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19:56




Quando o universo e eu seremos um só?
Quando as cartas de Rilk serão escritas na minha alma?
Pertencerei ao mundo exterior arremessado no sonho?
Reluz minha respiração,
O vasto raio de sombra anoitece a aurora,
Pianos confundem os segundos,
Cai o lápis da minha mão
Antes que eu chegasse no fundo do poema,
Deslizo pelos para brisas da memória,
Desço ate as altas camadas congeladas das palavras,
Atravessando as intermináveis feições oceânicas dos desejos,
Pego uma embarcação e penetro na gélida ilusão do auto-retrato,
Caminho pelos confins imaginários
Para contemplar de perto a perfeição,
Quem seria eu nesse instante?
Adormeço no portal transcendental da lembrança.
Sonho com objetos inanimados
E rostos que flutuam por serem si mesmos,
A dor de existir e maior quando chega a noite,
Adormece no meu colo o absoluto,
Engulo a madrugada misturando-a ao copo d água,
Quando acordo não sou nem mais eu nem ninguém,
As cordas vocais falham como se fosse a opera do fim do mundo,
Treme fantasmagoricamente a insuportabilidade,
Desando e patino pelas montanhas brancas e congelo,
Antes ainda apalpo teu rosto contendo desesperadamente o calor,
Torno-me vulcão que avança destruindo as cidades
Do outro lado do mundo da minha angustia,
Misturo-me ao todo
E o todo tem a exatidão de mim.



João Leno Lima

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SAIL TO THE MOON

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12:00
Vi pessoas humildes se reunindo com suas almas gigantes
e senti a eternidade como quem sente uma chuva inesperada
na contra mão dos corações soterrados de tristezas.
Margulhar na eternidade;
com seus dentes sublimes de tubarões imaginários
devorando com destreza a mim,
é devorar buracos negros insatisfeitos e contemplativos
de imensas tempestades, as vezes, maior que nossas
próprias sombras.
Essas pessoas tinham nos olhos
suas próprias almas penduradas nas palpebras.
E suas vibrações sonoras ensurdecem
com rosnar de violinos e grito-pianos
as horas mortas de sentir.
O que é o delírio perante crianças brincando
no vasto campo aberto de si mesmas?
O que é a insatisfação perante o olhar recipocro
dos invenciveis amentes pendurados
na magia sentimental das almas?
Penduro a chuva na minha pulsação noturna
e canto a canção de flutuação inesgotada.
As vezes minha desafinação pulsa por longos quilometros
acorrentada as nuvens ilusórias de mim mesmo
Mas, sempre volto... como pequenos versos sublimes
com litorais de crianças com brinquedos mágicos
que se cercam em volta da existência
como quem ouve os conselhos
de todos os universos...







João Leno Lima
28-05-09

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REVERSA VISIBILIDADE

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07:09





O universo,
Me oprime.
Luzes oceânicas brotam lentamente,
Assim como Chaplin em o Grande ditador
Carregou o mundo nas mãos eu o carrego e o arremesso,
O universo,
Me oprime.
Grita o milésimo olhar transcendente
Abocanha arrancando o coração do acaso
Quantos acasos formam um universo?
O oceano se espatifa
Em pequenas gotas de lágrimas,
Minha cabeça gira pelas escadarias abaixo dos instantes,
Sou meu próprio livro do desassossego,
Assim como Allen Ginsberg subiu no topo do prédio da RCA
Subo ate as altas montanhas invisíveis do sentir
O que sinto?
Observo de longe a vasta multidão,
O cotidiano tem nas pontas dos dedos
O fio de cabelo da minha desolação cronometrada,
Eu, uma queda para cima.
Assim como Maldoror passeia com seu buldogue
Passeio com meus fantasmas pelos litorais crepusculares,
Sou o fumo esquecido na ultima respiração de Artaud,
Desintegro meu coração para que ele possa respirar,
Comprimo meu fôlego e entrego aos segundos,
Eles caminham mais acelerados
Por que eu caminho mais acelerado,
O universo me comprime
Eu comprimo o universo,
Nossa troca dissonante de musicas inesgotáveis
Embala o sono latejante dos poetas,
Na rua reencarno-me a cada passo,
Tenho a sensação de estar na bolha de um sonho,
No tentáculo arquitetônico do existir em si,
Assim como Withiman escreveu as folhas da relva
Na sua infinita eternidade,
Escreverei a folha de todos os instantes da alma humana
Em suas sensações eternamente finitamente infinita.





João Leno Lima

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RELVA INVISIVEL

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02:03




Morre dentro de mim o universo
Cala minha voz eternamente vulcânica
Sangra meu desejo oco por transcendência
Atinge a ultima torre gélida da aurora
Pratica sexo com minha infinitude alucinante
Quem poderia ser eu a não ser, relva.
Punhado de poças de lamas flutuantes
Convexos inesgotáveis
Substancias alquimistas do cosmo
Estrelas que saem das bocas das crianças
Atalho que leva a nuvem
Olhar que devora ate os ossos os movimentos
Não há movimento que não seja inconscientemente observado
Não há desejo sem trasnconciencia mágica
Não há formula que contenha todas as formulas oniscientes
Fujo ate poente
O poente foge-me entre os dedos
invento a leitura matinal da minha alma
Os livros da minha alma estão cheio de traças poéticas
Quero declarar a independência da minha matéria inócua
Que salivar meus sonhos nos ouvidos da inesgotabilidade
Quero atravessar os oceanos dos sentidos
Apenas num absoluto pensamento
Rasgo as folhas em branco
É melhor um poema do que o nada
É melhor o nada do que desaparecimento inevitável
É melhor uma vida do que uma não-vida respirando
A idéia de Deus é oca a idéia que o universo se expande
Este escrito na minha existencialidade
Cada lágrima contem a segredo que move o mundo
Ou cada lágrima contem o segredo que me move
Ou seja, quem será mais improvável eu ou minha sombra?
Minha sombra sangra por mim eu sangro por minha alma
Minha alma sangra mundo o mundo sangra no meu ser
Sua loucura e raciocínio me faze delirar
Numa orgia desesperante e lenta, mas elétrica, mas extraordinária.
Mas inexplorável, mas inalcançável,
mas incompreensível,
mas infinitamente humana...












João Leno Lima

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