Os super-ricos do mundo

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Os multimilionários prosperam e as desigualdades aprofundam-se quando as economias "recuperam"

por James Petras

As operações de salvamento de bancos, especuladores e industriais cumpriram o seu verdadeiro objectivo: os milionários passaram a multimilionários e estes ficaram ainda mais ricos. Segundo o relatório anual da revista de negócios Forbes, há 1210 indivíduos – e em muitos casos clãs familiares – com um valor líquido de mil milhões de dólares (ou mais). O seu valor líquido total é de 4,5 milhões de milhões de dólares, maior do que o valor total de 4 mil milhões de pessoas em todo o mundo. A actual concentração de riqueza ultrapassa qualquer período anterior da história; desde o Rei Midas, os Marajás, e os Barões Ladrões [1] até aos magnates de Silicon Valley [2] e Wall Street na actual década.


Uma análise da origem da riqueza dos super-ricos, a sua distribuição na economia mundial e os métodos de acumulação esclarece diversas diferenças importantes com profundas consequências políticas. Vamos identificar essas características especiais dos super-ricos, a começar pelos Estados Unidos e faremos depois uma análise ao resto do mundo.


Os super-ricos nos Estados Unidos: os maiores parasitas vivos
Os EUA têm a maior parte dos multimilionários do mundo (413), mais de um terço do total, a maior proporção entre os grandes países do mundo. Um olhar mais de perto também revela que, entre os 200 multimilionários do topo (os que têm 5,2 mil milhões de dólares ou mais), 57 são dos EUA (29%). Mais de um terço fez fortuna através da actividade especulativa, da predação da economia produtiva e da exploração do mercado imobiliário e de acções. Esta é a percentagem mais alta de qualquer dos principais países na Europa ou na Ásia (com a excepção da Inglaterra). A enorme concentração de riqueza nas mãos desta pequena classe dirigente parasita é uma das razões por que os EUA têm as piores desigualdades de qualquer economia avançada e se situa entre as piores em todo o mundo.

Os especuladores não empregam trabalhadores, servem-se de expedientes fiscais e de operações de salvamento e depois pressionam cortes no orçamento social, dado que não precisam de uma força de trabalho saudável e instruída (excepto no que se refere a uma pequena elite). Em 1976, 1% da população mundial detinha 20% da riqueza; em 2007 dominava 35% da riqueza total. Oitenta por cento dos americanos possuem apenas 15% da riqueza. As recentes crises económicas, que inicialmente reduziram a riqueza total do país, fizeram-no de modo desigual – atingindo de modo mais grave a maioria dos operários e empregados. A operação de salvamento Bush-Obama levou à recuperação económica, não da "economia em geral", mas restringiu-se a reforçar ainda mais a riqueza dos multimilionários – o que explica porque é que a taxa de desemprego e subemprego ficou praticamente na mesma, porque é que a dívida fiscal e o défice comercial aumentam e o estado baixa os impostos às grandes empresas e reduz os orçamentos municipais, estatais e federais. O sector "dinâmico" formado por capitalistas parasitas emprega menos trabalhadores, não exporta produtos, paga impostos mais baixos e impõem maiores cortes nas despesas sociais para os trabalhadores produtivos.

No caso dos multimilionários dos EUA, a sua riqueza é fortemente acrescida através da pilhagem do erário público e da economia produtiva e através da especulação no sector das tecnologias de informação que alberga um quinto dos multimilionários do topo.
BRIC: Os novos multimilionários: A explorar o trabalho da natureza


Os principais países capitalistas emergentes, Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC), elogiados pelos meios de comunicação pelo seu rápido crescimento na última década, estão a produzir multimilionários a um ritmo mais rápido do que qualquer bloco de países do mundo. Segundo os últimos dados no Forbes (Março de 2011), o número de multimilionários no BRIC aumentou mais de 56% de 193 em 2010 para 301 em 2011, ultrapassando os da Europa.


O forte crescimento do BRIC levou à concentração e centralização de capital, em todos os casos promovidos pelas políticas de estado que proporcionam empréstimos a juros baixos, subsídios, incentivos fiscais, exploração ilimitada de recursos naturais e mão-de-obra, expropriação dos pequenos proprietários e privatização de empresas públicas.


O crescimento dinâmico de multimilionários no BRIC levou às desigualdades mais flagrantes em todo o mundo. Nos países do BRIC, a China lidera o caminho com o maior número de multimilionários (115) e as piores desigualdades em toda a Ásia, em profundo contraste com o seu passado comunista quando era o país mais igualitário do mundo. Um exame da origem da riqueza dos super ricos na China revela que provém da exploração da força de trabalho no sector da manufactura, da especulação no imobiliário e da construção e comércio. EM 2011, A China ultrapassou os EUA enquanto maior fabricante do mundo, em consequência da super-exploração da mão-de-obra na China e do crescimento de capital financeiro parasitário nos EUA.


Em contraste com os EUA, a classe trabalhadora da China está a fazer incursões significativas nas receitas da sua elite de manufacturas e de imobiliário. Em consequência da luta da classe trabalhadora, os salários têm vindo a aumentar entre 10% a 20% nos últimos 5 anos; os protestos dos agricultores e das famílias urbanas contra as expropriações feitas pelos especuladores imobiliários e sancionadas pelo estado ultrapassaram os 100 mil por ano.


A riqueza dos multimilionários russos, por outro lado, resultou do violento roubo dos recursos públicos (petróleo, gás, alumínio, ferro, aço, etc.), explorados pelo anterior regime. A grande maioria dos multimilionários russos depende da exportação de bens, da pilhagem e da devastação do ambiente natural sob um regime corrupto e sem regulamentação. O contraste entre as condições de vida e de trabalho entre os multimilionários virados para o ocidente e a classe trabalhadora russa é sobretudo o resultado do escoamento da riqueza para contas ultramarinas, investimentos offshore e luxos pessoais extraordinários, incluindo propriedades de muitos milhões de dólares. Em contraste com a elite industrial da China, os multimilionários da Rússia parecem-se com os 'senhorios' parasitas que se encontram entre os especuladores de Wall Street e os xeiques do Golfo Pérsico.


Os multimilionários da Índia são uma mistura de ricos antigos e novos ricos que amontoam a sua riqueza através da exploração dos trabalhadores industriais de salários baixos, das populações de bairros pobres expropriados e dos povos tribais, assim como da posse diversificada de imobiliário, tecnologia informática e software. Os multimilionários da Índia acumularam a sua riqueza através das suas ligações familiares com os escalões mais altos, muito corruptos, da classe política, assegurando monopólios através de contratos com o estado. O forte crescimento da Índia na última década (7% em média) e a explosão de multimilionários de 55 para 2011, estão ambos ligados às políticas neo-liberais de desregulamentação, privatização e globalização, que concentraram a riqueza no topo, corroeram os produtores em pequena escala e espoliaram dezenas de milhões.


