COPYRIGHT E MAREMOTO

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COPYRIGHT E MAREMOTO
Wu Ming 1, outubro 2002


Atualmente existe um amplo movimento de protesto e transformação social em grande parte do planeta. Ele possui um potencial enorme, mas ainda não está completamente consciente disso. Embora sua origem seja antiga, só se manifestou recentemente, aparecendo em várias ocasiões sob os refletores da mídia, porém trabalhando dia a dia longe deles. É formado por multidões e singularidades, por retículas capilares no território. Cavalga as mais recentes inovações tecnológicas. As definições cunhadas por seus adversários ficam-lhe pequenas. Logo será impossível pará-lo e a repressão nada poderá contra ele.


É aquilo que o poder econômico chama "pirataria".
É o movimento real que suprime o estado de coisas existente.
Desde que - a não mais de três séculos - se impôs a crença na propriedade intelectual, os movimentos underground e "alternativos" e as vanguardas mais radicais a tem criticado em nome do "plágio" criativo, da estética do cut-up e do "sampling", da filosofia "do-it-yourself". Do mais moderno ao mais antigo se vai do hip-hop ao punk ao proto-surrealista Lautréamont ("O plágio é necessário. O progresso o implica. Toma a frase de um autor, se serve de suas expressões, elimina uma idéia falsa, a substitui pela idéia justa"). Atualmente essa vanguarda é de massas.


Durante dezenas de milênios a civilização humana prescindiu do copyright, do mesmo modo que prescindiu de outros falsos axiomas parecidos, como a "centralidade do mercado" ou o "crescimento ilimitado". Se houvesse existido a propriedade intelectual, a humanidade não haveria conhecido a epopéia de Gilgamesh, o Mahabharata e o Ramayana, a Ilíada e a Odisséia, o Popol Vuh, a Bíblia e o Corão, as lendas do Graal e do ciclo arturiano, o Orlando Apaixonado e o Orlando Furioso, Gargantua e Pantagruel, todos eles felizes produtos de um amplo processo de mistura e combinação, re-escritura e transformação, isto é, de "plágio", unido a uma livre difusão e a exibições diretas (sem a interferência dos inspetores da Società Italiana degli Autori ed Editori).


Até pouco tempo, as paliçadas dos "enclosures" culturais impunham uma visão limitada, e logo chegou a Internet. Agora a dinamite dos bits por segundo leva aos ares esses recintos, e podemos empreender aventuradas excursões em selvas de signos e clareiras iluminadas pela lua. A cada noite e a cada dia milhões de pessoas, sozinhas ou coletivamente, cercam/violam/rechaçam o copyright. Fazem-no apropriando-se das tecnologias digitais de compressão (MP3, Mpge etc.), distribuição (redes telemáticas) e reprodução de dados (masterizadores, scanners). Tecnologias que suprimem a distinção entre "original" e "cópia". Usam redes telemáticas peer-to-peer (descentralizadas, "de igual para igual") para compartilhar os dados de seus próprios discos rígidos. Desviam-se com astúcia de qualquer obstáculo técnico ou legislativo. Surpreendem no contrapé as multinacionais do entretenimento erodindo seus (até agora) excessivos ganhos. Como é natural, causam grandes dificuldades àqueles que administram os chamados "direitos autorais" (Bernardo Iovene mostrou como eles os administram em sua investigação para o Report da RAI de 4 de outubro de 2001, cujo texto está disponível no endereço: http://www.report.rai.it/2liv.asp?s=82).
Não estamos falando da "pirataria" gerida pelo crime organizado, divisão extralegal do capitalismo não menos deslocada e ofegante do que a legal pela extensão da "pirataria" autogestionada e de massas. Falo da democratização geral do acesso às artes e aos produtos do engenho, processo que salta as barreiras geográficas e sociais. Digamos claramente: barreira de classe (devo fornecer algum dado sobre o preço dos CDs?).


Esse processo está mudando o aspecto da indústria cultural mundial, mas não se limita a isso. Os "piratas" debilitam o inimigo e ampliam as margens de manobra das correntes mais políticas do movimento: nos referimos aos que produzem e difundem o "software livre" (programas de "fonte aberta" livremente modificáveis pelos usuários), aos que querem estender a cada vez mais setores da cultura as licenças "copyleft" (que permitem a reprodução e distribuição das obras sob condição de que sejam "abertas"), aos que querem tornar de "domínio público" fármacos indispensáveis à saúde, a quem rechaça a apropriação, o registro e a frankeinsteinização de espécies vegetais e seqüências genéticas etc. etc.


O conflito entre anti-copyright e copyright expressa na sua forma mais imediata a contradição fundamental do sistema capitalista: a que se dá entre forças produtivas e relações de produção/propriedade. Ao chegar a um certo nível, o desenvolvimento das primeiras põem inevitavelmente em crise as segundas. As mesmas corporações que vendem samplers, fotocopiadoras, scanners e masterizadores controlam a indústria global do entretenimento, e se descobrem prejudicadas pelo uso de tais instrumentos. A serpente morde sua cauda e logo instiga os deputados para que legislem contra a autofagia.
A conseqüente reação em cadeia de paradoxos e episódios grotescos nos permite compreender que terminou para sempre uma fase da cultura, e que leis mais duras não serão suficientes para deter uma dinâmica social já iniciada e envolvente. O que está se modificando é a relação entre produção e consumo da cultura, o que alude a questões ainda mais amplas: o regime de propriedade de produtos do intelecto geral, o estatuto jurídico e a representação política do "trabalho cognitivo" etc.


