FEBRE COSMICA

1
13:00

Atravesso um túnel
Com paredes de soluço
E encontro abrigo
Do outro lado da alma...

Do outro lado da alma
Onde encontro abrigo
Atravesso um túnel
Com paredes de soluços

Encontro abrigo
No outro lado da alma
Com paredes de soluços
Atravesso um túnel

Com paredes de soluço
O túnel atravesso
Para encontrar no outro
Lado da alma o abrigo

Atravessoatravessoatravesatravessoatravessoatravessoatravessoatravessoatravessoatravessoatravesso

Tuneltuneltuneltuneltuneltuneltuneltuneltuneltuneltuneltuneltuneltuneltuneltuneltuneltuneltuneltunel

Paredesparedesparedesparedesparedesparedesparedesparedesparedesparedesparedesparedesparedesparedes

Soluçosoluçosoluçosoluçosoluçosoluçosoluçosoluçosoluçosoluçosoluçosoluçosoluçosoluçosoluçosoluço

Encontroencontroencontroencontroencontroencontroencontroencontroencontroencontroencontro

Abrigoabrigoabrigoabrigoabrigoabrigoabrigoabrigoabrigoabrigoabrigoabrigoabrigoabrigoabrigoabrigoabrigo

Outrooutrooutrooutrooutrooutrooutrooutrooutrooutrooutrooutrooutrooutrooutrooutrooutrooutrooutro

Ladoladoladoladoladoladoladoladoladoladoladoladoladoladoladoladoladoladoladoladoladoladoladoladolado...

...Da alma.





João Leno Lima
15-05-2009

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CANIBALESCO

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14:02



...
Sinto-me...
Vácuo Vácuo VácuoVácuo Vácuo Vácuo Vácuo
Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo
Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo VácuoVácuoVácuo...
Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo
Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo
Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo
Vácuo Vácuo Vácuo
Vácuo Vácuo
Vácuo... Vácuo... Vácuo
Vácuo Vácuo Vácuo...
Vácuo
Vácuo
Vácuo
Vácuo
Vácuo
Vácuo
Vácuo
Vácuo
Vácuo
... Vácuo
SINTO-ME?
Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo Vácuo...






João Leno Lima
14-05-2009

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CAN - Tago-Mago (1971)

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01:55

Esse disco é uma experiência psiquica iniqualável.

