O AMANTE INVISIVEL DA INFINITUDE

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Fotografia de Rodney Smith



Tu me propões o universo?
Arrancas de mim a sublime angustia
Despedaça o inalcançável
Alvoroça todas as infinitudes
Fragmenta-me com ilusões possíveis
Fazer-me vê o impossível ao longe,
Faz-me despencar de mim mesmo
Num precipício inabitável,
Dinamita as memórias fotograficamente tênuas,
Faz-me respirar os mecanismos da natureza,
Provar as amargas galáxias distantes,
Tira-me a desolação de mim para mim,
Promete alcançar-me num abismo de relatividades,
Viajar comigo a procura de outros universos,
Olhar-me como uma criança com febre de si mesma,
Traduzir os significados do acaso,
Soltar minha mão na extremidade do absoluto,
Sou tua inconsciência consciente,
Sou aquele ausente que te faz companhia,
Quero desvendar contigo os símbolos imateriais,
Quero estar contigo quando morreres
No alem de mim e voltares para me buscar alem de ti,
Como o inserto salvo pelo gigante-poeta num pequeno oceano,
Assim como o verso que vê a luz através do sublime sentir,
Quero sentir a profundidade da tua alma e da minha
Escrevendo uma poesia.
Ao mergulhar no tempo-espaço eu mergulho em ti,
E desvendo o sentido intimo das coisas,
Os mistérios oceânicos inexplicáveis
As leis da natureza
E das divinas comedias transcendentais,
Tubarões e meteoros se entrelaçam quando te escavo
Trens me levam para o outro lado do mundo e
Chocam-se com tuas asas semi recolhidas,
Carros astrais flutuando acima do meu ombro
Atropelam tuas caldas roubadas dos cometas,
Os eus de Fernando Pessoa me pisoteando,
A inesgotável matemática da poesia
O meu impossível respirando teu soluço lagrimejante,
E Todos os universos numa só alma
E toda a poesia numa só linguagem
Rendo-me ao teu inesgotável universo infinito.


By João Leno Lima

Entulho Cósmico

Toda a palavra é um verso e todo o verso é um infinito

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