De qualquer modo, o movimento real se orienta a superar toda a legislação sobre a propriedade intelectual e a reescrevê-la desde o início. Já foram colocadas as pedras angulares sobre as quais reedificar um verdadeiro "direito dos autores", que realmente leve em conta como funciona a criação, quer dizer, por osmose, mistura, contágio, "plágio". Muitas vezes, legisladores e forças da ordem tropeçam nessas pedras e machucam os joelhos.
A open source e o copyleft se estendem atualmente muito além da programação de software: as "licenças abertas" estão em toda parte, e tendencialmente podem se converter no paradigma do novo modo de produção que liberte finalmente a cooperação social (já existente e visivelmente posta em prática) do controle parasitário, da expropriação e da "renda" em benefício de grandes potentados industriais e corporativos.


A força do copyleft deriva do fato de ser uma inovação jurídica vinda de baixo que supera a mera "pirataria", enfatizando a pars construens do movimento real. Na prática, as leis vigentes sobre o copyright (padronizadas pela Convenção de Berna de 1971, praticamente o Pleistoceno) estão sendo pervertidas em relação a sua função original e, em vez de obstacularizá-la, se convertem em garantia da livre circulação. O coletivo Wu Ming - do qual faço parte - contribui a esse movimento inserindo em seus livros a seguinte locução (sem dúvida aperfeiçoável): "Permitida a reprodução parcial ou total da obra e sua difusão por via telemática para uso pessoal dos leitores, sob condição de que não seja com fins comerciais". O que significa que a difusão deve permanecer gratuita... sob pena de se pagar os direitos correspondentes.
Para quem quiser saber mais, a revista New Scientist ofereceu recentemente um excelente quadro da situação em um longo artigo, publicado por sua vez sob "licença aberta" (http://www.newscientist.com/hottopics/copyleft/copyleftart.jsp).
Eliminar uma falsa idéia, substituí-la por uma justa. Essa vanguarda é um saudável "retorno ao antigo": estamos abandonando a "cultura de massas" da era industrial (centralizada, normatizada, unívoca, obsessiva pela atribuição do autor, regulada por mil sofismas) para adentrarmos em uma dimensão produtiva que, em um nível de desenvolvimento mais alto, apresenta mais do que algumas afinidades com a cultura popular (excêntrica, disforme, horizontal, baseada no "plágio", regulada pelo menor número de leis possível).


As leis vigentes sobre o copyright (entre as quais a preparadísima lei italiana de dezembro de 2000) não levam em conta o "copyleft": na hora de legislar, o Parlamento ignorava por completo sua existência, como puderam confirmar os produtores de software livre (comparados sic et simpliciter aos "piratas") em diversos encontros com deputados.
Como é óbvio, dada a atual composição das Câmaras italianas, não se pode esperar nada mais que uma diabólica continuidade do erro, a estupidez e a repressão. Suas senhorias não se dão conta de que, abaixo da superfície desse mar em que eles só vêem piratas e barcos de guerra, o fundo está se abrindo. Também na esquerda, os que não querem aguçar a vista e os ouvidos, e propõem soluções fora de época, de "reformismo" tímido (diminuir o IVA* do preço dos CDs etc.), podem se dar conta demasiado tarde do maremoto e serem envolvidos pela onda.


* Imposto sobre o Valor Adjunto.

 

TEXTO ORIGINAL EM> biblioteca-libertaria

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As oito questões sobre anarquismo

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Respostas de Chomsky

As oito questões sobre anarquismo

Digitalizado por: Paulo Afonso

Membro da equipe “Conquistadores do Pão”, do MAL – Movimento Anarco-Libertário – http://www.mal.110mb.com

Doado para a BPI.

Comentário geral sobre todas as questões:

Ninguém é dono do termo “anarquismo”. Ele é usado para uma enorme variedade de diferentes correntes de pensamento e ação que se diferenciam amplamente. Existem muitos anarquistas com estilos próprios que insistem frequentemente com grande paixão, que seu método é o único correto, e que os outros não mereceriam o termo (e que talvez sejam criminosos de uma ou outra natureza). Uma passada de olhos na literatura anarquista contemporânea, particularmente no ocidente e nos círculos intelectuais (eles podem não gostar do termo), irá rapidamente mostrar que grande parte das denúncias que alguns fazem dos desvios dos outros, está na sectária literatura marxista-leninista. Infelizmente, a proporção desse material no trabalho criador é bem alta.

