DUAS CRIANÇAS SÃO AMEAÇADAS POR UM ROUXINOL

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10:11

















Em que adianta a filosofia da tua existência
Se o que importa para o caos é a orgia
O teu ninfomaníaco vazio atraído pelo teu nada
Ah
Dessa relação nascem fetos-silencio
Estuprados com violência pelos espelhos
Vindos dos cabarés dos reflexos
E da radiografia desse reflexo
Sonhos utópicos de existência

















TITULO DO QUADRO DE MAX ERNST
DUAS CRIANÇAS SÃO AMEAÇADAS POR UM ROUXINOL

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TRANSVERSAL

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17:26

Despenca sobre mim o impossível.
Sangrando, debatendo-se nos meus poros mundanos,
Vestido de noiva do meu absoluto
Em coito com a magnificência do caos ,
O tempo e o espaço beijando-se no infinito,
Tremendo de frio com olhares,
Castrado sonho que rodopia,
Vagina que ancora sobre a criança chorando,
A visão que perfura a antevisão,
Tecido nervoso que pula de pára-quedas,
Crânio esmagado pelas escalas oitavadas da musica,
Meu copo banqueteado pela lagrima,
Vagando pelos vácuos inaudíveis,
Onde tudo se fragmenta lentamente,
Onde minhas palavras poluem no ambiente da poesia,
Quebro as ondas sonoras da minha memória,
E arremesso-me...Não sou mais eu digo a mim mesmo,
Sou metade tempo metade espaço
Metade vazio metade tudo
Metade silencio metade grito
Metade trasncedentalismo
Metade efemeridade,
A poesia que vem de mim tem gosto inalcansabilidade,
A poesia que vem de mim tem sombra de imensas tempestades,
A poesia que vem de mim não encontra
O amor nem seus mais nebulosos demônios,
Visão que perfura a antevisão
Alastra-me em ódio carnal pela nuvem,
Uma nuvem ataca-me,E me absorve,
Leva-meSou só nuvem agora,
Flutu-o sem rumo pelas bordas da noite do meu sonho,
Qual o maior desejo da minha poesia?
Desabafos infinitos do infinito da pagina,
Vomito minhas vísceras e ela vira palavra,
Que se espalham pelos tubos de ar do cotidiano
Contaminando a manhã com infinitudes,
Escolho a mim mesmo
Escolho o mundo transversal da poesia
Escolho a lógica do impossível.







João Leno Lima

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MOMENTO IRREVERSIVEL

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07:31


A minha forma fantasmagoricamente
se arrasta pelas frechas dos olhos inalcançáveis.
Eu procuro a proteção da minha sombra fragmentada pelo tempo.
Na calçada eu acorrento meus poros numa nuvem desavisada.
Meus olhos procuram o oceano de almas naufragadas para mergulhar.
Mas só encontra o chão para se deitar no caos cinza sem horizonte.





João Leno Lima

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DESCOSMO

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13:58



Ah Fernando pessoa não passa de um vinho,
Tomado pelo meu desespero.
A morte, essa inesgotável companheira ausente,
De mãos dadas com o invisível.
Traduz certos desvarios nebulosos.
Anti-materia que mordo os calcanhares.
Meu lábio revirando as caixas de segredos da inconsciência mutua,
Traduz teus mecanismos.
Sou a nuvem que paira no teu rosto de vinho.
O cansaço toma-me pelo pescoço.
A febre mutila meu desejo de sobrevoar-me.
Tira-me de mim a inércia carcomida,
Tira esses blocos de concretos sobre meus passos leopardianos,
Fere-me com utopias maçantes e magníficas.
Ah mundo inteiros cabem num só verso
Mas constelações precisam de novos poemas
Para não implodirem de si mesmas.
Escrevo correndo pelos longos túneis do meu trabalho.
Esses olhares em volta pregados nas paredes das razões,
Como quadros abandoados pela ausência fétida da luz do sonho.
Olhando as paisagens ao redor esqueço
Dos imensos terremotos que saboreiam meu fôlego nas noites insones,
Das embarcações-tempestades viajando rumo ao lugar nenhum de mim.
Rumo ao catedrais analgésicas que se recriam na fabula do nada,
Rumo a extensa lista de oníricos inacabados.
Longas línguas ensopando as barbas das angustias,
Espinhos de aço perfurando o gelo do nao-delirio da manhã.
Se espero a letal união futuristica vinda na sonolência imediata,
Espero ter tocado nas sombras de Deus pelo menos na metade quebrável de um segundo.
Canto a canção desrefletida pelos anjos,
Canto o jardim sinfônico regado pelo verso-poeta de tez lúdica
Canto a desafinação momentânea da minha alma.
Em partículas particulares de vozes declamando nuvens-monstros pisoteadores de ausências.
Tua visão extra-corpórea é a nudez que me alucina.
Os lábios cotidianos estão borrados de vermelho sangue
De asas que nunca viram a luz da manhã,
Alguém proclamou a inconsciência dos atos,
Alguém apagou os poemas nunca escritos, mas sentidos com exatidão.
Mesmo assim não é impossível traduzir o poeta,
Já faz poesia quem existe inesgotavelmente existindo.








