Néctar

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No espaço em branco entre um sonho
e outro brota um longo vácuo cheio de mãos.

Onde me perco nas entrelinhas e avanço rumo a obscuros pontos quase luminosos no piscar de olhos do horizonte.
Semelhante ao navegador que levado pelas colossais correntezas, tentar salvar pelo menos sua face, do medo.

Nas horas baixas, mais rasas que as colheres mexendo o copo de café escaldante, subo as altas cachoeiras, como se corda fosse, e imagino chegar a superfície e deitar-me nas areias do destino que escolhi arbitrariamente.
Como o nadador que atravessando um rio e vendo o litoral, anseia por braçadas mais longas e indivisíveis.

Chegando à extremidade na terra, quero alcançar meu âmago que só é capaz de chegar ao calcanhares dos planetas distantes.
Nesse intervalo, entre as embarcações, só a há a certeza que tudo se partiu lentamente.

No pensamento mais desentrelaçado, o Homem, incapaz de não sentir, prefere ser verme a ser uma estrela, e assim reconhece a si mesmo.Como o lutador. Que estirado no chão, planeja levantar-se, não para lutar, mas sim apenas para não se envergonhar a si mesmo.

Vejo da ponte, os grossos braços do sol rasgando os vestidos das nuvens.
Depois, vejo suas cores rosadas, de final de tarde, como gigantes holofotes sobre os cabelos das ruas...

Assim,
O Néctar dos sentimentos traz-me a certeza em mim mesmo.






João Leno Lima
25-02-2010

Entulho Cósmico

Toda a palavra é um verso e todo o verso é um infinito

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