Entranhada entre o silencio
E o grito nebuloso das tempestades
É onde esta minha alma.
Parto do principio que ainda não foi da ultima vez
Que alcancei meu ser por absoluto,
Minha memória rasga-se nascendo pequenas poças de momentos,
Quem eu sou é um vento que passeia no crepúsculo,
Quem eu fui começou a definhar na aurora,
Mesmo assim me embriago
Todos os dias de tempo e espaço,
Ah o tempo e o espaço não cabe
Dentro do meu rosto feito de invisível,
Parece que estou correndo de mim mesmo o todo o tempo,
Transformei meu ambiente de trabalho
Num universo paralelo
Que sobe pelas paredes e se refugia
Nos tubos de ventilação do acaso,
As possibilidades que se destroçam,
O vinho que evapora levando meu destino,
Cansei de cair de andares fabricados por minha própria ilusão
Se for para despencar
Que eu desça finalmente todos os abismo
E escreva lá intermináveis poesias,
Lá exatamente lá
Onde se misturam todos os elementos e todos os sentidos,
A poesia é um estado elevado de consciência,
Às vezes é uma queda elevada que espatifa e deixa irreversível,
Somos obrigados a ser a pagina em branco do nosso próprio recomeço,
E assim nasce de novo e de novo uma forma de horizonte,
E assim como num dialogo de sensações
Despeço-me do mundo dentro dele mesmo,
E assim sendo rei do meu próprio mundo
Invento a lei sub-infinita...
É proibido não haver poesia.
Na verdade é insuportável não haver poesia,
Sem poesia somos insuportáveis,
Não quero mais escrever
Quero soprar as palavras com a força de mil tornados
E fazer teu ser
Ser levado pelos confins para encontrar-se
Com todos os infinitos no mesmo segundo,
Ah nesse segundo meu corpo incapaz de ter asas
Vê minha alma sobrevoar as extremidades
Dos sonhos que a consome,
Ser consumido pelo sonho
É estar sobrevivente ao verso que te engole e te mata,
Eu perco o caminho de volta todo o tempo,
Meus passos para ir ao trabalho
E meus passos para voltar para casa
Fazem exatamente o mesmo percurso
Com a precisão calculada pelo vazio,
O vazio não é um personagem
É um órgão que se alojou em mim
E devora minha alma por dentro,
Mesmo assim leio em voz alta
A poesia que esta em mim mesmo e isso o ensurdece,
Preciso que alguém escreva um poema para mim,
Com poucas palavras, mas com versos que medem um infinito,
A culpa é da solidão,
Ela tem forma de noite inconsolável
E madrugada que congela as veias da lagrima,
Forma de horas que não se esgotam
E forma de verso escrito no cotidiano de uma intimidade,
A culpa é minha,
Escrevo versos e esse é meu ultimo refugio.
Então mergulho na tempestade
Para depois renascer oceano,
Nadando pelas extremidades
Eu encontro o destino final dos segundos,
Espalho-me pelos poros do mundo,
Não sou mais o vírus da minha própria alma,
Sou uma doença crepuscular
Que ainda assola a aurora transcendente,
Meu infinito se desprende de mim
E foge pela respiração das horas
Eu pretendo alcança-lo
Com minhas mãos cheias de poesias
Prontas para serem inesgotavelmente sentidas,
É por isso que escrevo versos
Para cada palavra virar um horizonte dentro do coração do mundo,
Desço pelas goelas e adormeço no tempo-espaço,
E permaneço lá nos hemisférios dos meus sentidos,
Apesar da desordem ainda sou um abismo de infinitudes,
Meu coração é um lugar escondido
Rodeado de nuvens que se transformaram em poemas,
Estou sendo sulgado para fora de mim,
Na madrugada escondida na extremidade do meu ser
Eu disse coisas que estavam escondidas nas profundezas da alma
E assim reencontrei a mim mesmo
Como ultima forma de sonho possível,
Quantas formas de sonhos são possíveis nas mãos
Tudo que resume um ser?
Respiro auroras e sopro crepúsculos,
Engulo as ruas e vomito longos percursos pelos universos,
Só o invisível consegue explicar-me,
E se de repente o invisível desprende-se de ti
E revelasse tua partícula intima de verdade?
Planejo sempre milhões de recomeços,
E faço planos com o mundo e com outros mundos
Mas só meu próprio infinito consegue revelar meu ser
Alem dos olhos do possível.
O meu coração é um vulcão que extrai do centro da minha alma
Os sonhos mais irreversíveis.
Só a poesia consegue me fazer sentir.
By João Leno Lima
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