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08:17

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Só há um desejo nesse momento,
O de mergulhar,
Atravessando os grandes desertos
Da minha pequena alma eu disparo,
Encontro a mim mesmo na borda,
O ambiente frio é minha lagrima,
Trago nas mãos o inalcançável,
Perdi no caminho o absoluto,
Através das palavras perdi a fé na humanidade,
Através das palavras eu a encontro desolado,
Aquele silencio interior ao anoitecer,
Aquele instante onde geme o destino,
Planejo chorar daqui a algumas horas,
Quando voltarei a ser eu mesmo sempre?
Quando me recuperarei dos acasos...
O mundo da voltar entorno de mim,
Mas eu só acreditarei quando ouvir o seu silencio,
E só acreditarei em mim quando meu silencio
Se manifestar alem dele mesmo,
Algumas memórias atravessam meu coração
Outrora indizível,
Levando ele para o fundo
Das pequenas frechas dos uivos desacordados,
Para ser oceânico
Pretendo tocar nos lábios dos oceanos,
Esses versos são os frascos que achei no impossível,
E na tarde que não pode ser evitada
Vou ao teu encontro
Como um crepúsculo que se mistura a noite
E a consola de ser ela mesma,
Nascendo na madrugada as horas silenciosas
Onde me abrigo no fundo de mim mesmo.

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07:39

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ha uma alma mas não ha ninguém.
estou tomado pela absoluta certeza de não saber nada,
não quero toda a infinitude do mundo
só quero toda a infinitude
que caiba no meu coração,
minha boca invisível
abocanha a boca invisível das manhãs
e trocamos salivas de abismos,
quero todas as galáxias
e se não puder quero tudo inesgotável
e se não puder quero desejar sonhar...
fui abandonado pelo tempo-espaço implacável,
me sinto órfão das auroras
acolhido pelas madrugadas crepusculares,
sinto o frágil colo dos precipícios íntimos
e me encolho nos braços
de uma momentânea ausência de solidão irreparável.
e essa tempestade interna que não passa?
e essas noites longas onde caminho pisando em fôlegos?,
e essas inevitabilidades cotidianas?
e essas asas que desaparecem no ar dos meus sentidos...
a ausência interna
é um vácuo onde procuro uma porta,
me sinto as horas
um animal incontrolável
que foge levando meu grito,
lá fora, passeio pelo sussurro das tardes
mas eu ainda me sinto uma criança
com medo chorar no possível,
qualquer lagrima é uma gota de oceano
que tem o mesmo peso da minha alma a noite.
meus rastros tocam as pálpebras
das cordas bambas das pequenas felicidades
e quando parece que nada
absolutamente nada
é capaz de me mover
para fora dos meus pensamentos mais dilaceradores
começo a sentir o impossível através de uma poesia
reencontro-me por segundos
levanto de mim e ando...
eu, o impossível sendo possível em mim mesmo.

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REPARAÇÃO

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08:08

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Eu, cansado de lagrimas irreversíveis, permaneço, O mundo em sua linguagem rouca dos oceanos olha-me, Atravesso como se fosse nuvem o silencio irremediável, Pequenas profundidades ao meu redor, Sublimes escolhas sinceras, Margens de piedosos instantes, O mundo é um trem inevitável E eu dentro dele Permaneço sentado nos fundo claro-escuro dos sussurros, O verso mais fiel a si mesmo é o verso irretocável, Estou cansado de costurar os segundos, Não consigo conter o sangramento do meu tempo-espaço, Finalmente eu, longe do centro da rua solitária a si, Finalmente eu, distante de todas as mãos calorosas, Finalmente eu, a quilômetros do chamado pelo nome, Alguns poemas afundam minha cabeça, Outros passam despercebidos como as auroras que falham, Na mais profunda noite meu sentidos Esperam os passos do infinito, Interrogações se esculpem por mim E como numa febre Eu deliro de infinitas duvidas que já são mundos por si só, Odeio o mar por não estar nele, afogando-me, Odeio o deserto por não estar nele, perdido, Odeio-me, por estar aqui, Frente a frente com o poema sem estar nele, Estou do outro lado, sou o poema, Sou as pernas das vogais e os braços da consoante E meu corpo é o corpo de um verso E minha alma existe quando existe a poesia, Eu, cansado de lagrimas irreversíveis, permaneço, O solitário crepúsculo é um sonho desfeito, Cartas sendo escritas, mas jamais lidas É um sonho abandonado, Musicas empoeiradas pela memória Mas jamais revisitados são sonhos inacabados, É desnecessário dizer que ainda há o grito? Que ainda há os passos por caminhos inesgotáveis? Que ainda há um resto de rosto voluntariamente verdadeiro? A mão no rosto do poeta encima do seu poema que caminha É um horizonte inabalável, Aquele soluço que vira lagrima E que mancha as palavras É uma tarde que permanece cinza, Às vezes o mundo ao redor é um espectro, Às vezes eu sou o espectro que assusta o mundo, Apenas o meu mundo, E na hora que surgir Na eternidade perdida Em algum canto do universo O irrepreensível sentido para existência, Quero existir e não apenas permanecer.

