SERENO

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17:20



Caio no silencio...


não grito

apenas caio no silencio...

nada de gemidos

subitamente caio no silencio

num véu incomunicável

na esfera muralhiana das incertezas.

Caio no silencio

como aquele derremoto no chile

ou o furacão vestido de jazz

sim...caio no silencio

como o amigo indefeso que precisa de braços

como essas paredes que não se lembram

meu deus...caio no silêncio

as vozes todas nas ruas exteriores

a procisao de música que desprezo

os diálogos por baixo das superfícies da chuva

na glória de mais um dia

na carta de desdida do sol para mais esse dia

soliciando considerações para a noite

a lua que não vejo a séculos de horas

no espanto de possuir a palavra

tudo se faz e refaz

e em algum lugar alguém silencia

o onipresentamente alguém grita

e a vida segue independente das constatações

o interior dos poetas é o interior das crianças

e ao abir o olhos para mais um dia

e ao fechar os olhos nas madrugadas

traduzo minha elementar presença ausente em tudo.






João Leno Lima

Entulho Cósmico

Toda a palavra é um verso e todo o verso é um infinito

Um comentário:

  1. Como sempre perfeito, a beleza do silêncio é incoparável, então "eu caio no silêcio"

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