PULSAR DESERTICO

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10:28


à Nádia


Ao Som de “Trouble”
de Elliot Smith.


Há sobre a alma um canto desolado.
Há sobre a alma uma chuva de pianos.
Há sobre a alma uma febre fragmentaria.
Há sobre a alma a sede no centro do mar da lágrima.
Há sobre a alma a pulsação que comove deus
Há sobre a alma um grito oculto vindo do feto ao encontrar a luz do mundo.
Há sobre a alma a ausência dos versos de um poema.
Há sobre a alma as mãos que vão embora.
Há sobre a alma o suor fantasmagórico das idas e vindas.
Há sobre a alma o amor as estrelas e universos de cada um.
Há sobre a alma um leve sopro de deserto.
Há sobre a alma dentes que se arranham de angustias.
Há sobre a alma mecanismos de noites de frio descamacado.
Há sobre a alma olhos que se olham mas não se sentem.
Há sobre a alma crianças brincando no útero da noite.
Há sobre a alma bêbados mergulhados em si mesmos.
Há sobre a alma lisérgicos homens despencando das escadarias da solidão.
Há sobre a alma um uivo partido.
Há sobre a alma verbos asfixiados pela mudez.
Há sobre a alma as palavras que fogem ou que nunca se fazem presentes.
Há sobre a alma o poema rabiscado que chora desprezado.
Há sobre alma a música ferozmente criada, mas mutilada pelo esquecimento.
Há sobre a alma as asas dos desejos.
Há sobre a alma o cúmplice olhar para si.
Há sobre a alma o peso recipocro de existir.
Há sobre a alma um esfarelamento de sentidos.
Há sobre a alma migalhas de horas absolutas.
Há sobre a alma túneis secretos sem saída.
Há sobre a alma papeis borrados irreversíveis.
Há sobre a alma mãos ao rosto-abrigo.
Há sobre a alma cansaço tempestuoso.
Há sobre a alma neblinas de sombras de outroras.
Há sobre a alma
Há sobre a alma
O peso de
Ser.









João Leno Lima
11-05-2009

Entulho Cósmico

Toda a palavra é um verso e todo o verso é um infinito

Um comentário:

  1. obrigada, meu anjo...."só eu sei teu nome mais secreto..."

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