A classe multimilionária do Brasil aumentou rapidamente, em particular sob a direcção do Partido dos Trabalhadores, para 29, acima do número de um só dígito uma década antes. Hoje, mais de dois terços dos multimilionários da América Latina são brasileiros. A peça central da riqueza dos super ricos do Brasil é o sector finanças-banca que beneficiou fortemente das políticas monetária, fiscal e neo-liberal do regime de Lula da Silva. Os banqueiros multimilionários têm sido os principais beneficiários da economia de exportação agro-mineral que floresceu na última década, à custa do sector de manufacturas. Apesar das afirmações dos líderes do Partido dos Trabalhadores, as desigualdades de classe entre a massa dos trabalhadores de salário mínimo (380 dólares por mês em Março de 2011) e os super-ricos continuam a ser as piores da América Latina. Uma análise da origem da riqueza entre os multimilionários brasileiros revela que 60% aumentaram a sua riqueza no sector finanças, imobiliário e seguros (FIRE) e só um deles (3%) no sector de capital ou manufactura intermédia.

A explosão do Brasil em crescimento económico e em multimilionários encaixa no perfil de uma 'economia colonial': com grande peso no consumo excessivo, na exportação de bens e presidido por um sector financeiro dominante que promove políticas neoliberais. No decurso da última década, apesar do teatro político populista e dos programas de pobreza paternalistas patrocinados pelo Partido dos Trabalhadores "centro-esquerda", o principal resultado sócio-económico foi o crescimento duma classe de multimilionários "super-ricos" concentrados na banca com poderosas ligações aos sectores do agro-mineral. A classe financeira-agro-mineral, de forte crescimento via mercado livre, degradou o sector de manufactura, principalmente os têxteis e os sapatos, assim como os produtores de bens de capital e intermédios.


Os países BRIC estão a produzir mais, e a crescer mais depressa do que as potências imperialistas estabelecidas na Europa e nos EUA, mas também estão a produzir desigualdades e concentrações monstruosas de riqueza. As consequências sócio-económicas já se manifestaram no aumento do conflito de classes, principalmente na China e na Índia, onde a exploração intensiva e a expropriação provocaram a acção das massas. A elite política chinesa parece estar mais consciente da ameaça política colocada pela concentração crescente da riqueza e encontra-se em vias de promover aumentos substanciais de salários e um maior consumo local que parece estar a reduzir as margens de lucro nalguns sectores da elite de manufacturas. Talvez que a 'memória histórica' da 'revolução cultural' e a herança maoista desempenhe o seu papel no alerta da elite política para os perigos políticos resultantes dos "excessos capitalistas" associados aos altos níveis de exploração e ao rápido crescimento duma classe de clãs politicamente relacionados, baseados em multimilionários.


Médio Oriente


Na última década, o país mais dinâmico no Médio Oriente foi a Turquia. Dirigido por um regime democrático liberal de inspiração islâmica, a Turquia tem liderado a região no crescimento do PIB e na produção de multimilionários. O desempenho económico turco tem sido apresentado pelo Banco Mundial e pelo FMI como um modelo para os regimes pós ditatoriais no mundo árabe – de 'alto crescimento', uma economia diversificada baseada na crescente concentração de riqueza.

A Turquia tem mais 35% de multimilionários (37) do que os estados do Golfo e do Norte de África em conjunto (24). O 'segredo' do crescimento turco é as altas taxas de investimento em diversas indústrias e a exploração intensiva da força de trabalho. Muitos multimilionários turcos (14) obtêm a sua riqueza através de 'conglomerados', investimentos em diversos sectores de manufactura, finança e construção. Para além dos multimilionários de 'conglomerados', há 'multimilionários especialistas' que acumularam a sua riqueza a partir da banca, da construção e do processamento de alimentos. Uma das razões de a Turquia ter censurado e desafiado o poder de Israel no Médio Oriente é porque os seus capitalistas estão ansiosos por projectar investimentos e penetrar nos mercados do mundo árabe. Com excepção do sistema político americano, fortemente sionizado, as elites governantes e o público na Europa e na Ásia encararam favoravelmente a oposição da Turquia aos massacres israelenses em Gaza e à violação da lei internacional em águas marítimas. Se um moderno regime islâmico liberal pode crescer rapidamente através da rápida expansão duma classe diversificada de super-ricos, o mesmo acontece com Israel, um moderno estado judaico-neoliberal baseado no rápido crescimento duma classe de multimilionários altamente diferenciada.


Israel, com 16 multimilionários é um país em que as desigualdades de classe crescem mais rapidamente na região – com o mais alto número de multimilionários per capita do mundo… Os "sectores de crescimento" de Israel, software, indústrias militares, finança, seguros e diamantes e investimentos ultramarinos em metais e minas, são liderados por multimilionários e multi-multimilionários que beneficiaram das dádivas financeiras induzidas pelos sionistas, provenientes da pilhagem de recursos feita pelos EUA nos países da ex-URSS e da transferência de fundos pelas oligarquias russas-israelenses e também de empreendimentos conjuntos com multimilionários judaico-americanos em empresas de software, principalmente no sector de "segurança".


A alta percentagem de multimilionários em Israel, numa época de profundos cortes nas despesas sociais, desmente a sua afirmação de ser uma 'social-democracia' no meio dos 'xeicados'. A propósito, Israel tem o dobro de multimilionários (16) da Arábia Saudita (8) e mais super-ricos do que todos os países do Golfo juntos (13). O facto de Israel ter mais multimilionários per capita do que qualquer outro país não impediu os seus apoiantes sionistas nos EUA de pressionarem por uma ajuda adicional de 20 mil milhões de dólares na década passada. Contrariamente ao passado, a actual concentração de riqueza de Israel tem menos a ver com o facto de ser o maior recebedor de ajuda estrangeira… as doações a Israel são uma questão política: o poder sionista sobre a bolsa do Congresso. Dada a riqueza total dos multimilionários de Israel, um imposto de cinco por cento seria mais que compensador de qualquer corte da ajuda externa dos EUA. Mas isso não vai acontecer apenas porque o poder sionista na América impõe que os contribuintes americanos subsidiem os plutocratas de Israel, pagando-lhes o seu armamento ofensivo.


Conclusão


As "crises económicas" de 2008-2009 infligiram apenas perdas temporárias a alguns multimilionários (EUA-UE) e a outros não (asiáticos). Graças às operações de salvamento de milhões de milhões de dólares/euros/ienes, a classe multimilionária recuperou e alargou-se, apesar de os salários nos EUA e na Europa terem estagnado e os 'padrões de vida' terem sido atingidos por cortes maciços na saúde, na educação, no emprego e nos serviços públicos.
O que é chocante quanto à recuperação, crescimento e expansão dos multimilionários mundiais é como a sua acumulação de riqueza depende e está baseada na pilhagem de recursos do estado; como a maior parte das suas fortunas se basearam nas políticas neoliberais que levaram à apropriação a preços de saldos de empresas públicas privatizadas; como a desregulamentação estatal permite a pilhagem do ambiente para a extracção de recursos com a mais alta taxa de retorno; como o estado promoveu a expansão da actividade especulativa no imobiliário, na finança e nos fundos de pensões, enquanto encorajava o crescimento de monopólios, oligopólios e conglomerados que captaram "super lucros" – taxas acima do "nível histórico". Os multimilionários no BRIC e nos antigos centros imperialistas (Europa, EUA e Japão) foram os principais beneficiários das reduções fiscais e da eliminação de programas sociais e de direitos laborais.


