A MARCHA SENTIMENTAL

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19:18


No fundo somos selvagens anarquistas do destino.
Queremos juntar as peças,
os monilitos sonoros dos nossos proprios gritos entranhados
e recombinar com nossas asas além da invenção das horas.
Cada palavra se desmancha simetricamente.
Coloco a mão no rosto e mergulho num confim palpavel.
Tememos a indefirença mesmo a desejando inconscientemente
nas ruas sujas indo para o trabalho.
Quando a visao da minha sombra é meu espelho
sou parte desconectiva.
Elementar paisagem psicoconcreta
entre as girafas estaticas que roçam os céus.
Transfiguro-me para as bordas.

Agora sou as incertezas que brotam no jardim desemperançoso do meio dia.
atado pelo globo ocular pos-lagrimejante do amigo incalculavel.
E a ressaca dos amantes indefesos.
uma impeciencia que geme mais que uma criança solitária.
num tunel...

O mundo é um tunel desconhecido que agride nossos passos que tremem
percebo a velice dos deuses do medo
Mas o mundo cria mecanismo de defesa contra os poemas.
Somos os mecanismos.
Então fundo-me em teatros sem gente
Sou parte dos raios da chuva não desejada
O que passeia nas paginas que estão sendo açoitadas
pela maquina de escrever cansada.
Quem no mundo sentiu tal evento melindroso...
Ou quando as mãos dos que se desejavam deixaram-se...
Naquela distancia se esticando...
Mesmo que momentaneamente...quem sentiu...

Temo a realidade ilusoria
como a materia teme a putrefação dos sentidos.
Temo mais os grunidos dos urubus da memoria
do que os assassinos incontroláveis.
Porque a ponta dos meus dedos é uma lança rasgando o coração dos instantes...
Quantas mães-anjos devem estar nesse exato
momento latejando de existencias transbordantes
Quanto segredos estao sendo revelados...
Quantas faces lantamente enrugando na invisibilidade da célula poetica
Num abrir e fechar de portas
Quantos olhos fechando e nessa fraçao escura intantanea...
Quantos sonhos?

Piso nos meus proprios passos à sobrescreve-los em vão
Se o passado é irreversivel
por que tentamos evitar comete-los novamente?
eu, poeta, principio vital
que movimenta as palavas além das combinações plausiveis
Que se alimenta dos poros do mundo pensado,
planejo poesias infindaveis
Como o ludico louco que boceja perante a razão dos outros.
Na minha razão, a unica razão é o sentimento.





João Leno Lima
08-06-2009

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CANTO-ENTRANHA

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22:20




Dispara novamente sobre meu canto a insatisfação do tempo.
No intermédio desfavorável das caricias silenciosas dos ventos,
Vaga os sorrisos na contramão.
Enamorados silenciosos ventam
Cruzando os caminhos da cena frágil do olhar;
Quero devorar as horas
Insisto quero devorar a solidão.
Alimenta-la com vultos indesejáveis de sonhos
E cobri-la com meu manto oculto decapitado pelo destino.
Rendo-me
Quero devorar-me com salivas de tardes desabitadas da fala
O que é a fala se tudo em mim espatifa-se num grito incomunicável?





















João Leno Lima
07-06-2009

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