É provável que seja o álbum mais amado dos CAN
aquele que desenvolveu maior e irresistível aura mítica em seu redor.
Um catálogo de experiências sónicas, que teria feito Stockhausen e Berio
desmaiar de inveja nos seus estúdios,
enquanto buscavam o definitivo som hipnótico.
Capa propositadamente ingénua em “primitive-painting”,
título anunciando a palavra mágica de uma primordial linguagem,
que se poderá repetir até à exaustão.
Depois das espasmódicas e perturbantes gravações com Malcolm Mooney
em “Monster Movie” (há ainda “Delay 1968”, editado postumamente) de 1969
e em metade de “Soundtracks” (há temas recuperados em “Unlimited Edition”,
mais tarde, vocalizados por Malcolm),
os CAN encetaram uma empolgante trilogia com Damo Suzuki,
esticando como ninguém o conceito de fusão experimental.
Donos de uma genialidade subversiva,
foram uma voz essencial de um movimento musical
sediado no coração da Europa industrial, denominado “Krautrock”
(possivelmente num “brainstorming” de um crítico americano),
epíteto nada abonatório para diferençar a excêntrica música alemã,
fora do puzzle e sem bases claras no rhythm & blues.
Cá para nós faz mais sentido o termo “rock alemão”.
Estabelecer coordenadas
para um disco tão arrevesado como este não é tarefa fácil.
Os CAN tal como os Faust, subiram a cordilheira a pique,
e há uma foto admirável no livrete
em que os cinco músicos escalam uma montanha,
metáfora fascinante para caracterizar
a herança que legaram à música popular.
Os CAN sempre estiveram cinco milhas acima,
e estudando “Tago-Mago”
podemos pensar nos universos de H.P. Lovecraft
e Philip K. Dick, em utopias de ficção científica,
nos Novos Expressionistas ou no Realismo Fantástico,
nas heranças étnicas e no poder macrobiótico,
para nomear aleatoriamente.
“Tago-Mago” abre com o psicadelismo, “Paperhouse”
e “Mushroom” são duas faces da mesma alteração caleidoscópica;
“Paperhouse” é enérgico e nervoso, repleto de ritmos trepidantes;
“Mushroom” é uma dança narcótica arrastada pelo coração aos pulos.
Ambos os temas revelam finalmente a maturidade do grupo
e uma inequívoca união criativa,
Holger Czukay referindo-se ao grupo
viu-o como um “enorme e vibrante organismo”.
Todo o psicadelismo posterior viria absorver aqui,
envergonhado com o estigma do rock progressivo,
uma linguagem sóbria distante da paleta de cores “hippie”,
veja-se o caso dos Sonic Youth, My Blood Valentine
ou obviamente todos os grupos de Manchester e Liverpool.
Aliás “Mushroom” é porventura o duradouro ícone da canção psicadélica,
se Syd Barrett nos autorizar pois não vamos esquecer
“Astronomy Domine” e “Lucifer Sam”.
A carga apocalíptica, a guitarra atingindo subliminarmente o cérebro
em cicatrizes dolorosas, a bateria inconfundível de Jaki Liebezeit
(portento de baterista ao lado de Bill Bruford
e Dave Kerman, este nos dias de hoje!)
insistindo num ritmo selvagem (tem passos de elefante),
escutado secretamente em algum ritual ancestral.
“Oh Yeah” começa no campo da explosão nuclear de “Mushroom”,
uma cavalgada feérica programada pelos teclados de Schmidt,
a voz de Suzuki a ditar textos ao contrário,
um breve momento de paisagismo vespertino,
logo incendiado por rifes de guitarra em chamase percussão ensimesmada.
“Halleluhwah” é um mantra “rockligioso” afinado pelo “wah-wah” das guitarras
e um baixo mais sóbrio, os teclados esfumando-se em resquícios estelares,
a bateria presa a um ponto qualquer do espaço,
movimentando-se em padrões circulares.
Ainda há tempo para Karoli improvisar em límpida guitarra acústica
e num violino tocado pela luz do Ganges.
Na parte final, o baixo vai na dianteira banhando-se
em aquáticas ondulações dos teclados,
tudo inesperadamente sugado
por um buraco negro em desvario concêntrico,
os instrumentos peneirados no cosmos e Suzuki acordando da câmara de sono,
exaltado com novas vistas além.
“Aumgn” e “Peking O” são de outra nascença,
toda a sequência do primeiro é inimitável na música popular
e abala-nos profundamente, mas no segundo
já é fácil soltarmos um sorriso nervoso face a toda aquela neurose extravagante.
“Aumgn”, distorção animalesca do som sagrado Aum (ou Om),
nunca apareceria num disco dos Moody Blues, vá não vamos brincar,
mete tanto medo como “Nature Unveiled” dos Current 93
ou “Saint Of the Pit” de Diamanda Gàlas.
Há vibrações, ruídos e lamentações,
contrabaixos sufocados para surtirem o efeito cavernoso,
a devoção vinda do susto, instrumentos atirados ao chão;
há pânico, gritos, berros e urros,
é impressão minha ou Suzuki chega a ladrar,
transfigurado em lobisomem no estúdio?
A visita correu mal, somos apanhados no meio de mil tambores
que criam uma sequência impressionante,
os teclados indicam erro, a percussão insistente redobra a cadência,
urros abafados e num abrir e fechar de olhos estamos a salvo,
toca a conquistar outro planeta, teremos sorte desta vez?
Não, a julgar pelo discurso de camisa-de-força
do ditador na tribuna de “Peking O”.
Ainda há um interregno lounge,
onde as caixas de ritmo adoçam a disfunção,
mas Suzuki é irredutível na sua demente personagem,
as caixas de ritmo não têm antídoto e saltitam,
Suzuki disparata com garatujas vocais,
impropérios em línguas desconhecidas,
onomatopeias atormentadas, a um passo do precipício nesta insanidade.
E o grupo com culpa no cartório, atirando-se para cima dos instrumentos:
exorcismo ou catarse?Para serenar os sentidos,
Czukay e comparsas trazem uma certa bonança em “Bring Me Coffee or Tea”,
um órgão delicioso traz bom vento
e os CAN estão de férias no País das Maravilhas,
em ácida sugestão de bebidas modificadas (Ei, Gong!)
e o álbum desloca-se em serenidade aparentemente controlada,
mas a encerrar um certo entusiasmo na despedida
deixa adivinhar que puseram qualquer coisa no chá…
“Tago-Mago” é um padrão de descobrimentos,
competindo com o marco de estrada dos Kraftwerk.