O que é perfeitamente claro é que é o estado, e não o mercado, quem desempenha um papel essencial em facilitar a maior concentração e centralização de riqueza na história mundial, quer facilitando a pilhagem do erário publico e do ambiente, quer aumentando a exploração da força de trabalho, directa e indirectamente.


As variantes nos caminhos para o estatuto de 'multimilionário' são chocantes: nos EUA e no Reino Unido, predomina o sector parasita-especulativo sobre o produtivo; entre o BRIC – com excepção da Rússia – predominam diversos sectores que incorporam multimilionários da manufactura, do software, da finança e do sector agro-mineral. Na China, o abissal fosso económico entre os multimilionários e a classe trabalhadora, entre os especuladores imobiliários e as famílias expropriadas levou ao aumento do conflito de classes e a desafios, forçando a aumentos significativos de salários (mais de 20% nos últimos três anos) e à exigência de maiores gastos públicos na educação, saúde e habitação. Nada de comparável está a acontecer nos EUA, na UE ou noutros países do BRIC.


As origens da riqueza dos multimilionários são, quando muito, devidas apenas em parte a 'inovações empresariais'. A sua riqueza pode ter começado, numa fase inicial, a partir da produção de bens ou serviços úteis; mas, à medida que as economias capitalistas 'amadurecem' e se viram para a finança, para os mercados ultramarinos e para a procura de lucros mais altos, impondo políticas neoliberais, o perfil económico da classe multimilionários muda para o modelo parasita dos centros imperialistas instituídos.


Os multimilionários nos BRIC, a Turquia e Israel contrastam fortemente com os multimilionários do petróleo do Médio Oriente que são rentistas que vivem das 'rendas' da exploração do petróleo, do gás e dos investimentos ultramarinos, em especial do sector FIRE. Entre os países BRIC, só a oligarquia multimilionária russa se parece com os rentistas do Golfo. O resto, em especial os multimilionários chineses, indianos, brasileiros e turcos, tiraram partido das políticas industriais promovidas pelo estado para concentrar a riqueza sob a retórica de 'paladinos nacionais', que promovem os seus próprios 'interesses' em nome duma 'economia emergente de sucesso'. Mas mantêm-se as questões básicas de classe: "crescimento para quem? e a quem é que beneficia?" Até agora, o registo histórico mostra que o crescimento de multimilionários tem-se baseado numa economia altamente polarizada em que o estado serve a nova classe de multimilionários, sejam especuladores parasitas como nos EUA, rentistas saqueadores do estado e do ambiente, como na Rússia e nos estados do Golfo, ou exploradores da força de trabalho como nos países BRIC.

 
Post Scriptum


A revolta árabe pode ser vista em parte como uma tentativa de derrubar os 'clãs capitalistas de rentistas. A intervenção ocidental nas revoltas e o apoio das elites militares e políticas da "oposição" é um esforço para substituir uma classe governante capitalista 'neoliberal'. Essa "nova classe" será baseada na exploração da mão-de-obra e na expropriação dos actuais possuidores dos recursos clã-família-amigos. As principais empresas serão transferidas para multinacionais e capitalistas locais. Muito mais promissoras são as lutas internas dos trabalhadores na China e, em menor grau, no Brasil e no campesinato rural maoista e movimentos tribais na Índia, que se opõem à exploração e à expropriação de rentistas e capitalistas.

NT
[1] Barão ladrão – termo pejorativo usado para um poderoso homem de negócios e banqueiro americano do século XIX.
[2] Sillicon Valley – situa-se a Sul da área da baía de S. Francisco, na Califórnia. Esta região alberga muitas das maiores companhias de tecnologia electrónica do mundo.


O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=23907 .


Tradução de Margarida Ferreira.

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ARTE É FATO – TERCEIRA EDIÇÃO

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ARTE É FATO – TERCEIRA EDIÇÃO

Edição: João Leno Lima e Leila Leile.

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Nova operação colonial contra a Líbia

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por Domenico Losurdo [*]

Não satisfeitos com o bloqueio solitário de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU condenando o expansionismo de Israel na Palestina ocupada, os Estados Unidos vêm hoje se apresentar novamente como os intérpretes e campeões da "comunidade internacional". Convocaram o Conselho de Segurança, e não foi para condenar a intervenção das tropas sauditas em Bahrein, mas sim para exigir e finalmente impor o lançamento da "no-fly zone" e outras medidas guerreiras contra a Líbia.


Algumas medidas agressivas já eram tomadas unilateralmente por Washington e por alguns de seus aliados, como a aproximação da frota militar americana das costas da Líbia e o apelo ao instrumento clássico da política do canhão. Mas Obama não parou por aí: nestes últimos dias vinha intimando Kadafi de modo ameaçador a abandonar o poder e pressionava o exército líbio a dar um golpe de Estado.


Mais grave ainda, desde há algum tempo os agentes estadunidenses, juntos com os da França e Grã-Bretanha, vinham deixando os funcionários líbios diante de um dilema: ou passar para o lado dos rebeldes ou serem processados perante o Tribunal Penal Internacional e passarem os restos das suas vidas encarcerados por "crimes contra a humanidade".


A fim de dar cobertura à retomada das práticas colonialistas mais infames, o gigantesco aparelho midiático de manipulação e desinformação lançou sua campanha e, entretanto, basta ler com atenção a própria imprensa burguesa para perceber o engodo. Por exemplo, diz-se há dias que a aviação de Kadafi bombardeia a população civil. Mas em 1° de março o jornal La Stampa escreve, pag. 6, e pela pena de Guido Ruotolo: "É verdade, provavelmente não houve bombardeio".


Mudou radicalmente a situação nos dias seguintes? Dia 16 de março, Lorenzo Cremonesi escreve de Tobruk no Corriere della Sera: "Como já aconteceu nas outras localidades onde interveio a aviação, o que houve foram apenas raids de advertência". "Eles queriam assustar; muito barulho por nada", disse-nos pelo telefone um dos porta-vozes do governo provisório. São, portanto, os próprios rebeldes que desmentem os 'massacres' invocados para justificar a intervenção 'humanitária'.


A propósito dos rebeldes. Eles são celebrados dia após dia como os campeões da democracia em toda a sua pureza, eis porém a forma como foi relatada por Lorenzo Cremonesi, no Corriere della Sera de 12 de março, sua retirada frente à contra-ofensiva do exército líbio: "Na confusão geral, acontecem também atos de pilhagem. O mais notório é o do hotel El Fadeel, de onde levaram televisores, colchões, cobertores, transformaram as cozinhas em lixeiras e os corredores em acampamentos imundos". Não parece ser o comportamento de um exército de liberação, e o mínimo que se pode dizer é que a visão maniqueísta do conflito na Líbia não tem o menor fundamento.