Pessoalmente, eu não tenho confiança em meus próprios projetos sobre o “caminho certo”, e não estou impressionado com as presunçosas declarações de outros, incluindo os bons amigos. Eu sinto que muito pouco é conhecido para se ter a capacidade de dizer muito com alguma confiança. Nós podemos tentar formular nossos projetos de longo prazo, nossos objetivos, nossos ideais; e podemos (e devemos) nos dedicar a trabalhar em questões de importância à humanidade. Mas a lacuna entre essas duas possibilidades é freqüentemente considerável, e eu raramente vejo algum caminho para transpô-la, exceto em um nível vago e genérico. Essas minhas qualidades (que talvez sejam defeitos) irão aparecer nas respostas (muito sintéticas) que farei às suas questões.

Quais são as origens intelectuais do pensamento anarquista, e quais movimentos desenvolveram e tornaram vivo esse pensamento durante toda a história?

As correntes do pensamento anarquista que me interessam (existem muitas) têm suas origens, acredito, no Iluminismo e no liberalismo clássico, e, inclusive, remontam de modo interessante à revolução científica do século XVII, incluindo aspectos que frequentemente são considerados reacionários, como o racionalismo cartesiano. Existe literatura sobre o assunto (o historiador conceitual Harry Bracken, por exemplo. Eu escrevi sobre isso também). Não irei tentar tratar disso aqui, exceto dizer que eu tendo a concordar com o importante escritor anarco-sindicalista e ativista Rudolf Rocker, que as idéias liberais clássicas foram destruídas na turba do capitalismo industrial, e nunca se recuperaram (estou me referindo ao Rocker dos anos 30; décadas depois ele modificou seu pensamento). As idéias têm sido reinventadas continuamente; na minha opinião, porque elas refletem necessidades e percepções humanas reais. A Guerra Civil Espanhola talvez seja o caso mais importante, ainda que devamos lembrar que a revolução anarquista que conquistou boa parte da Espanha em 1936, preparada através de muitas décadas de educação, organização, esforço, derrota e algumas vezes vitórias. Isso foi muito significante. O suficiente para despertar a ira de todos os maiores sistemas de poder: stalinismo, fascismo, liberalismo ocidental, a maioria das correntes intelectuais e suas instituições doutrinárias – todos combinados para condenar e destruir a revolução anarquista, assim como fizeram; um sinal de sua importância, na minha opinião.

Os críticos dizem que o anarquismo “não tem forma, é utópico”. Você contrapõe dizendo que cada estágio da história tem suas próprias formas de autoridade e opressão que precisam ser combatidas, portanto nenhuma doutrina fixa pode ser aplicada. Na sua opinião, qual realização específica do anarquismo foi relevante nessa época?

Eu tendo a concordar com que o anarquismo não tem forma e é utópico, entretanto, dificilmente mais do que as doutrinas vazias do neoliberalismo, marxismo-leninismo, e outras ideologias que têm apelado aos poderoso e seus servos intelectuais através dos anos, por razoes que são fáceis de se explicar. A razão para a falta de forma e o vazio intelectual (freqüentemente encoberto em grandes discursos, mas que está, de novo, no próprio interesse dos intelectuais) é que nós não entendemos muito os sistemas complexos, assim como as sociedades humanas, e temos apenas intuições limitadas de eficácia sobre os caminhos que devem ser remodelados e construídos.

O anarquismo, na minha visão, é uma expressão da idéia de que o ônus da prova está sempre sobre aqueles que sustentam que a autoridade e a dominação são necessárias. Eles têm que demonstrar, com uma forte argumentação, que isso está correto. Se não conseguirem fazer isso, então as instituições que defendem devem ser consideradas ilegítimas. Como cada um deve reagir para deslegitimar a autoridade, isso dependerá das circunstâncias e das condições: não existem fórmulas.

No presente período, as questões surgem das maneiras mais comuns: das relações pessoais na família e em qualquer parte, para a ordem política/econômica internacional. E as idéias anarquistas – desafiando a autoridade e insistindo que ela se justifique – são apropriadas em todos os níveis.

Em que tipo de concepção de natureza humana o anarquismo está baseado? As pessoas teriam menos incentivo para trabalhar em uma sociedade igualitária? Uma ausência de governo permitiria aos fortes que dominassem os fracos? As tomadas de decisão democráticas resultariam em um conflito excessivo, indecisão e tumulto?

Assim como eu entendo o termo “anarquismo”, ele é baseado na esperança (em nosso estado de ignorância, não podemos ir além disso) que aglutina elementos da natureza humana, incluindo sentimentos de solidariedade, apoio mútuo, simpatia, preocupação com os outros, e assim por diante.

As pessoas trabalhariam menos em uma sociedade igualitária? Sim, à medida que elas fossem conduzidas ao trabalho pela necessidade de sobrevivência; ou por uma recompensa material, um tipo de patologia que leva alguns a tirar prazer da tortura de outros. Aqueles que acham razoável a doutrina liberal clássica, que o impulso de se empenhar em um trabalho produtivo está no âmago da natureza humana – algo que vemos constantemente, creio, desde as crianças até os idosos, quando as circunstancias permitem – estarão muito desconfiados com as doutrinas que são altamente promotoras do poder e da autoridade, e parecem não ter outros méritos.