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krautrock

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12:26


Julian Cope editou em 1995 o livro Krautrocksampler, obra fundamental na redescoberta da cena “krautrock” alemã surgida em finais dos anos 60/princípios dos anos 70. Segue-se uma listagem por ordem alfabética dos 50 álbuns mais representativos do género para o bardo louco dos Teardrop Explodes.


Um breve guia para iniciar a viagem ao maravilhoso mundo da “kosmische musik”.


1. Amon Düül I - Paradieswärts Düül (1970)
2. Amon Düül II - Phallus Dei (1969)
3. Amon Düül II – Yeti (1970)
4. Amon Düül II - Carnival In Babylon (1972)
5. Amon Düül II - Wolf City (1972)
6. Ash Ra Tempel - Ash Ra Tempel (1971)
7. Ash Ra Tempel – Schwingungen (1972)
8. Ash Ra Tempel & Timothy Leary – Seven Up (1973)
9. Ash Ra Tempel - Join Inn (1973)
10. Can - Monster Movie (1969)
11. Can – Soundtracks (1970)
12. Can - Tago Mago (1971)
13. Can - Ege Bamyasi (1972)
14. Can – Delay 1968 (1981)
15. Cluster - Cluster II (1972)
16. Cluster – Zuckerzeit (1974)
17. Cluster – Sowiesoso (1996)
18. Tony Conrad w/ Faust - Outside The Dream Syndicate (1972)
19. Cosmic Jokers - Cosmic Jokers (1973)
20. Cosmic Jokers - Galactic Supermarket (1974)
21. Cosmic Jokers - Planeten Sit-In (1974)
22. Cosmic Jokers - Sci-Fi Party (1974)
23. Cosmic Jokers & Sternmadchen - Gilles Zeitschiff (1974)
24. Faust – Faust (1971)
25. Faust - So Far (1972)
26. Faust - The Faust Tapes (1973)
27. Faust – IV (1974)
28. Sergius Golowin - Lord Krishna Von Goloka (1973)
29. Guru Guru - U.F.O. (1970)
30. Harmonia - Musik Von Harmonia (1974)
31. Harmonia – Deluxe (1975)
32. Kraftwerk - Kraftwerk (1970)
33. La Dusseldorf - La Dusseldorf (1976)
34. La Dusseldorf – Viva (1978)
35. Moebius & Plank – Rastakraut Pasta (1980)
36. Neu! - Neu! (1972)
37. Neu! - Neu! 2 (1973)
38. Neu! - Neu! '75 (1975)
39. Popol Vuh – Affenstunde (1970)
40. Popol Vuh - In Den Gärten Pharaos (1971)
41. Popol Vuh - Einjäger & Siebenjäger (1974)
42. Popol Vuh - Hosianna Mantra (1972)
43. Tangerine Dream - Electronic Meditation (1970)
44. Tangerine Dream - Alpha Centauri (1971)
45. Tangerine Dream - Zeit (1972)
46. Tangerine Dream – Atem (1973)
47. Klaus Schulze – Irrlicht (1972)
48. Klaus Schulze - Black Dance (1974)
49. Walter Wegmuller – Tarot (1973)
50. Witthuser & Westrupp - Trips & Traume (1971)

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"FRAGMANTO"

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11:29




Confesso...
Tentei senti todo os universos de uma só vez...
Restaram poemas,
que são pequena formas de reconciliação
e asas que são pequenos pergaminhos escritos
em nossos sentidos para traduzirmos com poesia.
sim confesso de uma só vez...
cometi o ato-poema
e sinto-me NELE e
Perto de todos os universos
mas ainda longe de mim por completo.