Há mais. A cada dia denunciam as "atrocidades" da repressão na Líbia. Mas, falando de Bahrein, conta Nicholas D. Kristoff no International Herald Tribune: "No curso destas ultimas semanas, vi cadáveres de manifestantes, quase todos executados de perto por armas de fogo, vi uma moça retorcendo-se de dor após ter sido espancada, vi o pessoal das ambulâncias ser golpeado por tentar salvar manifestantes".


Um vídeo de Bahrein mostra o que parecem ser forças de segurança atingir com uma bomba lacrimogênea um homem de meia-idade e desarmado, a poucos metros delas. O homem cai no chão e tenta levantar-se. Atiram então nele, na cabeça, outra bomba. Caso não seja suficiente, vale lembrar que "nestes últimos dias, as coisas vão de mal a pior". Antes mesmo da repressão, é na vida quotidiana que a violência se expressa; a maioria xiita é submetida a um regime de "apartheid".


Para reforçar o aparelho de repressão, agem os "mercenários estrangeiros" com tanques de assalto, armas e gás lacrimogêneo estadunidenses. O papel dos Estados Unidos é decisivo, como o explica o jornalista do International Herald Tribune, ao contar um episódio por si esclarecedor: "Umas semanas atrás, um colega meu do New York Times, Michael Slackman, foi capturado pelas forças de segurança de Bahrein. Ele me contou que chegaram a apontar-lhe armas. Receoso de alguém atirar nele sem mais nem menos, ele pega seu passaporte e grita que é jornalista dos Estados Unidos. A partir dali, o humor do grupo muda de repente. O chefe chega perto dele, aperta a sua mão e muito animado, lhe diz "Não se preocupe. Nós gostamos dos Estados Unidos!".


De fato, a Quinta Frota dos Estados Unidos tem base em Bahrein. Inútil dizer que tem como dever defender ou impor a democracia: sempre que não seja em Bahrein ou mesmo no Iêmen, e sim… na Líbia ou em algum outro país que, por sua vez, entre na mira de Washington.


Por mais repugnante que seja a hipocrisia do imperialismo, não é uma razão suficiente para esconder as responsabilidades de Kadafi. Embora tenha, historicamente, o mérito de ter acabado com a dominação colonial e as bases militares que intimidavam seu país, ele não soube estabelecer uma camada dirigente bastante ampla. Além do mais, utilizou os lucros do petróleo para construir improváveis projetos "internacionalistas" sob a bandeira do "Livro Verde", em vez de desenvolver uma economia nacional, moderna e independente.

Perdeu-se assim uma oportunidade única de pôr fim à estrutura tribal da Líbia e ao antigo dualismo entre Tripolitânia e Cirenáica, e de contrapor uma sólida estrutura econômico-social diante das manobras renovadas e das pressões do imperialismo.
E temos não obstante, de um lado, um líder do Terceiro Mundo que, de forma rústica, confusa, contraditória e bizarra, segue uma linha de independência nacional, enquanto, de outro lado, em Washington, um dirigente expressa de forma elegante, educada e sofisticada as razões do neocolonialismo e do imperialismo.

Somente um surdo à causa da emancipação dos povos e da democracia nas relações internacionais, ou então quem se deixa conduzir antes pelo esteticismo que pelo raciocínio político, pode alinhar-se com Obama, Cameron e Sarkozy!
Aliás, será tão elegante assim este refinado Obama que, embora condecorado com o prêmio Nobel da Paz, não leva sequer por um instante em consideração a sábia proposição dos países sul-americanos, ou seja, o convite de Chávez e outros dirigido às duas partes em luta na Líbia para que se esforcem por chegar a uma solução pacífica do conflito, em benefício da salvação e da integridade territorial do país?


Imediatamente após a votação da ONU, e indo ainda além da proposição que mal acabava de ser votada, o presidente dos Estados Unidos lançava um ultimato a Kadafi, que teve a pretensão de ação em nome da "comunidade internacional". Desde sempre, a ideologia dominante revela o seu racismo ao identificar a humanidade com o Ocidente; agora, desta vez, são excluídos da "comunidade internacional" não apenas os dois países cuja população é a mais numerosa, mas também um país chave da União Européia. Quando se coloca como intérprete da dita "comunidade internacional", Obama demonstra uma arrogância racista ainda pior do que aqueles que, no passado, reduziram os seus ancestrais à escravidão.


Será tão elegante e refinado este Cameron que, para vencer em sua casa a oposição à guerra, repete até a obsessão que ela corresponde aos "interesses nacionais" da Grã-Bretanha, como se o apetite em relação ao petróleo não fosse já bastante claro?


E que dizer enfim de Sarkozy? Nos jornais, pode-se ler tranqüilamente que, mais do que no petróleo, ele pensa nas eleições: quantos líbios o presidente francês tem necessidade de matar para que sejam esquecidos os seus escândalos, suas gafes e tenha maior possibilidade de ser reeleito?


Os jornalistas e os intelectuais da corte gostam de pintar um Kadafi isolado, acuado por um povo unido. Porém, para quem acompanha atentamente os acontecimentos, é fácil perceber o grotesco dessa representação. O voto recente no Conselho de Segurança desmascarou outra manipulação: aquela que inventa a fábula sobre uma "comunidade internacional" unida na luta contra a barbárie. Na realidade, abstiveram-se e expressaram fortes reservas China, Rússia, Brasil, Índia e Alemanha!


Os dois primeiros países não foram além da abstenção e não usaram o seu poder de veto por uma série de motivos. Pois não é fácil sempre desafiar a superpotência solitária. Não se trata apenas disso e tanto China quanto Rússia conseguiram em troca que não se enviem tropas de terra (e de ocupação colonial); evitaram intervenções militares unilaterais de Washington e de seus aliados mais próximos, semelhantes às intervenções contra a Iugoslávia em 1999 e o Iraque em 2003; tentaram conter as manobras dos círculos mais agressivos do imperialismo, que gostariam de deslegitimar a ONU e substituí-la pela OTAN e a Aliança das Democracias; enfim, apareceu uma contradição no seio do imperialismo ocidental conduzido pelos EUA, como o mostra o voto da Alemanha.


Ao fazer referência a um país como a China, dirigida por um partido comunista, deve-se observar que o compromisso que ela quis aceitar em nada engaja os povos do mundo. Mao Zedong explicou em seu tempo que as exigências de política internacional e os próprios compromissos dos países de orientação socialista ou progressista são uma coisa; outra coisa, por sua vez, é a linha política de povos, classes sociais e partidos políticos que não conquistaram o poder e por isso não estão engajados na construção de uma nova sociedade.


Fica claro então que a agressão à Líbia torna mais urgente que nunca o ressurgimento da luta contra a guerra e o imperialismo.

