DIALOGO COM AS NUVENS

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Se junto os fragmentos dos instantes
Como cacos espalhados num chão entrelaçado com o espírito,
Junto a construção refletida de mim mesmo por algum momento.
Não cabe eu compreender os espaços atemporais do tempo
Nem os longos dentes afiados dos leopardos
Da minha momentânea desesperança em mim mesmo.
Só cabe a mim,
Atravessar as paredes da irremediável
onisciência dos universos completos.
Levo os fragmentos além das portas,
Passo indesejavelmente cinza pelo asfalto
E logo o céu-azul-espelho espalha-me pelos longos corredores do dia.
Sinto-me gigante
Com os cabelos roçando a extremidade das nuvens...
Sentes a atemporalidade?
Sentes a união dos passos formando pequenas estrelas nas calçadas?
Sentes o vácuo deixado pela presença do esquecimento?
Sentes o hálito da noite apos longas caminhadas longe de si mesmo?
Sentes como Deus sopra os tempestuosos navios-nuvens
Como uma criança transbordando o sublime?
E nos traz um quadro de sensações que titilam nos poros do mundo?
Ousou Deus imitar Van Gogh inconscientemente?
Fragmenta-me.
Sou o espaço interior refletido na eternidade.
Meu grito abraça meu silencio
E sobrevoa o poema sem asas
E ambos despencam em minhas mãos flutuantes.
Junto-me...
Volto para casa...











João Leno Lima
04-06-2009

Entulho Cósmico

Toda a palavra é um verso e todo o verso é um infinito

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