Uma ausência de governo permitiria aos fortes dominar os fracos? Nós não sabemos. Se isso acontecer, então formas de organização social teriam de ser construídas para superar esse crime, e existem muitas possibilidades de se fazer isso.

Quais seriam as conseqüências das tomadas de decisão democráticas? As respostas são desconhecidas. Nós teríamos que aprender pelas tentativas. Vamos tentar e descobrir.

O anarquismo é algumas vezes chamado de socialismo libertário. Como ele se diferencia das outras ideologias que são frequentemente associadas com o socialismo, como o leninismo?

A doutrina leninista defende que um partido de vanguarda deveria assumir o poder do Estado e dirigir a população rumo ao desenvolvimento econômico, e, por algum milagre que é inexplicado, à liberdade e à justiça. Ela é uma ideologia que naturalmente apela, de forma muito forte, à intelligentsia radical, para a qual tem uma justificativa do seu papel como administradora do Estado. Eu não posso ver qualquer razão – seja na lógica, seja na historia – para levá-la a sério. O socialismo libertário, (incluindo grande e essencial parte do marxismo) rejeitou tudo isso com desdém, muito corretamente.

Muitos “anarco-capitalistas” reivindicam que o anarquismo é a liberdade de se fazer o que quiser com as propriedades que possuem, e de se comprometer para o trabalho, com outros, através de um livre contrato. O capitalismo é, em algum nível, compatível com o anarquismo do seu ponto de vista?

O anarco-capitalismo, na minha opinião, é um sistema de doutrina que, se fosse um dia implantado, conduziria a formas de tirania e opressão com poucas semelhanças na história humana. Não existe a menos possibilidade de que suas (ao meu ver, horrendas) idéias sejam implantadas, porque elas destruiriam rapidamente qualquer sociedade que cometesse o erro colossal de implanta-las. A idéia de “livre contrato” entre o poderoso e seu vassalo faminto é uma piada doentia, que talvez valha alguns momentos num seminário acadêmico explorando as conseqüências das (na minha visão, absurdas) idéias, mas em nenhum lugar mais.

Eu deveria adicionar, de qualquer forma, que me encontro em substancial acordo com as pessoas que se consideram anarco-capitalistas em uma série de questões; e por alguns anos, fui capaz de escrever sozinho em seus periódicos. Eu também admiro o comprometimento deles com a racionalidade – o que é raro – embora eu não ache que eles vejam as conseqüências das doutrinas que adotam, ou suas profundas falhas morais.

Como os princípios anarquistas se aplicam na educação? Os graus, exigências e provas estão corretos? Que tipo de ambiente é mais favorável ao livre pensamento e desenvolvimento intelectual?

Minha impressão, baseada parcialmente em minha experiência pessoal, nesse caso, é que uma educação decente deve proporcionar uma linha, ao longo da qual a pessoa irá percorrer seu próprio caminho; o bom ensino é mais um problema de dar água para uma planta, para possibilitar que ela cresça com suas próprias capacidades, do que encher um vaso com água (pensamentos altamente não-originais, devo adicionar, parafraseados dos escritos do Iluminismo e do liberalismo clássico). Esses são princípios gerais, que eu acho que são geralmente válidos. Como eles se aplicam em circunstâncias particulares, deve ser avaliado caso a caso, com a devida humildade, e o reconhecimento de quão pouco realmente entendemos das coisas.

Descreva, se você puder, como uma sociedade anarquista ideal funcionaria no dia-a-dia. Que tipos de instituições políticas e economias existiriam, e como elas funcionariam? Nós teríamos dinheiro? Compraríamos em lojas? Teríamos leis? Como preveniríamos o crime?

Eu nem sonharia tentar fazer isso. Esses são problemas sobre os quais nós temos que aprender através do esforço e da experiência.

Quais são os panoramas para a realização do anarquismo em nossa sociedade? Em que sentido devemos caminhar?

Os panoramas de liberdade e justiça são ilimitados. Os passos que devemos dar dependem de onde queremos chegar. Não existem, e não podem ser, respostas gerais. As questões estão colocadas de forma errada. Eu me lembro de uma bela frase do movimento dos trabalhadores rurais do Brasil (de onde eu acabei de voltar): eles dizem que devemos expandir a área da jaula, até o ponto que as grades sejam quebradas.

Às vezes, necessita-se até defender a jaula contra os piores predadores do lado de fora: a defesa do poder ilegítimo do Estado contra a tirania privada predatória dos Estados unidos. Hoje, por exemplo, é um ponto que deve ser óbvio para qualquer pessoa comprometida com a justiça e liberdade – qualquer um, por exemplo, que pense que as crianças devem ter o que comer -. Mas isso parece de difícil compreensão para muitas pessoas que se reivindicam libertários e anarquistas. Esse é um dos impulsos irracionais e auto-destrutivos de pessoas decentes que julgam estar dentro da esquerda, na minha opinião, separando-se, na prática, das vidas e das legítimas aspirações das pessoas que sofrem.

Então essa é minha impressão. Eu estou feliz em discutir isso, e escutar os contra-argumentos, mas somente num contexto que nos permita ir além do grito de slogans – o que, temo, que vai excluir boa parte do que se passa nos debates de esquerda, o que é uma pena.

