith constrói seus personagens deixando-os livres e sem amarras por paisagens cotidianas e sem maneirismo e artificialidade, como a cena que Honden e Alyssa conversando sobre suas preferências sexuais enquanto se embalam num balanço numa tarde fria, Holden apesar de ser um artista, conserva um conservadorismo quase infantil, para ele as relações entre homem e mulher são intocáveis e qualquer mudança fora do normal é absurdamente inexplicável, mas Alysse acredita que assim expandindo suas perspectiva de relacionamentos encontrará mais fácil aquela pessoa que a fará feliz independente de ser homem ou mulher. Aos poucos que o filme vai avançando ambos ficam mais próximos e mais íntimos enquanto Banky não aceita esse relacionamento amigável por justamente ela ser lésbica. Diálogos machistas e brigas vicerais e profundas formas as camadas de um filme tão esteticamente simples mas tão profundamente relevante, no meio de todo esse turbilhão do encontro de dois mundos completamente diferentes Hondel e Alysse se apaixonam, numa das cenas mais belas do filme e entre crises e o choque inicial ambos entregam-se a essa mórbida possibilidade.
Holden agora precisa conviver com esse passado enquanto Alysse abre mão do seu mundo e de sua comunidade e amigas que não aceitam sua escolha, Banky também não aceita e querendo fazer seu amigo perceber que é um relacionamento supostamente absurdo e sem futuro, o instiga a pensar sobre o passado dela e seus desejos que pode aflorar a qualquer momento, tentando assim causar dúvidas e paranóias na cabeça do seu melhor amigo e sócio mas ambos permanecem bem até Holden estragar tudo quando decobre que ele não foi o primeiro homem da vida dela.
Obcecado por ideologias cronicamente machistas que toma conta de suas ações e pensamentos, Holden revela sua insegurança, seus medos e suas razões orgulhosamente masculinas, perdendo ela aos poucos, ele se vê num beco sem saída do seu próprio orgulho e arremessado num canto de bar numa noite solitária, alternando entre um cigarro e outro recebe a visita inesperada de dois amigos que aparentemente não têm nada a acrescentar e assim ele ouve a historia de Amy, uma garota que um desses dois amigos conheceu, mas que por orgulho e infantilidade machista ele a perde e ao perdê-la descobre que essa garota era e sempre foi e será a pessoa que ele passou a vida inteira procurando. Assim, melancolicamente, ela passa o resto dos dias procurando alguém como ela alguém como Amy. Entre encontros e desencontros Kevin Smith deixa-nos mergulhado em nossos próprios conceitos e com a certeza que estamos assistindo a um filme sincero, que trata dos confusos relacionamentos da vida moderna e torna-se tão íntimo e espelho de nossa sociedade que vem aos poucos perdendo a fé nas relações humanas. Um filme obrigatório, um dos melhores filmes de Kevin e uma obra agradável que certamente fará parte da coleção de filmes indispensáveis para se assitir entes de morrer.

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