25/Março/2011

A tradução, de Ana Maria Dávila, encontra-se em Correio da Cidadania

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Serenidade

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De João Leno Lima

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plano secreto de Obama para armar rebeldes da Líbia

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19:31

 

por Robert Fisk

Obama pede aos sauditas uma ponte aérea com armas para Benghazi.


Desesperado para evitar o envolvimento militar dos EUA na Líbia no caso de uma luta prolongada entre o regime Kadafi e os seus opositores, os americanos pediram à Arábia Saudita que fornecesse armas aos rebeldes em Benghazi. O reino saudita, que já enfrenta um "dia da ira" proveniente do 10 por cento da comunidade muçulmana xiita, com uma proibição de todas as manifestações, até agora ainda não respondeu ao pedido altamente secreto de Washington, embora o rei Abdullah odeie pessoalmente o líder líbio, a quem tentou assassinar há pouco mais de um ano.


O pedido de Washington alinha-se com outras cooperações militares dos EUA com os sauditas. A família real em Jeddah, a qual estava profundamente envolvida no escândalo Contra durante a administração Reagan, deu apoio imediato aos esforços americanos para armar guerrilhas que combatiam o exército soviético no Afeganistão em 1980 e posteriormente – para desgosto da América – também financiou e armou o Taliban.


Mas os sauditas constituem o único aliado árabe dos EUA estrategicamente colocado e capaz de fornecer armas às guerrilhas da Líbia. A sua assistênci permitiria a Washington desmentir qualquer envolvimento militar na cadeia de fornecimento – muito embora as armas fossem americanas e pagas pelos sauditas.
Disseram aos sauditas que os oponentes de Kadafi precisam de rockets anti-tanque e morteiros como primeira prioridade para repelir ataques de blindados de Kadafi e de mísseis terra-ar para derrubar os seus caças-bombardeiros.


Os materiais poderiam chegar a Benghazi dentro de 48 horas mas precisariam ser entregues em bases aéreas na Líbia ou no aeroporto de Benghazi. Se as guerrilhas puderem então avançar para a ofensiva e assaltar as fortalezas de Kadafi na Líbia ocidental, a pressão política sobre a América e a NATO – não menor que a dos membros republicanos do Congresso – para estabelecer uma zona de interdição de voo seria reduzida.


Planeadores militares estado-unidenses já deixaram claro que uma zona desta espécie precisaria de ataques aéreos dos EUA contra o funcionamento das bases de mísseis anti-aéreos da Líbia, ainda que gravemente esgotados, portanto trazendo Washington directamente para a guerra ao lado dos opositores de Kadafi.


Durante vários dias, aviões de vigilância AWACS dos EUA têm estado a voar em torno da Líbia, fazendo contacto constante com o controle de tráfego aéreo de Malta e pedindo pormenores de padrões de voo líbios, incluindo jornadas feitas nas últimas 48 horas pelo jacto privado de Kadafi, o qual voou para a Jordânia e voltou à Líbia pouco antes do fim de semana.


Oficialmente, a NATO descreverá a presença de aviões AWACS americanos apenas como parte da sua Operation Active Endeavor pós 11/Set, a qual tem vasta autonomia para empreender medidas de contra-terrorismo na região do Médio Oriente.


Os dados dos AWACS são transferidos a todos os países da NATO sob o mandato existente da missão. Contudo, agora que Kadafi foi restabelecido como um super-terrorista no léxico ocidental, a missão da NATO pode facilmente ser utilizada para investigar alvos na Líbia se forem empreendidas operações militares activas.
O canal de televisão em inglês da Al Jazeera difundiu na noite passada gravações feitas pelo avião americano para o controle de tráfego aéreo de Malta, em que pedia informação acerca de voos líbios, especialmente o do jacto de Kadafi.


Um avião AWACS americano, matrícula número LX-N90442, podia ser ouvido a contactar a torre de controle de Malta no sábado a pedir informação acerca de um Dassault-Falcon 900 jet 5A-DCN da Líbia no seu caminho de Amman para Mitiga, o próprio aeroporto VIP de Kadafi.


Ouve-se o AWACS 07 da NATO dizer: "Tem informação acerca de um avião com a posição Squawk 2017 cerca de 85 milhas a Leste da nossa [sic]?"
O controle de tráfego aéreo de Malta responde: "Sete, isso parece ser o Falcon 900 – em nível de voo 340, com destino a Mitiga, segundo o plano de voo".


Mas a Arábia Saudita já está a enfrentar perigos de um dia de protesto coordenado pelos seus próprios cidadãos muçulmanos xiitas os quais, fortalecidos pelo levantamento xiita na ilha vizinha de Bahrain, na sexta-feira apelaram a manifestações de rua contra a família dirigente dos al-Saud.


Depois de despejar tropas e polícia de segurança no província de Qatif, na semana passada, os sauditas anunciaram uma proibição à escala nacional de todas as manifestações públicas.
Os organizadores xiitas afirmam que mais de 20 mil protestatários planeiam manifestar-se com mulheres nas linhas de frente para impedir o exército saudita de abrir fogo.


Contudo, se o governo saudita aceder ao pedido da América para enviar armas e mísseis aos rebeldes líbios, seria quase impossível para o presidente Barack Obama condenar o reino por qualquer violência contra os xiitas das províncias do Nordeste.


Portanto, no espaço de tempo de apenas umas poucas horas o despertar árabe, a exigência de democracia na África do Norte, a revolta xiita e o levantamento contra Kadafi tornaram-se embrulhados com as prioridades militares dos EUA na região.

07/Março/2011

O original encontra-se em The Independent e em http://www.countercurrents.org/fisk070311.htm

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Governo brasileiro curva-se ao imperialismo

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23:29

 

 

por PCB [*]

A vinda de Obama ao Brasil foi um gesto forte que marcou, para o Brasil e o mundo, um claro movimento de estreitamento das relações entre os governos brasileiro e norte-americano. O governo Dilma aponta para a continuidade, em nova fase, das ações de defesa dos interesses do capitalismo brasileiro no exterior.

 
A agenda midiática da visita sinaliza claramente um realinhamento do Brasil ao imperialismo norte-americano. Obama, por decisão do novo governo, foi o primeiro estadista estrangeiro a visitar o Brasil após a posse de Dilma. Mas não foi uma visita qualquer.


O governo brasileiro montou um palanque de honra e um potente amplificador para Obama falar ao mundo, em especial à América Latina, para ajudar os EUA a recuperarem sua influência política e reduzir o justo sentimento antiamericano que nutre a maioria dos povos. Nem na ditadura militar, um presidente estadunidense teve uma recepção tão espalhafatosa como a que Dilma lhe ofereceu.
Os meios de comunicação burgueses do mundo todo anunciam hoje em suas manchetes "o carinho do povo brasileiro com Obama" e a "amizade Brasil/Estados Unidos". Caiu a máscara de uma falsa esquerda que proclama a política externa brasileira como "antiimperialista".