Em outra carta, Chomsky estendeu seus pensamentos sobre uma sociedade futura:

Sobre uma sociedade futura, eu posso estar repetindo, mas é algo pelo qual eu tenho me interessado, desde que eu era um garoto. Recordo, por volta de 1940, lendo o interessante livro de Diego Abad de Santillán, After the Revolution, criticando seus companheiros anarquistas e esboçando com algum detalhe, como a Espanha anarco-sindicalista funcionaria (essas são memórias de mais de 50 anos, então não as tome literalmente).

Minha impressão foi que ela parecia boa, mas nós entendemos o suficiente para responder perguntas sobre uma sociedade em cada detalhe? Através dos anos, naturalmente, eu aprendi mais, mas isso apenas aprofundou meu ceticismo sobre se sabemos o suficiente. Em anos recentes, eu discuti bastante isso com Michael Albert, que tem me encorajado a expor em detalhes como eu acho que a sociedade deveria funcionar, ou, pelo menos, reagir à sua concepção de “democracia participativa”. Em recusei, em ambos os caso, pelas mesmas razões. Parece-me que as respostas à maioria dessas perguntas têm que ser aprendidas através da experiência.

Considere os mercados (na medida em que eles possam funcionar em alguma sociedade viável – limitada, se o registro histórico servir de guia, e sem falar de lógica). Eu entendo bem o suficiente o que está de errado com eles, mas isso não é bastante para demonstrar que um sistema que elimina as operações de mercado é preferível; é simplesmente um sinal de lógica, e eu não acho que sabemos a resposta. O mesmo vale para todo o resto.

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Uma aula sobre "Mídia e terrorismo"

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Uma aula sobre "Mídia e terrorismo"

Noam Chomsky

"A guerra ao terrorismo é pura propaganda e os meios de comunicação, incluídos os europeus, fazem o jogo dos poderosos, desviando o público das questões realmente importantes”

"A guerra ao terrorismo é pura propaganda e os meios de comunicação, incluídos os europeus, fazem o jogo dos poderosos, desviando o público das questões realmente importantes." Não poupa palavras Noam Chomsky, lingüista, consciência crítica dos EUA e, a partir de hoje, também doutor honoris causa em psicologia. A honra lhe foi conferida pela Universidade de Bolonha: algumas horas antes da cerimônia, porém, o professor quis encontrar os estudantes da faculdade de Psicologia, que o homenagearam com uma acolhida muito calorosa. Na aula magna, dotada de 200 assentos, reuniram-se cerca de 500 pessoas. Ele não as decepcionou: durante a hora e meia que durou sua aula sobre "mídia e terrorismo", vestido de uma forma bem mais casual e descontraída do que as dezenas de professores presentes no evento, ele acusou a informação mundial e os governos de seu próprio País – também os predecessores de George W. Bush – elencando, rapidamente, fato após fato com um grande senso de provocação.

O caso Terri Schiavo, que nas últimas semanas deixou em segundo plano todas as outras notícias internacionais, foi tomado por Chomsky como exemplo de argumento que a propaganda quer tornar importante para manter o grande público desenformado a respeito dos outros assuntos. "Nesta minha viagem pela Europa, fiquei muito impressionado com a constatação do quanto os intelectuais europeus estejam subordinados à agenda política dos EUA. Se Bush, por puro cinismo político, decide que o caso Schiavo é o problema mais importante, todos os meios de comunicação europeus ficam inundados com o caso Schiavo", diz o professor. "Basta dar uma olhada aos jornais de hoje: La Repubblica, por exemplo, dedica cinco páginas ao assunto. Somente na página 18, em um pequeno artiguinho na parte inferior, fala-se do relatório da ONU que documentou como o número de crianças desnutridas do Iraque dobrou com a guerra. É essa a cultura da vida invocada por Bush?".
Desde o Iraque até John Negroponte, até algumas semanas atrás embaixador em Bagdá, e que acaba de ser nomeado super-chefe da inteligência estadunidense, o passo é breve. Chomsky o define "um dos mais importantes terroristas internacionais", pela sua atividade de embaixador em Honduras no começo dos anos oitenta, quando, no pequeno país da América Central, os EUA treinavam terroristas para combater o governo sandinista da Nicarágua. "Ainda hoje, já que os EUA se recusam de pagar os ressarcimentos ordenados pela ONU, 60 por cento das crianças nicaragüenses com menos de 2 anos de idade estão subnutridas". A conclusão? "Se realmente nos importássemos com a cultura da vida, nos preocuparíamos com essas crianças, não com Terri Schiavo. Mas se, para a cultura ocidental, a preocupação com o terrorismo é igual a zero, evidentemente, a preocupação com a cultura da vida é abaixo de zero".

