LIMIARMENTE

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Quadro do Mestre Rene Magritte.





LIMIARMENTE



Preciso encontrar o verso que traduza o intraduzível.
Aquele que produzirá dimensões
Engolidoras de bolas de fogo dos nossos destinos.
Homens, mulheres, crianças,
O abrigo nunca será minúsculo.
Preciso encontrar o verso que traduza...
Vago pela Rua Vinte e um de abril,
Pela Julio cordeiro, entre a praça e Vênus,
Entre o supermercado e as cavernas da angustia,
No alvoroço das locomotivas transbordando
E no silencioso olhar de estrelas.
Preciso encontrar o verso que traduza...
Nem a ligação telefônica nem os fraseados de blues
Que formam a trilha sonora são capazes
De encontrar o âmago,
Fui arremessado nos estreitos instantes desconhecidos
Por anjos-litorais por onde caminho sobre suas pálpebras
Por certezas que sobrevoam as ruas
Como pássaros descompassados delirantes.
Mesmo assim preciso encontrar o verso que traduza o intraduzível.
Confesso, não há nada nem ninguém
Além de mim na extremidade.
Nada
Além de doses cavalares de silencio,
Gemidos-antidotos balbuciando pianos,
Gotas de mãos caindo feito chuva desencarnada,
Germes que saem dos cabelos dos sentidos.
E cala-me!
Nenhum sentido além das esquinas e dos camelôs invisíveis,
Nenhum sentido além dos outdoors do acaso,
Nenhum sentido além dos vultos
Que sobem e descem dos ônibus pedindo a si mesmos,
Nenhum sentido além das escadarias do momento desmagico.
Não, ainda preciso encontrar o verso que traduza,
Essa...
Impaciência inatingível, essa inquietação herdada
Dos abismos, esse desejo fugitivo que
Veio com o sangue das nuvens, essa
Pressa elementar passada
Subconscientemente pelos cometas,
Essa materia-queda que ouviu os
Conselhos da chuva essa desmotivação
Motivada pelas horas gesticuladoras.
Esses dedos tocando o rosto como um
Poeta escrevendo um verso.
Olhares se entrelaçando como rios e peixes
Como um poeta no centro do poema,
Gestos contidos do bebe dialogando com o novo mundo
Como um poeta procurando o primeiro verso,
Seres enormes carregando nos
Braços o espírito numa tarde Celestial,
Como um poeta Levando nos colos seus novos versos para serem lidos,
Sorrisos colidindo com
Os raios solares e criando rajadas
Que penetram nos poros do impossível que baixa a guarda
E desliza sobre as
Linhas do poema.






Cala-te!




Não passas do encontro das águas das lagrimas de Deus
Sob a consciência coletiva da natureza,
Não passas de lábios tocando no vento
E mudando seu percurso rumo
As extremidades dos desejos demasiadamente humanos
Não passas do dialogo eterno entre os anjos,
Não passas da profanação entre
Homens e mulheres sob a benção dos deuses,
Não passa de matéria escura
Que compõe todo o universo perfeito,
OH poeta!
Não percebes que não há palavras que defina?
Não percebes que o intraduzível
É a tradução que compõe os seres?

































João Leno Lima
03-07-2009

Entulho Cósmico

Toda a palavra é um verso e todo o verso é um infinito

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