A PROCISSAO DOS MIL SENTIDOS

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11:59




Não que alma esteja em constantes abismos,
Sou alma mais do que tudo em tudo.
Não que minhas asas invisíveis sejam
Realmente invisíveis para os anjos do absoluto.
Não que as salivas dos amantes do delírio não
Esteja nos copos de café dos instantes sublimes.
Esse alvoroço das praças, essas lentas armadilhas
Das Palpebrantes sufocações intimas.
Essa estranha intimidade com o cotidiano,
Essa indiferença que assola com cicatrizes a volta para casa do trabalho
Como vulcões que acordaram translúcidos e
Voltaram a dormir com medo de si mesmo.
Não que desejos não passem de profundidades desconhecidas até para
Os buracos negros, não que cada verso não seja uma via Láctea por si só,
Não que Deus realmente necessite estar só consigo mesmo.
Longe lá nos vastos campos ocultos a nós,
Como a musica que pergaminha nossos pensamentos magistrais,
Como os longos beijos da noite sob a benção da madrugada,
Como a lúdica sensação de estar de volta aos seios do destino,
Como um viajante que viaja nas caldas do acaso.
Não... Só há nesses olhares descabelados pelo sol uma alma vestida de
Mão que segura com a força do tempo-espaço os
Braços fugitivos do horizonte...
"Estais machucando o horizonte com tua própria ausência de si mesmo?"
"O solta” e "deixe-o"
Não que tu não sejas o próprio horizonte a si próprio machucar
Pegando nos braços,
Não que tua poesia se perca nos armários deteriorados pelo
Confuso materialismo abstrato do poeta,
Não que os pássaros realmente levem a serio nossos desejos de voar,
Não que a lua confessadamente não se sinta atraída pelos nossos
Olhares - paginas de poesia soltas no ar de um poente interno
Onde mergulhamos nosso mil sentidos.
Não que o teu destino não seja a eternidade.
Catapulto minha angustia para tua margem desbotada e
Toco tua sombra desavisada na procissão dos segundos.
Não que tu não sejas uma construção de mecanismos-verso.
Não que a tristeza dos meus amigos desamparados
Por suas musas não seja um aglomerado de estrelas transbordando
De pequenas chuvas por segundo.
Não que nossas febris impaciências sejam tão profundas quanto a
Impaciência dos nossos sonhos gigantes.
Eu, que tanto anseio pelo infinito.
E tu que tanto anseias pelo infinito.










João Leno Lima
24-04-09

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A Lei Poetica

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11:55

Quero me esconder em algum universo barato.
Longe das confusas abstrações cotidianas,
Perto das ausências sempre tão serenas.
Pelos ambientes úmidos do universo paralelo,
Quero ascender um cigarro com o fogo dos cometas
Ou com os vulcões que saem do meu delírio,
Quero abandonar esse trabalho gélido e
Com as forças intrínsecas dos redemoinhos dos pensamentos
Sobrevoar paisagens ainda não desbravadas pela inconsciência.
Quero, quero me esconder em algum universo barato.
Com vinho que mancham as paginas da pura poesia embriagada de si mesma,
Em outras estações absolutas.
Quero me tornar a boca que devorará os
Verbos das cirustancias desequilibradas,
Os dentes que estraçalhará o véu poluído de imagens turvas,
Que as mãos dos ventos impulsionem minhas asas,
Que a cura esteja nos longos cabelos do destino,
Que o mar seja o liquido que sai dos olhares da criança,
Que o verdadeiro esconderijo seja o mais próximo dos anjos possíveis,
Que o invisível seja os braços maternos da poesia.
Sim, quero me esconder em algum universo barato.
Sem ter que amarrar fantasmas nos pés da cama,
Sem ter que sentir as dores pela queda na bolsa de valores,
Sem ter que me amargurar com estranhas razões dos ingratos ou
Os estranhos gestos do orgulhoso,
Quero me preocupar com o próximo poente e se vou estar nele ou
Até se vou sê-lo.
Meu deus! Quero ser esse blues que toca no fundo
Quero ser o fluido oculto que dá movimento ao poema,
Quero ser as partículas em forma de pergaminho trazendo
Os ensinamentos do sol conferencista da alma,
Quero desejar apenas estar perto da musa por toda a eternidade,
Quero que essa vulnerabilidade-sombra não passe de
Um vulto-cosmico do universo que não desejo,
Quero fazer companhia para os sublimes amantes da beleza sentimental,
Quero apenas escrever algumas cartas
Aconselhando Bernardo Soares e Werther a
Serem o que foram na simplicidade de uma colisão de galáxias.
Estou distante dentro do abismal mecanismo da insatisfação estrelar,
Não me basta mais planetas, eu quero universos inteiros só pra mim...
Quero inventar doces constelações de palavras,
Quero povoar os mundos inabitados com as razoes de uma criança,
O mundo da razão condena-me por ser abstrato
O mundo abstrato condena-me por ser racional,
Ambos estão errados!
Sou a comunhão espiritual de mundos fazendo sexo.
Sou a lama-anjo nos solos do viajante translúcido e a
Embarcação na lagrima no peito do jovem com o coração partido,
A dor invisível como uma bala que transpassa o peito do sonhador.


