SAUDADE DA NÃO-AUSÊNCIA

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16:38
Não há espaços para serem preenchidos
e há infinitos lugares a serem percorridos.
como uma maratonista que de repente
flutua acima das embarcações perplexas.
rumo ao desconhecidamente bloco de gelo
íntimo ancorado na solidão dos desejos dissolvidos.
a distancia entre os seres numa calçada
é a mesma distancia entre dois planetas na mesma galáxia.
ambos parecem indiferentes a esse absurdo
ambos parecem dialogar dentro
da própria sombra mas não sentem a lástima da frieza pálida.
muito além dos olhares do visível o olhar do poeta
é a mão que adentra os formigueiros
dos sonhos a procura da razão atemporal.
como a criança que momentaneamente
perde o contato com a mão da mãe
e por alguns segundos cai no mar invisível...

Tenho todos os sentidos,
possuo as sensações acontecidas,
sou inteligente para entre meus fantasmas
e sábio para os medos
mas fracasso ao tentar ser aquele
que não percebe o alvoroço das ruas
e os dispersos olhares da mulher
para um lugar escondido.
por alguma razão a ausência
intransferível de Fernando Pessoa
transforma minha rua vinte de abril
numa ponte que vai do nada para o lugar nenhum
e que ignoro antes dela ruir na noite.
por alguma razão as colunas
dos sentidos desmoronam na palma da minha mão.
palavras se atrofiam e gestos
são sepultados debaixo dos passos.

Seria certo dizer que o tempo falhou mais uma vez?
que os pássaros rumaram
para os galhos envelhecidos das memórias?
que as canções petrificaram-se nos ouvidos...









06-01-2010
João Leno Lima

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PASSEIO DESCONHECIDO

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11:43



Gaviões de tempestades me arremessam numa cratera cintilante
onde quebro as pernas da minha alma.
um estado de inconsciência multipla em galerias verdejantes
onde renasço no amanhecer trêmu-lo das dessensações.
Adimtir a passagem do tempo é aceitar o percurso.
Se aceito o dialogo com os sonhos mais dispersos da coesão íntima
Naturalmente aceito o inconcebível
destino de sempre renascer quase que involuntariamente...
Num espaço negro tateio o rosto da solidão
com mãos geladas de diluídas memórias
em goles de momentenas atemporalidades.
Fabrico o vinho de abstrações que só eu sinto
que irá saciar minha sede de poeta.
Sacio o fato insaciável do ser gigante menor que uma formiga elementar.
minhas palavras dispersas sentem-se bêbadas
e giram o mundo na pontas dos seus dedos sem deixar cair.
Quando foi a ultima vez que esse vácuo eterno
que alastrou pelas vielas da minha casa
e se apoderou da minha cama com lençóis invisíveis
cheio de navalhas amoladas pela noite?

Minhas mãos alcançam as mãos das asas mas logo se distanciam...

Nenhum delírio é maior que mil sentidos.
Qualquer palavra pode ser declamada
mas nem sempre será possuída pelo declamador.
O gênio forte do orgulho tem suas próprias
camisas de força pessoais
mas qualquer verdade pode desatar os nós com paciência.
O medo é apenas um espelho,
precisava olhar para nossas galáxias intransferíveis
e refletir o próprio desdobramento dos universos.

Alberto Caeeiro apenas olhar para as coisas e ver nelas o que elas são...absolutas em si mesmas.
eu olho para as coisas e vejo um recomeço profundamente maior que o começo anterior.
e nossos olhares se encontram imersos na múltipla realidade dentro de qualquer realidade

o mundo,
o vasto mundo tem suas garras onde tentamos fugir pelas embarcações
e aeronaves dos nossos sentidos,
só assim, descobriremos o verdadeiro horizonte,
muito além dos mantos celestes do sentir...









04-01-2010
João Leno Lima

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