Em verdade, o Brasil esteve três dias sob intervenção do governo ianque, que decidiu tudo, desde os acordos bilaterais a serem assinados à agenda, à segurança, à repressão a manifestações, ao itinerário, ao alojamento, às visitas e até ao cardápio de Obama. No Rio de Janeiro, a diplomacia americana e a CIA destituíram o governador e o prefeito, que queriam surfar na visita ilustre, decidindo tudo a respeito da presença de Obama na capital do Estado. Até a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, que fica na Cinelândia, foi obrigada a suspender suas atividades na sexta-feira. Foi ocupada por agentes norte-americanos e militares brasileiros para os preparativos do comício de domingo, que seria na praça em frente.


No caso da América Latina, foi um gesto de solidariedade aos EUA em sua luta contra os processos de mudança, sobretudo na Venezuela, Bolívia e no Equador e uma vista grossa ao bloqueio a Cuba Socialista e à prisão dos Cinco Heróis cubanos.
A moeda de troca para abrirmos mão de nossa soberania foi um mero aceno de apoio norte-americano à pretensão obsessiva do Estado burguês brasileiro de ocupar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, um símbolo para elevar o Brasil à categoria de potência capitalista mundial. Tudo para expandir os negócios dos grandes grupos brasileiros no mercado norte-americano e mundial.


Enganam-se os que pensam que existe contradição entre a política externa do governo Lula e a de Dilma, ambas fundamentalmente a serviço do capital. Trata-se agora de uma inflexão pragmática. Após uma fase em que o Brasil expandiu e consolidou os interesses de seus capitalistas por novos "mercados" como América Latina, África, Ásia e Oriente Médio, a tarefa principal agora é dar mais atenção aos maiores mercados do mundo, para cuja disputa segmentos da burguesia brasileira se sentem mais preparados.
Vai no mesmo sentido a vergonhosa atitude de Dilma lavar as mãos para facilitar a extradição de Cesare Battisti ao governo italiano, dirigido pelo degenerado cafetão Berlusconi, entregando um militante de esquerda na bandeja do imperialismo europeu, no exato momento em que cresce na região a resistência dos trabalhadores.


O governo brasileiro, durante os três dias em que Obama presidiu o Brasil, não fez qualquer gesto ou apelo aos EUA, sequer de caráter humanitário, pelo fim do bloqueio a Cuba, o desmonte do centro de tortura em Guantánamo, a criação do Estado Palestino, o fim da intervenção militar no Iraque e no Afeganistão.


Debochando da soberania brasileira e da nossa Constituição – que define nosso país como amante da paz mundial e da autodeterminação dos povos –, Obama ordenou os ataques militares contra a Líbia a partir do território brasileiro, exatamente em Brasília, próximo à Praça dos Três Poderes, que se ajoelharam todos diante desta humilhação ao povo brasileiro. Não se deu ao trabalho de ir à Embaixada americana, para de lá ordenar a agressão militar. Fê-lo em meio a compromissos com seus vassalos, entre os quais ministros de Estado brasileiros que se deixaram passar pelo vexame de serem revistados por agentes da CIA.


O principal objetivo da vinda de Obama ao Brasil foi lançar uma ofensiva sobre as reservas petrolíferas brasileiras do pré-sal, uma das razões da reativação da IV frota naval americana nos mares da América Latina. No caso de alguns países, o imperialismo precisa invadi-los militarmente para se apoderar de seus recursos naturais. No Brasil, bastam três dias de passagem do garoto propaganda do estado terrorista norte-americano, espalhando afagos cínicos e discursos demagógicos.


Outro objetivo importante da visita tem a ver com a licitação para a compra de aviões militares, suspensa por Dilma no início do ano, justamente para recolocar no páreo os aviões norte-americanos. Além disso, os EUA garantiram outros bons negócios na agricultura, no setor de serviços, na maior abertura do mercado brasileiro e latino-americano em geral.


Obama só foi embora fisicamente. Mas deixou aqui fincada a bandeira de seu país, no coração do governo Dilma. Cada vez fica mais claro que, no caso brasileiro, o imperialismo não é apenas um inimigo externo a combater, mas um inimigo também interno, que se entrelaçou com os setores hegemônicos da burguesia brasileira. O pacto Obama/Dilma reforça o papel do Brasil como ator coadjuvante e sócio minoritário dos interesses do imperialismo norte-americano na América Latina, como tristemente já indicava a vergonhosa liderança brasileira das tropas militares de intervenção no Haiti.


O PCB, que participou ativamente das manifestações contra a presença de Obama no Brasil, denuncia o inaudito aparato repressivo no centro do Rio de Janeiro. Repudia a repressão exercida contra ativistas políticos e se solidariza de forma militante com os companheiros presos.


Desde a época da ditadura, nunca houve tamanha repressão e restrição à liberdade de expressão e ao direito de ir e vir. No domingo, o centro do Rio de Janeiro foi cercado por tropas e equipamentos militares. Uma passeata pacífica foi encurralada por centenas de militares armados, agentes à paisana, cavalaria e tropa de choque. Nunca houve tamanho aparato militar, mobilizado pelas três esferas de governo – Federal, Estadual e Municipal –, sob o comando da CIA e do Pentágono, em clara e desavergonhada submissão ao imperialismo.


A resistência do movimento popular teve uma vitória importante: a pressão exercida levou à suspensão de um comício de Obama em praça pública, na Cinelândia, local que simboliza as lutas democráticas e da esquerda brasileira. Obama fugiu do povo e falou em local fechado para convidados escolhidos a dedo, pelo consulado americano, a nata da burguesia carioca: falsos intelectuais, empresários associados, jornalistas de aluguel, artistas globais, políticos oportunistas, deslumbrados e emergentes, enfim, uma legião de puxa-sacos que se comportaram como claque de programa de auditório de mau gosto para o chefe dos seus chefes.


Partido Comunista Brasileiro
Comitê Central – 20 de março de 2011


Esta Nota Política encontra-se em http://resistir.info/ .

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Obama representa a velha política imperialista dos EUA

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23:48

 

 

O presidente Barack Obama inicia no Brasil uma visita a três países da América Latina, e vem anunciar uma “nova etapa” nas relações dos Estados Unidos da América (EUA) com o nosso continente. Para o PCdoB, o imperialismo estadunidense não muda essencialmente a sua política com o governo Obama. As iniciativas concretas do governo estadunidense vão em sentido contrário à sua retórica e aos seus discursos.