João Leno Lima
20-05-09

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Mar Intraduzível

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18:44







Meu coração é um verso numa tarde em frente ao horizonte
Meu horizonte se traduz num poema
Meu poema deságua num oceano de paginas incalculáveis







João Leno Lima
19-05-09

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"impacto é anterior à extinção"

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17:14

Desde 1980, um asteroide é o principal suspeito da extinção dos dinossauros. Dois novos estudos mostram que eles sobreviveram ao impacto

Em Fantasia, o clássico filme da Disney de 1940 que uniu animação e música erudita, o episódio "Gênesis" faz uma alegoria sobre a evolução da vida na Terra (ao som de "A sagração da primavera", de Igor Stravinsky). "Gênesis" se desenrola na era mesozoica, dos répteis gigantes que habitaram o planeta entre 220 milhões e 65 milhões de anos atrás. O grande astro – meio século antes de O parque dos dinossauros – era o tiranossauro. Em Fantasia, o longo reinado dos dinossauros acaba em tempestades de areia, calor asfixiante e sol abrasador.


Quando só restam esqueletos num mar de dunas, o solo se abre e engole tudo. Cordilheiras projetam-se às alturas, apenas para ser tragadas pelo dilúvio universal. O cataclismo reflete uma concepção ultrapassada da extinção dos dinossauros. Desde 1980, sabe-se que o vilão foi a queda de um meteoro no México. Será?


Dois estudos publicados no final de abril podem afundar a teoria do meteoro. Num deles, a geóloga alemã Gerta Keller, de 64 anos, da Universidade Princeton, diz que o meteoro não causou a extinção. No outro, James Fassett, de 76 anos, geólogo aposentado do Serviço Geológico americano, não descarta que o meteoro tenha sido responsável pela extinção – mas seu efeito não foi imediato. Ele descobriu que havia dinossauros na Terra 500 mil anos depois do impacto.


Entender a causa da extinção dos monstros "antediluvianos" é uma meta da ciência desde 1842, quando o inglês Richard Owen cunhou o termo dinossauro (do grego deinos, terrível, e sauros, lagarto). Teorias nunca faltaram. A primeira foi a do dilúvio. O fim dos dinos já foi creditado a uma supernova, uma estrela vizinha do Sol que explodiu, banhando a Terra com radiação mortífera. Em outra hipótese, a Terra cruzou uma nuvem de gás interestelar que teria sufocado os bichos. Culpou-se até um vírus, que seria causador de uma pandemia planetária.


Essas teorias começaram a ser descartadas em 1980, quando os americanos Luis Alvarez, um físico ganhador do Nobel, e seu filho Walter, um geólogo, disseram que o vilão veio do espaço. Eles descobriram um acúmulo anormal do elemento químico irídio numa estreita faixa de rochas de 65,5 milhões de anos, o chamado limite K/T. Abaixo dele, estão as últimas rochas do período Cretáceo (K), quando ainda havia dinossauros.


Acima, estão as rochas terciárias (T), onde eles desapareceram. O irídio quase não existe na Terra, mas é abundante em meteoros. Luis e Walter Alvarez calcularam que a concentração de irídio decorreria da queda de um astro de 10 quilômetros de diâmetro, voando a 20 mil quilômetros por hora. O impacto teria gerado uma explosão igual a 5 bilhões de bombas de Hiroxima. Montanhas de rocha pulverizada foram lançadas na estratosfera, cobrindo o Sol por séculos. Segundo a tese, os animais que não morreram de imediato sucumbiram à fome e ao frio.