João Leno Lima
13-05-09

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MOMENTÂNEO

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14:02


Ao som do relâmpago inicio o poema.
Mas antes de inicia-lo bebo as manhãs chuvosas lá fora incompreendias.
Colido com as gotas.
Há frascos-destino rachando.
Planejo palavras que nao saem,
e rabiscos poemas invisíveis sobre o poema visível.
O choque entre as nuvens dos meus pensamentos ensurdece o espírito.
ah viajantes solitários,
viajo em cada gota da chuva que irá se chocar com o solo-abismo.
suicidando-me para melhor sentir os fragmentos do todo
clamo pela eletrecidade do caos.
suspiro nos litorais-asas onde perco o foco.
bebo rimbund como se vinho fosse.
enveneno-me com as páginas mudas
meus dias ocultos a mim e nublados com sol.
clamo pelo próximo relâmpago.
penetrarei no véu das estrelas cadentes
e sentarei na pedra que separou o sonho e o poeta
quem, quem ira conter a ausência?
planto fôlegos e latejamentos.
há um quintal de delírio no quarto vulcânico.
a rua Vinte e um de Abril
são os longos degraus por onde adormeço e acordo vácuo.
quero vômita-la nos anéis de saturno fronteirissos.
quero ser a comunicação entre as nuvens.
leve-me para uma breve eternidade ó anjos
e solte-me desse cansaço de ser.
nao quero mecanismo.
nao quero formulas acabadas.
nao quero olhares de descaso.
nao quero ser possuido pela certeza fria.
nao quero ouvir minha razao kamikaze.
nao quero simplesmente flutuar.
nao quero vagar pelos ceu da boca de Deus.
entao...
ao som do relâmpago inicio o poema.






João Leno Lima

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MAR LAPSIANTE

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09:43


No leme azul dos fragmentos ,
algo poça vira um mar
que assola a consciência do grito asfixiado.

No leme azul dos fragmentos,
meus pedaços são arremessados
nas bocas úmidas do leopardo da noite.

No leme azul dos fragmentos,
a memória arranha seu corpo
com estilhaços da hora metralhada pelo destino.

No leme azul dos fragmentos,
um câncer vazio carcomida os litorais irreversíveis do ser
desbotado de delírios...

Ah! leme azul dos fragmentos
que esse navio-ser encontre a direção irremediável
do sonho-abraço recipocro.











João Leno Lima
12-05-2009

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PULSAR DESERTICO

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10:28


à Nádia


Ao Som de “Trouble”
de Elliot Smith.


Há sobre a alma um canto desolado.
Há sobre a alma uma chuva de pianos.
Há sobre a alma uma febre fragmentaria.
Há sobre a alma a sede no centro do mar da lágrima.
Há sobre a alma a pulsação que comove deus
Há sobre a alma um grito oculto vindo do feto ao encontrar a luz do mundo.
Há sobre a alma a ausência dos versos de um poema.
Há sobre a alma as mãos que vão embora.
Há sobre a alma o suor fantasmagórico das idas e vindas.
Há sobre a alma o amor as estrelas e universos de cada um.
Há sobre a alma um leve sopro de deserto.
Há sobre a alma dentes que se arranham de angustias.
Há sobre a alma mecanismos de noites de frio descamacado.
Há sobre a alma olhos que se olham mas não se sentem.
Há sobre a alma crianças brincando no útero da noite.
Há sobre a alma bêbados mergulhados em si mesmos.
Há sobre a alma lisérgicos homens despencando das escadarias da solidão.
Há sobre a alma um uivo partido.
Há sobre a alma verbos asfixiados pela mudez.
Há sobre a alma as palavras que fogem ou que nunca se fazem presentes.
Há sobre a alma o poema rabiscado que chora desprezado.
Há sobre alma a música ferozmente criada, mas mutilada pelo esquecimento.
Há sobre a alma as asas dos desejos.
Há sobre a alma o cúmplice olhar para si.
Há sobre a alma o peso recipocro de existir.
Há sobre a alma um esfarelamento de sentidos.
Há sobre a alma migalhas de horas absolutas.
Há sobre a alma túneis secretos sem saída.
Há sobre a alma papeis borrados irreversíveis.
Há sobre a alma mãos ao rosto-abrigo.
Há sobre a alma cansaço tempestuoso.
Há sobre a alma neblinas de sombras de outroras.
Há sobre a alma
Há sobre a alma
O peso de
Ser.









João Leno Lima
11-05-2009

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