O (des) necessário Cotidiano

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May 5, 1955. New York, NY

 

Por que parecemos tão loucos correndo sempre atrás ou à frente do tempo?

O mundo em miúdos é feito de tão pormenores, tão despercebidos em sua essência, que somos, me parece, incapazes de ver e muito menos de viver. A antiga e supra falada expressão que rege algumas rodas de conversas e livros de auto-ajuda, que temos que viver todos os dias intensamente, como se fosse o último dia. Há algo errado nesta expressão ou há algo errado em nosso dia-a-dia?. Contudo, o tempo, independente e inquebrável, em nada importa-se com as incógnitas das atitudes humanas. Não espera que tomemos as melhores decisões, não espera o dia que teremos como observar um simples arco-íris ou escutar o canto dos pássaros, em suma, não espera que tenhamos espaço em nossas agendas para qualquer poesia. O curioso neste processo, em que travamos uma verdadeira batalha entre o todo, as inúmeras possibilidades cotidianas, as várias fases do viver, desdas primeiras horas que nos damos conta que somos humanos e na imersão do que isto significa, temos uma certeza lá (ou aqui) no fim desta estrada. A morte. Só está certeza já deveria bastar para simplesmente reinventarmos nossas vidas cotidianamente, mas não, criamos nossos vínculos, vivemos em redomas, construímos casas, vivemos em comunidades, tribais amizades, triviais ( ou não!!!) projetos de vida, sob a batuta do conforto ou do prazer momentâneo. Como um filme feito de alguns momentos clássicos mas em sua maioria, uma monótona busca pelo desconhecido que certamente conhecemos e queremos em nossa intimidade e inteligência. A Felicidade absoluta. É trágico saber, que de todo o percurso de nossas vidas, que para cada um terá um tempo determinado, alguns a vivem alguns segundos, outros horas, outros dias, meses, anos, depende da capacidade de cada um de entender o tempo, não àquele tempo que vai chegar um dia, mas o hoje, o agora, neste momento exato…O que passou é fictício, os próximos segundos serão também até você estar nele, você espera estar, eu espero estar, mas teimamos em esquecer que jamais saberemos se sim ou se não. Devemos esperar ou correr desesperados por monstruosas poesias e altas performances do viver? ou quem sabe, apenas, viver, muito além do que poderia ou pode ser. É possível?

 

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Autor: Cronie | “Crônicas e outras formas de viver em utopia”

Fotografia: Vivian Maier

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