22 de março de 2009, Chácara de Jockey, São Paulo

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Depois de uma estréia histórica no Rio de Janeiro, a banda rumou para São Paulo e lá mudou o repertório, surpreendeu ainda mais quem já havia visto a banda no Rio ou fora do Brasil e não fez concessões comuns a bandas que se apresentam por aqui (camisa da seleção brasileira, bandeiras nos amplificadores, etc). Não deixou espaço para mais nada além de seu espetáculo.

E que espetáculo! Talvez seja um pouco cedo para definir como histórico o último fim de semana, mas ao mesmo tempo não dá pra escapar do clichê. O showbiz brasileiro já pode se dividir entre antes e depois da visita do Radiohead ao país (esperamos que seja a primeira de muitas). Perto deles, quase todos os outros shows viram brincadeira de criança e alguns soam até mesmo amadores (inclusive os dois que abriram o tal "Just a Fest": Los Hermanos e Kraftwerk). O leitor pode achar que este escriba está exagerando. Sou obrigado a me defender colocando na roda a pesquisa informal que fiz pela Chácara do Jockey.

O Instituto Datajames perguntou a alguns presentes o que haviam achado do show. As respostas não foram iguais, mas todas rumavam para a mesma direção: "histórico", "melhor show da minha vida", "incrível", "inacreditável". Não houve quem não gostasse. Zero porcento. O Radiohead conseguiu 100% de aprovação e não é difícil entender o porquê. Banda amada pelos indies, prometia uma visita ao país há mais de dez anos. Possui um séquito de fãs fiéis e influenciou gerações e gerações de músicos e amantes da boa música. Ainda assim você pode afirmar que isso tudo é exagero. Bem, então você não viu o show.

No palco, o Radiohead é ainda melhor. Cenário, iluminação, performance cênica e musical, setlist, tudo funciona! E tudo é perfeito. Por vezes chega a ser inacreditável que aquele som é produzido por apenas cinco pessoas. A diferença está exatamente na competência. Enquanto a elegância de Ed O Brien e a postura guitar hero de Jonny Greenwood constroem camadas e camadas de guitarras e climas, a cozinha absurda de Colin Greenwood e Phil Selway parece ser discreta e não se sobressai. Apenas parece. E Thom Yorke? O "ratinho" mais famoso da música mundial canta como poucos, é carismático, capaz de deixar a multidão sem fôlego, mas ao mesmo tempo é tímido de dar dó. Um contrasenso? Sim, mas o que seria da banda sem este delicioso contrasenso?


o que dizer do setlist do show? Diferente em uns 60% do show do Rio, a banda mostrou uma faceta um pouco mais indie, ao tirar da cartola pérolas como "Optimistic" e "Pyramid Song", mas sem se esquecer dos hits. Difícil mesmo é apontar destaques, mas talvez a comunhão público-banda na dobradinha "Paranoid Android/Fake Plastic Trees" e a versão de tirar o fôlego de "Exit Music (For a Film)" tenham sido os destaques.


Sim, teve "Creep" e um final apoteótico. Teve também todo o álbum "In Rainbows" e mais pérolas ("Climbing Up The Walls", "You and Whose Army"). E teve também uma mensagem de uma amiga hoje de manhã, que eu vou reproduzir na íntegra:


"James, to totalmente sequelada do show. Acordei hj e fui direto comprar um violão. Mais uma cantora de chuveiro que renasce das cinzas"


É este tipo de reação que um show do Radiohead causa nas pessoas. Ninguém fica indiferente. Em inglês, existe a expressão "of a lifetime". A tradução semi-literal seria "show para uma vida".


E foi mesmo.




SETLIST



15 Step (In Rainbows)


There There (Hail To The Thief)


The National Anthem (Kid A)


All I Need (In Rainbows)


Pyramid Song (Amnesiac)


Karma Police (Ok Computer)


Nude (In Rainbows)


Weird Fishes/Arpeggi (In Rainbows)


The Gloaming (Hail To The Thief)


Talk Show Host (B-side - Trilha Sonora do filme Romeu e Julieta)


Optimistic (Kid A)


Faust Arp (In Rainbows)


Jigsaw Falling Into Place (In Rainbows)


Idioteque (Kid A)


Climbing Up The Walls(Ok Computer)


Exit Music (For A Film) (Ok Computer)


Bodysnatchers (In Rainbows)


Encore 1


Videotape (In Rainbows)


Paranoid Android (Ok Computer)


Fake Plastic Trees (The Bends)


Lucky (Ok Computer)


Reckoner (In Rainbows)


Encore 2


House of Cards (In Rainbows)


You and Whose Army (Amnesiac)


True Love Waits (I Might Be Wrong)/Everything In Its Right Place (KidA)


Encore 3


Creep (Pablo Honey)


Resenha por: Rodrigo James

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