Segundo Chomsky, para vender aos americanos a guerra contra o terrorismo ("quando um Estado a declara, significa que está pronto para cometer graves atos terroristas"), é necessário espantar continuamente o público. E o aparato midiático tem uma importância estratégica para preparar os conflitos: "Nos anos 80, dizia-se que os sicários da Líbia estivessem rondando por Washington, e em seguida, deu-se o bombardeio da Líbia. Em 1989, provocou-se uma histeria coletiva contra o narcotráfico, seguida pelo ataque ao Panamá. Para o Iraque houve a invenção das armas de destruição em massa: ainda hoje, 50 por cento dos americanos acredita que aquelas armas realmente existiam". Mas as verdadeiras ameaças à população, para Chomsky, são outras: "Nos últimos 25 anos, os salários reais nos EUA caíram. Aumentaram as horas de trabalho e foi limitado o direito à assistência de saúde. Se as pessoas se concentrassem nisso, o poder não teria mais um jogo fácil. Por isso tanto espaço é dado a acontecimentos como o de Terri Schiavo, que desviam o público dos problemas reais".

"O senhor acredita que os EUA atacarão o Irã?", pergunta um estudante. Chomsky é cético: "Quando se quer atacar um país, então não se fica anunciando os próprios propósitos por anos a fio, o que pode avantajar o outro". O ponto, para Chomsky, é outro: a invasão do Iraque e o chove e não molha com o Irã sobre o enriquecimento do urânio para fins nucleares ("Teerã tem todo o direito de fazê-lo, se for para fins pacíficos"), segundo ele, deixaram passar uma mensagem perigosa. "É claro que os EUA declaram guerra somente contra um Estado incapaz de se defender. Portanto, a lição para o resto do mundo é: vocês deveriam se dotar de defesas, para não serem atacados pelos EUA".


O último tema abordado por Chomsky é o futuro da ONU, posto em crise pela guerra do Iraque e pelo escândalo do programa Oil for Food. Para o professor, "o destino das Nações Unidas depende da possibilidade de que as nações ocidentais se tornem verdadeiras democracias. Nos EUA, ao contrário daquilo que os meios de comunicação querem fazer acreditar, a maioria do público apóia a ONU, quer que os EUA paguem suas dívidas junto à organização e até que abandonem o direito de veto. Dessa forma, se os EUA se tornassem uma democracia, o futuro da ONU seria mais promissor". Também, sobre o escândalo do Oil for Food, para Chomsky, a intervenção da propaganda de Washington é pesada: "Os meios de comunicação dão importância às dezenas de milhares de dólares que, talvez, tenham sido recebidas por um funcionário da ONU e pelo filho de Kofi Annan. Mas ninguém fala nada sobre os 15 bilhões de dólares que os EUA fizeram desaparecer do programa, compensando aliados como a Turquia e a Jordânia. Nem dos 18 bilhões para a reconstrução do Iraque, dos quais não existe mais qualquer rastro. Quem escreve qualquer coisa sobre isso? O objetivo é aquele de desacreditar a ONU, de todos os modos".

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Tutte Bianche

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13:04

MINHA LUTA NO IMPÉRIO (1) – Entrevista com Luca Casarini (2)
Enrico Pedemonte

Embora antiga, esta entrevista com o líder dos Tutte Bianche pode dar uma boa idéia das táticas e ações promovidas por este lendário grupo, agora extinto, transformado como foi nos Disobedienti. Os Tutte Bianche usaram métodos de ativismo defensivo antes inéditos, como enormes proteções corporais e escudos, e faziam suas carreatas ao som de tecno. Com um visual mistura de ficção científica e armadura medieval, eles foram, juntamente com Luther Blissett, a mais completa tradução do ativismo pop mitopoético, que ainda hoje influencia vários grupos, como os britânicos Wombles.

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Impedir o G-8 de Gênova sem quebrar
uma vidraça sequer. Com Armas
medievais, provocações e fantasia.
Para dizer não à globalização.

Se os Tute Bianche(3) fossem uma empresa, Luca Casarini seria seu "homem imagem". Foi ele, que, em 26 de maio, no palácio ducal de Gênova, declarou guerra aos poderosos do mundo. E, sempre ele, algumas semanas depois, tranquilizou a cidade dizendo que seus militantes se comprometiam a não quebrar nenhuma vidraça sequer. Oficialmente é o porta-voz desse grupo, que tem a Autonomia Operária como antepassado, descende diretamente dos centros sociais ocupados, mas que nos últimos anos, coincidindo com a revolta de Seattle, adquiriu uma imagem pós-moderna ao adotar uma nova linguagem e inacreditáveis macacões lunares de gaze branca com escudos de plexiglas e armaduras de espuma.

Por certo, os Tute Bianche são apenas uma minoria do multicolorido Povo de Seattle. Mas, com sua habilidade para administrar a comunicação, converteram-se, ao mesmo tempo, em sua vanguarda de combate e seu símbolo midiático. E Luca Casirini, paduano, 34 anos, diploma de técnico em energia térmica e com a fala colorida da região do Vêneto, é o profeta desse incrível movimento que fascina ao mesmo tempo em que inquieta. Nós o entrevistamos em Pádua, na festa da Rádio Sherwood, emissora, hà muitos anos, do arquipélagos dos centros sociais.