A visita de Barack Obama é motivada por vários interesses dos EUA, mas os principais são: tentar neutralizar o Brasil e o papel recente de sua política externa independente, progressista; aumentar a assimetria, que já é grande, nas relações bilaterais nas áreas econômica, comercial e de defesa, e estimular contradições entre o Brasil e outros países como a China, na área econômica e comercial; assegurar fornecimento de energia, especialmente de petróleo da camada pré-sal; e atuar para "limpar a imagem" do imperialismo, usando o carisma de Obama e a diplomacia do "soft power" para lançar a suposta "nova política” para o Brasil e a América Latina, com discursos demagógicos no Brasil, no Chile e em El Salvador.
É compreensível e normal que governos como o da presidente Dilma Rousseff, que conta com o apoio e a participação do PCdoB, tenham relações diplomáticas com os demais países soberanos, entre eles os EUA. O presidente Lula, por duas vezes, recebeu o presidente Bush no Brasil. No entanto, os comunistas brasileiros não têm ilusões sobre o que o presidente Obama representa. Trata-se do chefe de estado e de governo da principal potência imperialista, inimiga principal dos povos de todo o mundo.


Desde a eleição de Barack Obama para a presidência, os EUA anunciaram uma “nova política” que na realidade não existe. O que há é uma nova formulação para o objetivo de tentar recuperar e ampliar a hegemonia mundial dos EUA. O que existe é uma retórica diferente, gestos simbólicos, amplificados por uma eficiente publicidade, e uma tática diferenciada em relação aos períodos dos governos de Bush pai e Bush filho, que trata de neutralizar oponentes, e envolver aliados, especialmente da Otan, para manter a liderança dos EUA mesmo diante de sua própria dificuldade para fazer frente a diversos conflitos de forma simultânea.


Não combina com a prática os discursos de Obama em defesa da paz, da democracia e dos direitos humanos. Também não há “valores em comum” que unem o povo brasileiro e o governo da presidente Dilma à política do imperialismo ianque. Por que a tortura continua na base de Guantánamo? Quantas guerras de ocupação e agressões aos povos os EUA promoveram nas últimas décadas e promovem neste exato momento? Quantas ditaduras e golpes foram e são financiados e apoiados pelos EUA, por exemplo os atuais regimes monárquicos despóticos da Arábia Saudita e do Barein, protegidos por Washington?


As novas estratégias militar e de segurança nacional dos EUA do presidente Barack Obama retoricamente prometem cooperação e multilateralismo. Na prática, todavia, mantêm o rumo de impor seus interesses pela força e pela guerra.


Os fatos contradizem a retórica. Depois de mais de dois anos de governo Obama, fica cada vez mais claro que os interesses de potência imperialista falaram mais alto que os discursos de campanha. Os EUA investirão em suas forças armadas em 2011, mesmo com os cortes recentemente anunciados, o maior orçamento desde o final da 2ª Guerra, maior que os gastos militares somados de todos os demais países do mundo.


Os EUA insistem em manter centenas de bases militares por todo o globo terrestre. Em conjunto com seus aliados europeus, alteraram o caráter da Otan, que passa agora a atuar em todos os continentes e mares.


Há uma forte presença militar estadunidense na Europa, no Oriente Médio, na Ásia e na América Latina. Os EUA e seus aliados da Otan continuam no Afeganistão e no Paquistão, prolongando uma guerra que já é mais longa que a agressão contra o Vietnã, e prorrogam a ocupação militar no Iraque. Mesmo assim não conseguem vencer a resistência nacional e popular nesses países.


Neste momento os EUA e países membros da Otan se preparam para uma intervenção militar na Líbia, após imporem no Conselho de Segurança da ONU uma resolução que torna “multilateral” a ação agressiva contra a soberania da Líbia. É preciso que as forças revolucionárias e progressistas de todos os continentes condenem toda e qualquer intervenção ou agressão militar estrangeira na Líbia, que não vai resolver o conflito, e só fará agravá-lo. No caso da guerra civil em curso na Líbia, é necessária uma solução política e pacífica para o conflito, que respeite a independência e a integridade territorial do país.


A política de Obama é contrária aos interesses do Brasil e da América Latina


Ao passo em que ascende uma tendencia geral democrática e progressista na América Latina, acentua-se o declínio da influência da hegemonia estadunidense na região. Apesar de os EUA possuirem ainda uma grande influência, esta vive um descenso diante da nova realidade política da América Latina.
Os EUA, em cada país da região, apoiam as forças de direita que defendem posições pró-imperialistas e opõem-se aos projetos de integração sul e latino-americana e aos governos democráticos, progressistas e de esquerda.


Na América Latina, os EUA recrudescem as campanhas midiáticas e as pressões contra a Revolução Cubana e as ameaças à Venezuela, considerada pelos centros de inteligência de Washington “a principal ameaça” contra os EUA nas Américas. Enquanto isso o governo colombiano segue a linha traçada pelos EUA de tornar o país uma Israel da América Latina e do Caribe, patrocina o assassinato de lideranças populares e mantém milhares de presos políticos. As correspondências diplomáticas da embaixada dos EUA no Brasil reveladas pelo site Wikileaks explicitaram o que todos já sabiam, que os EUA não desejavam a vitória da presidenta Dilma e que o candidato da direita José Serra comprometeu-se em realinhar a política externa brasileira aos interesses estadunidenses.
Entretanto, o povo brasileiro decidiu nas eleições de outubro passado que o Brasil deve seguir avançando e mantendo a sua política externa independente e soberana, latino-americanista, em defesa da paz e do direito dos povos ao desenvolvimento.


O imperialismo não está disposto a ceder poder sem opor resistência. Os EUA, surpresos com o êxito do acordo Brasil-Irã-Turquia acerca do programa nuclear iraniano, e contrariados pela política externa do governo Lula em diversos temas como na resistência aos golpistas de Honduras, fizeram de tudo para isolar o Brasil. Hillary Clinton, chanceler de Obama, comandou uma dura reação diplomática contra o Brasil.


As ações em política externa do governo Obama visam a manutenção do atual sistema de poder mundial, caracterizado pela hegemonia dos EUA, e sufocar as tendências à multipolaridade e os novos papéis internacionais que podem ter países como o Brasil.
Não se podem julgar líderes políticos como Barack Obama pela sua personalidade ou estilo, e sim pelo que representam objetivamente. Obama é o atual representante da velha e conhecida política imperialista dos EUA, que sempre foi e sempre será combatida pelos comunistas e pelos democratas, patriotas e internacionalistas no Brasil.


Renato Rabelo – Presidente Nacional do PCdoB
Ricardo Alemão Abreu – Secretário de Relações Internacionais do PCdoB

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imperialismo

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23:27

 

Mobilizemo-nos contra a guerra da NATO na Líbia

por Andrea Catone [*]

Doze anos depois da "guerra humanitária" da NATO, que em Março de 1999 começou o bombardeamento da Sérvia durante a Primavera para retrocedê-la meio século, como declarou o general Wesley Clark, as potências imperialistas fazem o mesmo com a Líbia – cem anos após a invasão italiana.


Sob o pretexto de salvar populações civis e com o selo branco de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU (10 votos, com cinco abstenções: Brasil, China, Rússia, Índia, Alemanha), fazem-se aquecer os motores dos caças Tornado. Na primeira linha, desta vez, encontram-se a França, a Inglaterra e os Estados Unidos, com Hillary Clinton prestes a igualar e a ultrapassar o empreendimento do seu esposo que bombardeou a Sérvia, apoiado pela dama de ferro Madeleine Albright.