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08:05

O mar sempre foi motivo de fascínio entre poetas e artistas em geral da literatura a pintura a fotografia e na musica ele sempre foi motivo de inspiração e mistério profundos para todos nós e nos lembrando disso Adriana Calcanhoto nos entrega o que já é desde de já um profundo mergulho no seu oceano intimo onde descemos para sentir melhor nossa próprio profundida, Maré (2008) faz parte uma espécie de trilogia conceitual que iniciou-se com Maritmo (1998), e é o oitavo disco da gaúcha que adotou o rio de Janeiro para viver e foi ele que deu a paissagem alem dos versos de Dorival Caymmi, Arnaldo Antunes Ferreira Gullar e Caetano Veloso, para o que ja é um dos melhores albuns lançados por ela e pela MPB nos ultimos anos.
Uma bateria eletrônica e um violão bossa nova abre de forma magistral o disco, o moderno e pos-moderno no mesmo ambiente na mesma linguagam ou como diz a própria adriana “ ou será so linguagem?” e vamos nos familiarizando com as imagens ensopadas de memorias e afogadas num cotidiano disfarçadamente desconhecido, Violinos e uma Adriana impecavel mergulha mais ainda para a primeira obra prima do disco "Seu Pensamento" classica musica tipicamente de adriana, um violão ondulante que toma conta da melodia e a poetisa vagando pelas infinitudes do Horizonte tentando alcançar nossos pensamentos mais inalcansaveis uma melodia irresistivel se esculpe entre a vocalização e temos a sensanção de uma leve flutuação em nossos proprios pensamentos inabalaveis para entao Adriana apresnetar "Tres" mais uma vez o violão, agora tenso, tremulo, uma especia de "dança da solidao" é base bossa nova para uma adriana determinada a escancarar seus mais profundos medos e encontrar um lugar dentro desse oceano para a reivenção de si mesma.o mundo como diz adriana "se resumia a tedio e pó", o aspero embiente nesse samba cinza faz um longo percusso e adriana asfixiada canta confusa pelos litorais de si masma. PortoAlegre, musica onde a Adriana Homenageia sua cidade natal é uma musica que distoa ate entao do disco e ainda trz Marisa Monte como dueto, musica lembrando os trabalhos de Adriana no projeto "Adriana Partimpim "(2004), onde temas mais voltado para o publico infantial era interpretados pela cantora. agora sim o disco retorna aoo trilhos em "Mulher sem Razão" um violão que poderia estar em qualquer disco do Djavan e metais criam a cama para Adriana radiofonicaaqui, adriana com muita razão diz "sonhar só nao é nada é uma festa na prisao" e desagua em "Teu nome mais Secreto" mais uma formidavel musica com a assinatura de Adriana, um violão que se impoe nada em oceanos e nós com sede para consumir nossos mais angustiantes sonhos nos deixamos levar por esse rio de sensaçoes de uma das melhores melodias do disco. para entao um violão em dissonantes e noturnas entonaçoes ouvir adriana entre lamurias sussurantes em "sem saida" uma bela vocalização atravessa nossos sentidos e quando ja perto de nossa rendição a jazzistica "Para Lá" nos consome alem de nós mesmo em mais uma grande obra prima do disco, adriana em registro vocal perfeito delimita seu territorio sonora e estilistico e nos entrega uma perola para nos embebedar irreversivelmente. o violão volta a tona em "Um dia Desses" lembrando aqui a Adriana de Trabalhos anteriores mais ainda assim mantendo o nivel do disco e temos aqui uma melodia apaixonante dentro da sua simplicidade irretocavel. antes de nos aforgamos completamente, maré ainda reserva a sua grande obra prima, "Onde Andaras" um timbre de violão oceanicamente poetico abre o corredor de aguas dispersas e infinitas para adriana clamar em vocal magnifico o melhor verso do album "na esperança tavez que o acaso num mero discaso me leve a você" enquanto vagamos por ruas puidas de memorias e nafrugamos pelas marges invisiveis e silenciosos onde nos abrigaremos em nós para seguir por nossos proprio oceanos distantes e dispersos em nossos cotidianos velozes nos tornanos mare. o disco curto e profundamente tenuo infiltra-se derradeiramente por nós em"sargaço Mar" com letra de Dorival Caymmi e violão de Gilberto Gil Adriana e nós afundamos num crepuscular sentido de todos os sentidos, com um olhar em frente ao mar caminhamos ate ele para sermos consumidos e arrebentados alem de nossos sonhos inaufragaveis.somos o mar quando somos nós mesmos.

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