Enrico Pedemonte: Primeiramente ministro de Exterior, Renato Ruggiero, depois Silvio Berlusconi disseram que os objetivos do povo de Seattle são iguais aos do governo. O que está acontecendo?

Luca Casarini: Eles estão com medo. Já entenderam que este movimento está destinado a crescer. O fato de quem em Gotemburgo, na Suécia, houve 25 mil pessoas significa que em Gênova serão 200 mil: só nós levaremos 10 mil, prontos para ações de desobediência civil. E não é apenas uma questão de passeatas. É só olhar como estão se multiplicando, nos supermercados, nas prateleiras reservadas aos alimentos biológicos e para a crise das empresas ligadas aos transgênicos. como o Monsanto. Nossas manifestações acabam nas tevês do mundo inteiro: é como se fossem milhões de cartões-postais chegando às casas das pessoas.

E. P.: Observando os seus últimos movimentos, parece até que vocês dispõem de um departamento de marketing.

L. C.: Não, nada de marketing. Temos alguns especialistas em comunicação. Sabemos o que precisamos fazer para que falem de nós. Quando um jornalista do Giornale telefona e pede implicitamente que eu lhe dê algo para a primeira página, eu respondo: "Em Gênova vamos declarar guerra aos grandes do mundo". E eles realmente colocam na primeira página. Ou criamos a história dos "homens-ratos" que já estão em ação, sempre em Gênova, escavando nos subterrâneos. E eles engolem.

E. P.: É verdade que vocês disseram que iriam lançar bolsas de sangue infectado com Aids?

L. C.: Não, isso é armação dos serviços secretos. Basta verificar o nome dos jornalistas que publicaram esta história pela primeira vez: é gente que, tradicionalmente, mantém relações com este tipo de mundo.

E. P.: Que instrumentos vocês vão usar  em Gênova?

L.C.: Não podemos revelar. Mas serão armas criativas, projetadas para furar a comunicação e também um muro que circunda a zona vermelha. Instrumentos tão absurdos que ficam até engraçados.

E. P.: Vocês gostam de metáforas: Gênova é uma cidade medieval eis de volta o Império ameaçado pelos esfarrapados.

L. C.: Em Gênova criamos uma mensagem muito forte, baseada na metáfora medieval: buscamos inspiração em Brave heart. Queremos dizer que chegamos a uma nova Idade Média, na qual, de um lado, se têm o máximo de potência tecnológica e, de outro, crianças de 6 anos que costuram os tênis da Nike no Terceiro Mundo. As metáforas são um instrumento irresistível. A coisa paradoxal é que nossos adversários caem em todas. Quanto mais a gente fala de forte assediado, mais eles fantasiam a polícia deles de Robocop.

E. P.: Vocês são criticados: dizem que usam demais a linguagem de Hollywood, isto é, a linguagem dos inimigos.

L. C.: Usamos as linguagens vencedoras, aquelas que chegam até as pessoas. Não é por acaso que Hollywood vence. Esta é a sociedade da comunicação. Não podemos ignorar os códigos.

E. P.: Vocês estão brigando com a ala mais violenta do movimento. É também nesse caso a linha divisória é a estratégia de comunicação.

L. C.: A violência não têm nada a ver com isso. Estamos brigando para que a cidade não seja tocada. Se você incendeia uma casa, o proprietário vai ficar com ódio de você e vai pedir que a polícia seja ainda mais dura. O problema é conquistar o consenso dos cidadãos. A discussão violência / não-violência não faz sentido. Nós praticamos a desobediência civil. Queremos impedir o desenrolar do G-8. Queremos penetrar na zona vermelha que circunda o vértice. Mas é preciso discutir as ações com base na mensagem que chega até as pessoas.

E. P.: Qual será o principal slogan em Gênova?

L. C.: Uma idéia foi involuntariamente sugerida por Renzo Piano, que queria construir em Gênova uma imensa esfera de cristal cheia de borboletas: o "borboletódromo". Se ele tivesse realmente feito isso já teríamos a palavra de ordem para a nossa faixa principal: "Liberdade para as borboletas!". Que tipo de mente perversa pode inventar um símbolo como esse do borboletódromo? Seria um objetivo pelo qual valeria a pena arriscar a pele. Mas parece que alguma coisa vazou em uma coletiva de imprensa e o borboletódromo foi barrado.

E. P.: Em Gotemburgo a violência saiu do controle e a polícia atirou. Mau sinal.

L. C.: É. Quatrocentos Tute Bianche foram presos como medida de prevenção e mantidos fechados por quatro dias. É uma velha técnica do fascismo: limpar a área de subversivos antes da passagem do Duce. E depois a polícia atirou naquele rapaz enquanto ele fugia. É o início de uma nova ofensiva, acima de tudo política.

E. P.: O que significa isso?

L. C.: Primeiro o ministro de Exterior alemão, Otto Schilly, disse que era preciso tomar sistemática a prisão preventiva das pessoas perigosas. Depois de Tony Blair, falando de nós, começou a usar a palavra booligan. Blair é muito hábil: impôs o New Labour como uma coisa nova. É o que está tentando fazer conosco é uma opreração muito sofisticada. Quer substituir o termo "Povo de Seattle", que o imaginário coletivo tem uma conotação positiva, pela palavra booligan, profundamente negativa. Por último veio o Berlusconi, que traduziu booligan por teppista (vândalo).

