A PROCISSAO DOS MIL SENTIDOS

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Não que alma esteja em constantes abismos,
Sou alma mais do que tudo em tudo.
Não que minhas asas invisíveis sejam
Realmente invisíveis para os anjos do absoluto.
Não que as salivas dos amantes do delírio não
Esteja nos copos de café dos instantes sublimes.
Esse alvoroço das praças, essas lentas armadilhas
Das Palpebrantes sufocações intimas.
Essa estranha intimidade com o cotidiano,
Essa indiferença que assola com cicatrizes a volta para casa do trabalho
Como vulcões que acordaram translúcidos e
Voltaram a dormir com medo de si mesmo.
Não que desejos não passem de profundidades desconhecidas até para
Os buracos negros, não que cada verso não seja uma via Láctea por si só,
Não que Deus realmente necessite estar só consigo mesmo.
Longe lá nos vastos campos ocultos a nós,
Como a musica que pergaminha nossos pensamentos magistrais,
Como os longos beijos da noite sob a benção da madrugada,
Como a lúdica sensação de estar de volta aos seios do destino,
Como um viajante que viaja nas caldas do acaso.
Não... Só há nesses olhares descabelados pelo sol uma alma vestida de
Mão que segura com a força do tempo-espaço os
Braços fugitivos do horizonte...
"Estais machucando o horizonte com tua própria ausência de si mesmo?"
"O solta” e "deixe-o"
Não que tu não sejas o próprio horizonte a si próprio machucar
Pegando nos braços,
Não que tua poesia se perca nos armários deteriorados pelo
Confuso materialismo abstrato do poeta,
Não que os pássaros realmente levem a serio nossos desejos de voar,
Não que a lua confessadamente não se sinta atraída pelos nossos
Olhares - paginas de poesia soltas no ar de um poente interno
Onde mergulhamos nosso mil sentidos.
Não que o teu destino não seja a eternidade.
Catapulto minha angustia para tua margem desbotada e
Toco tua sombra desavisada na procissão dos segundos.
Não que tu não sejas uma construção de mecanismos-verso.
Não que a tristeza dos meus amigos desamparados
Por suas musas não seja um aglomerado de estrelas transbordando
De pequenas chuvas por segundo.
Não que nossas febris impaciências sejam tão profundas quanto a
Impaciência dos nossos sonhos gigantes.
Eu, que tanto anseio pelo infinito.
E tu que tanto anseias pelo infinito.










João Leno Lima
24-04-09

Entulho Cósmico

Toda a palavra é um verso e todo o verso é um infinito

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Nossa, realmente é impressionante o espetaculo
    das palavras que sondam um infinito de codigos
    dentro de um poema do glorioso Joao.L, é um grande prazer saborear os versos da poesia de um
    grandioso rapaz como ele...

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