Em 1991, a teoria ganhou ares de fato comprovado. Prospecções petrolíferas no Golfo do México detectaram a cratera do meteoro. Ela tem 180 quilômetros de diâmetro e está soterrada por 2 quilômetros de rocha, sob a cidade de Chicxulub, na Península do Yucatán, no México. Escavações provaram sua idade: 65,5 milhões de anos. Tudo levava a crer que Luis e Walter Alvarez tinham razão. Ou não?


Os paleontólogos nunca se convenceram. Eles sabem que o meteoro poupou as espécies menores e muitas de grande porte. Os tubarões surgiram há 400 milhões de anos e sobreviveram incólumes.


O mesmo se deu com os crocodilos. Quem sumiu foram os grandes répteis, nas versões alada (pterossauros) e marinha (plesiossauros), e a maioria dos terrestres, os dinossauros. Nem todos. Alguns sobreviveram. São as aves


Desde 1989, Keller quer provar que a queda do meteoro não acabou com os dinossauros. "Nos últimos 20 anos, tenho sido a bad girl da geologia", disse a ÉPOCA, enfatizando seu distanciamento dos colegas geólogos, para quem a teoria do meteoro era fato consumado.


Em 2004, Keller foi ao México coletar rochas em torno do limite K/T. Ao analisá-las, achou fósseis de 52 espécies de animais abaixo da faixa de irídio. As mesmas 52 espécies continuavam presentes nos 9 metros de sedimento acima da faixa, depositados durante 300 mil anos. "É a prova de que o meteoro precedeu à extinção em 300 mil anos", diz Keller no estudo publicado no Journal of the Geological Society of London. "Nenhuma espécie se extinguiu como resultado do impacto."


Se não foi o meteoro, o que causou a extinção? "Sabe-se que, bem antes da extinção, os dinossauros sofriam uma redução de biodiversidade", diz Keller. "A extinção não foi repentina. Ela se deu ao longo de 2 milhões de anos, em quatro ondas sucessivas." Keller achou evidências dessas extinções em amostras coletadas no México, no Texas e no Oceano Índico. Todas apontam um culpado: a megaerupção vulcânica iniciada há 68 milhões de anos nas Deccan Traps, um planalto formado pelo acúmulo de lava no centro-sul da Índia. "A primeira erupção ocorreu 2 milhões de anos antes do meteoro", diz Keller. "As outras três se deram acima do limite K/T. A última foi a pior de todas. Ocorreu 300 mil anos após o impacto em Chicxulub." As erupções provocaram um colossal vazamento de magma, que cobriu com 3,5 quilômetros de lava uma área do tamanho do Amazonas, alterando o clima do planeta. "As espécies que não se adaptaram à mudança climática desapareceram", diz Keller. "Foi o caso dos dinossauros."


Fassett não inocenta o meteoro. Mas afirma que nem todos os dinossauros sumiram. Ao estudar amostras de solo coletadas no Novo México e no Colorado, 500 mil anos mais recentes que a faixa de irídio, Fassett achou 34 ossos de um alamossauro, um dino bípede de 10 metros de comprimento – conforme narra no periódico Palaeontologia Electronica. "Os ossos não foram espalhados pela erosão. A conclusão é que o animal viveu 500 mil anos após o impacto", disse a ÉPOCA. "É uma evidência inequívoca de que os dinossauros não se extinguiram de imediato."


Entre os paleontólogos, é quase consenso que o meteoro é página virada. "As Deccan Traps estavam causando um enorme estresse ambiental antes do impacto", diz Donald Prothero, um respeitado paleontólogo americano. "Apesar da fascinação da imprensa com o modelo do asteroide, a extinção foi complexa demais para ser explicada por uma pedra do espaço."


Fonte>http://www.cubbrasil.net/index.php?option=com_content&task=view&id=3508&Itemid=88

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MORNING BELL

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13:38

No jornal dessa manhã
Vi frágeis crianças se dissolvendo nas salivas do abandono.
Foi quando me tornei mais veloz
Que os leopardos flutuantes da minha angustia
E pensei no absoluto.
Nessa manhã insuportável para algumas almas
A minha encontrava o sublime no alvoroço da inevitabilidade do dia
Encontrava leves seres desacordados após delírios antepassados das madrugadas
Leves viajantes dos ônibus subaquáticos dos oceanos dos instantes
Leves e tão ou mais perdidos que eu sob as nuvens das obrigações
Meu deus... Basta-me o sublime!
Para perceber além dos cinzentos fatos dessa manhã.

























João Leno Lima
19-05-09

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