Como a fétida matemática das horas,
Os moribundos passos da inércia,
A ode a não-liberdade mágica,
Como uma espera-navalha que ameaça a garganta da alma,
Como uma sufocação silenciosa no centro da rua vinte e um de abril.
Quero... Me esconder em algum universo barato...
Perto da amada amiga para todas as vidas possíveis,
Perto do sussurro do olhar do coração poeta ao
Encontrar sua musa-cosmo desejada.
Perto das silhuetas dos abismos doces desvertiginosos,
Perto das mãos entrelaçadas dos seres recipocros,
Perto do ultimo fio de cabelo do infinito,
Perto da pulsação da mãe ao presentear o mundo,
Perto do soluço de quem dorme para anestesiar as feridas escancaradas,
Perto dos lábios de quem proclama a poesia saída do
Seu próprio âmago desconhecidamente ultrapoetico.
Perto das pálpebras do homem com medo de sentir
E da mulher com medo de não-sentir,
Perto das pontas dos dedos de deus,
Perto de alguma nuvem que traga o sono-calmaria,
Perto das batidas das asas dos pássaros apos a tempestade,
Perto da fronteira entre o sonho e o inalcançável,
No limiar entre eu e nada...
Quando impossível e possível apertam as mãos na consciência da poesia
Quando finalmente constato a mim mesmo
Decreto a todos e a mim
Poesias...























João Leno Lima
22-04-09

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O Concreto

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11:52

De repente Deus mandou a chuva ensurdecer-me.
Como Uma legião de galáxias desabrigadas pelo meu delírio.
Um longo túnel que leva ao labirinto íntimo.
Meu amigo ao pintar seus sentidos pinta a todos nós num sonho.
A poesia mistura meus sentidos.
Desvio-me de cada fragmento da chuva que pretende estraçalhar-me.
Sou o tempo que se esgota a si mesmo.
Lá fora a umidade da madrugada aliada
A escuridão das ruas entrelaçadas com
A passagem dos seres translúcidos que
Voltam para casa trazendo pequenos mecanismo esgotados de
Si funde-me comigo que
Espero a beleza da lua invadir com
Seus trompetes luminosos meu fôlego de
Noite mal dormida em teias solitárias...
Depois da chuva o silencio volta a dialogar calmamente...
Como uma criança que cansou de chorar da espera interminável.
Como o amigo-mago do destino açoitado pela matéria.
Há um piano com teclas do mundo debaixo dos meus pés.
Sou o sussurro do poeta da música na
Comunhão com seus ouvintes-cometas
Meu corpo ascende um cigarro espiritual onde
Consumo lentamente o infinito.
Desloco-me em direções interruptas e
Esse poema é a fabricação atemporal da temporalidade das horas.
Depois de engolir Andrômeda com a
Boca enorme de uma estrelar a
Rua vinte de abril parece mais o braço de
Alguma constelação perdida num confim espectral..
Sim, sou o guardador de rebanhos da eternidade.
Mesmo assim sangro abstrações.
Sangro cavernas intimam escondidas debaixo das pálpebras,
Medos confessados apenas nos ouvidos das paredes do quarto-cosmo.
Fracassos como barcos afundados numa profundidade oceânica,
Sinto-me a porta irreal que leva ao outro lado impenetrável.
Sinto-me o vidro invisível que separa os corpos nas ruas alvoroçadas.
Sinto-me o lateja mento do amante lutando contra o passado numa arena lacrimejante
Ou alguém que não pode mais ouvir a musica que entes embalava as memórias...



Canso de mim as vezes...
Canso...
De mim...
As vezes;;
As vezes...
Canso
As vezes acredito na ilusão solitária das horas mas
Logo a alma paira novamente planando em galáxias em galáxias...
Quando dei por mim
Deus já havia mandado a chuva embora lentamente
e
Fiquei com o silencio concretos dos segundos.
























João Leno Lima
08-04-09

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