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Quando o universo e eu seremos um só?
Quando as cartas de Rilk serão escritas na minha alma?
Pertencerei ao mundo exterior arremessado no sonho?
Reluz minha respiração,
O vasto raio de sombra anoitece a aurora,
Pianos confundem os segundos,
Cai o lápis da minha mão
Antes que eu chegasse no fundo do poema,
Deslizo pelos para brisas da memória,
Desço ate as altas camadas congeladas das palavras,
Atravessando as intermináveis feições oceânicas dos desejos,
Pego uma embarcação e penetro na gélida ilusão do auto-retrato,
Caminho pelos confins imaginários
Para contemplar de perto a perfeição,
Quem seria eu nesse instante?
Adormeço no portal transcendental da lembrança.
Sonho com objetos inanimados
E rostos que flutuam por serem si mesmos,
A dor de existir e maior quando chega a noite,
Adormece no meu colo o absoluto,
Engulo a madrugada misturando-a ao copo d água,
Quando acordo não sou nem mais eu nem ninguém,
As cordas vocais falham como se fosse a opera do fim do mundo,
Treme fantasmagoricamente a insuportabilidade,
Desando e patino pelas montanhas brancas e congelo,
Antes ainda apalpo teu rosto contendo desesperadamente o calor,
Torno-me vulcão que avança destruindo as cidades
Do outro lado do mundo da minha angustia,
Misturo-me ao todo
E o todo tem a exatidão de mim.



João Leno Lima

Entulho Cósmico

Toda a palavra é um verso e todo o verso é um infinito

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