E. P.: O senhor fala de imagem e de comunicação, mas nas passeatas de vocês a violência não é virtual, é pancadaria de verdade.

L. C.: A ilegalidade de massa é fundamental para mudar as coisas, desde os tempos daqueles que assaltavam os fornos. Berlusconi deveria saber que a prática da ilegalidade dá resultados. Se a lei sobre falsificações nos balanços sofrer alterações, isso será devido a alguém que reivindicou a coisa politicamente. Acho que ele entende melhor que ninguém o que está acontecendo.

E. P.: Por que?

L.C.: Porque Berlusconi conhece muito bem o mundo da comunicação: é dele a primeira experiência de eleições vencidas graças a um logotipo e a uma campanha de marketing. Ele costuma dizer: "O Povo de Seattle está fazendo girar pelo mundo uma imagem nossa como imperadores violentos, sitiados pelas multidões dos que estão fora dos palácio". E tem razão. É esta a nossa estratégia para vencer o Império. Aqueles que perguntam por que estaremos dispostos a lutar contra a polícia em Gênova deveriam ir ver como se vive no sul do mundo, onde está a maior parte da população mundial. Um bilhão e meio de pessoas sobrevive, segundo o Banco Mundial, com menos de um dólar por dia.

E. P.: A entrevista para o Espresso acaba aqui. O senhor teria dito coisas diferentes para o Giornale?

L. C.: Eu diria o seguinte: estamos organizando os nossos exércitos para o ataque por mar. temos uma nova fórmula de neoprene para macacões de mergulho que não pode ser detectada pelos radares.

Notas

1. Uma primeira versão desta entrevista foi publicada pela revista Lugar Comum (Rio de Janeiro: Nepcom / ECO - UFRJ, nº. 15, dez. 2001). Tradução de Eliana Aguiar.

2. Um dos porta-vozes dos Centros Sociais do Nordeste Italiano. Esta entrevista foi realizada antes das manifestações de Gênova.

3. Literalmente, "macacões brancos", grupo italiano do Movimento Antiglobalização.

Fonte: COCCO, Giuseppe, e HOPSTEIN, Graciela, eds. As multidões e o império – entre globalização da guerra e universalização dos direitos, Rio de Janeiro, DP&A, 2002, pp. 79-83.

 

 

 

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os dez maiores casos envolvendo hacktivismo

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1995 - Em um dos primeiros ataques de ativistas pós-internet, sites do governo francês foram hackeados, criando a primeira expressão para este tipo de evento: "ataque em rede".

1997 - O grupo português UrBaN Ka0s atacou 25 sites civis e militares do governo da Indonésia, postando mensagens a favor da indpendência do Timor Leste, então sob forte repressão. O mesmo ataque se repetiria em 1998,.

1998 - O grupo milw0rm hackeou o centro de pesquisa atômica Bhabha, na Índia, deixando uma mensagem antinuclear no lugar da página original. Um ano depois, a companhia Easyspace foi vítima de ataque semelhante, com a mesma mensagem postada em 300 sites.

1998 - Um grupo chamado Legions of the Underground (Legiões do Subterrâneo) produziu um ciberataque à China e ao Iraque, derrubando a infra-estrutura de internet. O caso provocou polêmica entre a comunidade de hackers. Cinco grupos divulgaram uma declaração conjunta condenando o ataque. Os Legions of the Underground responderam, justificando a estratégia.

1999 - Hacktivistas tentaram romper a segurança do Echelon a(uma rede de vigilância de comunicações do governo americano), invadindo ainda computadores do sistema de segurança dos Estados Unidos. O mesmo ataque se repetiria no ano seguinte.

2002 - O Pentágono admitiu que o escocês Gary McKinnon invadiu e danificou 53 computadores do comando das Forças Armadas, do Exército, Força Aérea e Nasa, tendo acesso a informações secretas. McKinnon procurava evidências da existência de Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs). Causou um prejuízo de cerca de US$ 1 milhão.

2004 - Durante a convenção do Partido Republicano que indicou o então presidente George W. Bush à reeleição, sites do partido e de grupos conservadores ficaram fora do ar. Hackers reivindicaram o ataque.

2009 - Em um caso que criou grande controvérsia internacional e acabou chamado de "climagate", hackers expuseram a troca de e-mails entre cientistas da Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia, expondo uma suposta conspiração de pesquisadores para suprimir dados que contestem a tese do aquecimento global.

2010 - Em abril, o site Wikileaks publica um vídeo com o ataque de um helicóptero dos Estados Unidos a 17 civis, inclusive jornalistas, no Iraque. O caso levanta grande polêmica ao indicar como os Estados Unidos conduzem a guerra no país.

2010 - Em julho, o mesmo site Wikileaks divulga 92 mil documentos secretos dos Estados Unidos relativos à Guerra no Afeganistão. O caso vem à público justamente quando o governo de barack Obama discute a estratégia no conflito.

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