A Lei Poetica

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Quero me esconder em algum universo barato.
Longe das confusas abstrações cotidianas,
Perto das ausências sempre tão serenas.
Pelos ambientes úmidos do universo paralelo,
Quero ascender um cigarro com o fogo dos cometas
Ou com os vulcões que saem do meu delírio,
Quero abandonar esse trabalho gélido e
Com as forças intrínsecas dos redemoinhos dos pensamentos
Sobrevoar paisagens ainda não desbravadas pela inconsciência.
Quero, quero me esconder em algum universo barato.
Com vinho que mancham as paginas da pura poesia embriagada de si mesma,
Em outras estações absolutas.
Quero me tornar a boca que devorará os
Verbos das cirustancias desequilibradas,
Os dentes que estraçalhará o véu poluído de imagens turvas,
Que as mãos dos ventos impulsionem minhas asas,
Que a cura esteja nos longos cabelos do destino,
Que o mar seja o liquido que sai dos olhares da criança,
Que o verdadeiro esconderijo seja o mais próximo dos anjos possíveis,
Que o invisível seja os braços maternos da poesia.
Sim, quero me esconder em algum universo barato.
Sem ter que amarrar fantasmas nos pés da cama,
Sem ter que sentir as dores pela queda na bolsa de valores,
Sem ter que me amargurar com estranhas razões dos ingratos ou
Os estranhos gestos do orgulhoso,
Quero me preocupar com o próximo poente e se vou estar nele ou
Até se vou sê-lo.
Meu deus! Quero ser esse blues que toca no fundo
Quero ser o fluido oculto que dá movimento ao poema,
Quero ser as partículas em forma de pergaminho trazendo
Os ensinamentos do sol conferencista da alma,
Quero desejar apenas estar perto da musa por toda a eternidade,
Quero que essa vulnerabilidade-sombra não passe de
Um vulto-cosmico do universo que não desejo,
Quero fazer companhia para os sublimes amantes da beleza sentimental,
Quero apenas escrever algumas cartas
Aconselhando Bernardo Soares e Werther a
Serem o que foram na simplicidade de uma colisão de galáxias.
Estou distante dentro do abismal mecanismo da insatisfação estrelar,
Não me basta mais planetas, eu quero universos inteiros só pra mim...
Quero inventar doces constelações de palavras,
Quero povoar os mundos inabitados com as razoes de uma criança,
O mundo da razão condena-me por ser abstrato
O mundo abstrato condena-me por ser racional,
Ambos estão errados!
Sou a comunhão espiritual de mundos fazendo sexo.
Sou a lama-anjo nos solos do viajante translúcido e a
Embarcação na lagrima no peito do jovem com o coração partido,
A dor invisível como uma bala que transpassa o peito do sonhador.


Como a fétida matemática das horas,
Os moribundos passos da inércia,
A ode a não-liberdade mágica,
Como uma espera-navalha que ameaça a garganta da alma,
Como uma sufocação silenciosa no centro da rua vinte e um de abril.
Quero... Me esconder em algum universo barato...
Perto da amada amiga para todas as vidas possíveis,
Perto do sussurro do olhar do coração poeta ao
Encontrar sua musa-cosmo desejada.
Perto das silhuetas dos abismos doces desvertiginosos,
Perto das mãos entrelaçadas dos seres recipocros,
Perto do ultimo fio de cabelo do infinito,
Perto da pulsação da mãe ao presentear o mundo,
Perto do soluço de quem dorme para anestesiar as feridas escancaradas,
Perto dos lábios de quem proclama a poesia saída do
Seu próprio âmago desconhecidamente ultrapoetico.
Perto das pálpebras do homem com medo de sentir
E da mulher com medo de não-sentir,
Perto das pontas dos dedos de deus,
Perto de alguma nuvem que traga o sono-calmaria,
Perto das batidas das asas dos pássaros apos a tempestade,
Perto da fronteira entre o sonho e o inalcançável,
No limiar entre eu e nada...
Quando impossível e possível apertam as mãos na consciência da poesia
Quando finalmente constato a mim mesmo
Decreto a todos e a mim
Poesias...























João Leno Lima
22-04-09

Entulho Cósmico

Toda a palavra é um verso e todo o verso é um infinito

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