CALANDO O IMPOSSIVEL

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12:04



Mergulho minha alma no teu impossível
e procuro-te no âmago do sonho.
forças tempestuosas vagam caminhando por
meu litoral escuro com pegadas que pesam toneladas
de chuvas intimas absolutas.
memórias que passeiam de bicicleta
na ponte que me separa de mim mesmo.
um cão salivador de diálogos impenetráveis
escarra seu coração feito de vulcão sufocado
no peito arreganhado do delírio.
meu sonho percorre pisando em vidraças
que estraçalham seus pés defecados de medo.
onde esta o passaro da minha eternidade?
teu útero engole o céu e vomita-o
na minha ânsia de vomito ao ver as
faces verdadeiras dos desejos.
meu olhar vai percorrendo-te lentamente,
na escuridão dos assoalhos da loucura
na angustia indescritível de corpos dilacerados
ele vai se arrastando pelos becos cheios de nevoas
dos teus poros com a certeza de percorrer um labirinto
que me gira por dentro e assola-me por fora,
meu olhar vai atravessando os túneis da inconsciência
bebendo da relva do destino
e tropeçando nos muros deslibertos só
apos o vinho enluarado de todos os
planetas possíveis e impossíveis.
como um monstro ele vai adquirindo camadas supremas
de gelo e fogo
e construções labirínticas de chaves feitas de flores
dos poetas malditos e galáxias rabiscados por deus e
outras poesias impenetráveis onde só sua calda eu passaria séculos para
percorrer por completo.
todas as almas aglomeradas têm a substancias perfeita
que inspira a poesia a seguir em todas as direções inimagináveis
esse olhar afunda seu pescoço no
oceano de gravidades impactantes e
materializa-se em tubarões bretchanos e
caranguejos ancarjos que lambem
sua carcaça de vidro vulto volumoso,
densas camadas de sonhos e vitros mares cheio de versos ocultos
que se misturam a insertos vampiros chupadores do
sangue azul escuro da noite
que me dizem que a insanidade não esta no corpo
e sim no ato mais poético da alma
e a alma esta composição química entre
a lógica do universo e a lógica dos homens.
tudo esta evoluindo em dosagens perfeitas
e equilíbrio imediato.
mesmo assim meu olhar arranca meus braços e
cospe minhas sensações suaves
deixando com o gosto amargo de ter devorado milhões de
blocos de fracassos ao mesmo tempo
rindo de si mesmo e do mundo
o mundo esse sambista desafinado
que abandona seu par para se encontrar
com o vazio de coisas efêmeras
por motivos efêmeros
despropositadamente esvaziantes,
leis da natureza,
morte, centelhas de vida e necessidades básicas,
encontros casuais consigo mesmo
e animais feridos por simples afetos não realizados.
ah meu olhar deixa-me mais uma vez ensangüentado
como um lobo perdido no coração das horas,
ao ver que fui apenas o verme que
passou milhões de segundos multiplicados por
milhões de segundos intermináveis
para entender como é precária a ausência
precisa ausência que novamente em mim renasce.
mas o que tanto me ausenteia?
incendeio campos e causo enchentes no outro lado do meu cérebro
e mesmo assim sinto-me insatisfeito assim com
minha forma pelicana de voar com asas de
relâmpago e planando como um icaro com corpo de nuvem
tremulando de frio e distante que
compõe a paisagem da cidade febril com
constelações sublimes de cores que se recompõe com
átomos recipocros a poesia.
meu olhar agora sente medo...
demasiado medo dentro das crateras das lembranças.
Medo; qual substancia fantasmática me
aconselharias para te subverter?
qual frase falaria no meu ouvido no qual pudesse eu
sair do transe da anti-memoria?
qual passeio me levaria para eu não me sentir mais na
contra mão de mim mesmo?
e tu solidão desse medo?
Olhas-me com medo além do medo marginal da sombra?
Me deixarás acuado antes de encontrar-me preso
as tuas perversões mágicas pelos braceletes das madrugadas invisíveis?
oh solidão dos poetas que também é a minha mas
na verdade a solidão é um congresso onírico de sensações colossais,
na verdade tu solidão, não existe;
o que existe é a desistência de sentir profundamente os versos da alma.
instantes vagando e vagando e eu poderia falar de desertos mas
estou entre estrelas
e meu olhar desarticulando as prisões do impossível
encontra submergindo em mim sem fronteiras os
corredores sanguíneos do inesgotável
sempre a encontrar confessadamente em mim
e em tudo o absoluto supremo absoluto
no âmago do sonho.





João Leno Lima 12 de Dezembro de 2008.

Entulho Cósmico

Toda a palavra é um verso e todo o verso é um infinito

Um comentário:

  1. o admira_dor se pergunta a quem é dedicado os encatadores versos do poeta que é admirado...

    é inevitável tal pergunta
    e também logo em seguida vem o pensamento de que tal pergunta não será respondida.

    seria uma violação da mágia do inexplicável?

    enfim. sabes que sou sua fã (:





    p.s. mas se me responderes um dia eu fico grata

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