Tal como em 1999, é também colocada em marcha a máquina infernal das mentiras mediáticas e da diabolização do "ditador" do momento para justificar a agressão militar contra um país rico em petróleo e porta para a África Central (o continente onde desde há muito as grandes potências entendem-se para uma repartição neo-colonial). Os mesmos que apregoam a urgência da guerra humanitária contra a Líbia, que dizem ser impossível adiar para amanhã, nem sequer levantaram a voz para deplorar a violência que Israel desencadeou entre Dezembro/2008 e Janeiro/2009 contra a população de Gaza, prisão a céu aberto para os palestinos, e que causou milhares de vítimas. Tão pouco preocuparam-se com a violência mortífera dos governos do Bahrein e do Iémen, ou da Arábia Saudita (um Estado que ostenta o nome de uma dinastia!) quando intervém com as suas tropas contra manifestantes. São estas mesmas petro-monarquias – dos emirados à Arábia – de mãos com os Estados Unidos, que enviam armas e tropas aos insurrectos contra Kadafi. Os quais – seja qual for a sua consciência subjectiva (dentre eles encontramos antigos ministros e altos funcionários da Jamahiriya) – são o instrumento de que se servem as forças imperialistas para por a pata sobre o país, não só pelos seus importantes recursos energéticos como também pela sua posição geográfica para o Mediterrâneo e para a África.


Nas condições concretas da Líbia, a imposição de uma "zona de exclusão aérea" implica um bombardeamento militar de grande amplitude. Como concordam numerosos peritos, o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea na Líbia deveria começar por um ataque, "neste sentido – explica o antigo chefe do Estado Maior da Aeronáutica, Leonardo Tricarico – há que neutralizar os meios anti-aéreos inimigos, ou seja, destruir os radares e os postos de mísseis. Nós temos esta capacidade dita SDAI, ou seja, 'supressão das defesas aéreas inimigas' e ela é constituída por caças Tornado, nós a utilizámos no Kosovo com os alemães e em três dias já não voava qualquer avião sérvio".


A Itália poderá por à disposição estes meios aéreos, eventualmente com os caças F-16 e Eurofither, aptos para a patrulha e a vigilância, além dos aviões Av8, de que está equipado o porta-aviões Cavour. Foi dada por adquirida a colocação à disposição das bases aéreas, em particular as do centro-sul, tanto para a redisposição dos aviões dos outros países como para a assistência logística. Os aviões-radar Awacs, por exemplo, poderiam ser dispostos em Trapan, que está equipada especialmente para este tipo de aeronaves, mas todas as bases estão aptas a acolher caças: de Grazzanise a Gioia del Colle. Poder-se-ia recorrer, em caso de necessidade, mesmo a Lampeduza ou Pantelleria. Há a seguir uma outra capacidade fundamental, lembra ainda o general Tricarico, "que tem a ver com as informações e de que a Itália está dotada: trata-se da constelação de satélites Cosmo-Skymed que está completamente operacional e que regista desempenhos superiores aos de qualquer outro sistema existente. Graças a estes satélites, pode-se ter uma representação fotográfica regular com uma definição muito alta, o que há de melhor hoje no mercado". Para estes fins, podem igualmente ser utilizados os aviões sem piloto (drones) "Predator", dotados de uma grande autonomia e que poderiam ser pilotos a partir da sua base de Amendola, nos Pouilles.


A Itália – as regiões meridionais em particular – está directamente implicada. O governo põe à disposição homens e meios, sistemas de radar e bases militares. O ministro da guerra Larussa recorda-se da estrofe "Tripoli, bela terra de mor... Tripoli será italiana ao som do canhão!" e põe à disposição sete bases militares "sem nenhum limite restritivo de intervenção". Trata-se de Amendola, Gioia del Colle, Sigonella, Aviano, Trapani, Decimomannu e Pantelleria: algumas, diz ainda Larussa, já foram pedidas pelos ingleses e pelos americanos. "Temos uma forte capacidade para neutralizar os radares hipotéticos adversários e poderíamos estar na iniciativa disso: podemos intervir de todos os modos possíveis". (La Repubblica)


Salvo algumas defecções de um lado e do outro (Liga do Norte e Itália dos Valores), todo o parlamento, governo e oposição "democrata", põe o capacete de guerra.
Bersani, secretário do Partido Democrata, põe mais lenha na fogueira: depois de ter quase corrigido a ONU por ter atrasado a decisão por alguns dias, declara que ele e seu partido estão "prontos a apoiar o papel activo da Itália. O governo sabe da nossa disponibilidade, pedimos apenas que nestas horas não haja declarações improvisadas e contraditórias. É preciso falar com os outros países disponíveis e com a NATO. Que ninguém faça de estratega, isso é grave".


O presidente Napolitano não fica atrás. Ele que deveria defender a Constituição (artigo 11: A Itália repudia a guerra como instrumento de ofensa à liberdade dos outros povos e como meio de resolução das controvérsias internacionais; consente, na condição de paridade com os demais Estados, nas limitações de soberania necessárias para regras que assegurem a paz e a justiça entre as nações; promove e apoia as organizações internacionais que tendem a este objectivo). Na sua intervenção no Teatro Regio de Turim no quadro das celebrações do 150º aniversário da Unidade da Itália – ocasião solene – ele disse: "Nas próximas horas, a Itália deverá tomar decisões difíceis, que a comprometerão na situação que se criou na Líbia.

Mas se pensarmos no que foi o Risorgimento, como grande movimento liberal e libertador, não podemos ficar indiferentes à repressão sistemática das liberdades fundamentais e dos direitos humanos em qualquer país que seja. Não podemos deixar serem destruídas, espezinhadas, as esperanças que nasceram de um Risorgimento igualmente no mundo árabe, uma coisa decisiva para o futuro do mundo... Espero que as decisões a tomar sejam portanto rodeadas do máximo consenso possível e da consciência dos valores que encarna a Itália unida e que devemos preservar por toda a parte".


Em 1911 havia decorrido meio século desde o Risorgimento. Este entrou na dança para a guerra na Líbia, com a retórica pascoliana [1] da "grande proletária que se pôs à deriva". Hoje faz-se intervencionismo – ou melhor, imperialismo – democrático e "guerra humanitária".


Ninguém menciona a única proposta internacional séria, a do presidente venezuelano Chavez e dos países progressistas latino-americanos, para uma mediação entre as partes em conflito. A paz não serve às potências que, em concorrência entre si, querem retomar "seu lugar ao sol". Esta guerra interna na Líbia foi alimentada pelas potência que hoje dizem querer trazer a paz e a democracia: aos insurrectos de Benghazi chegam armas, equipamentos e conselheiros militares das potências ocidentais. Alimenta-se a guerra civil para justificar a agressão externa. Velha história...


Contra a participação na guerra à Líbia exprimiram-se o secretário do PdCI, Oliviero Diliberto, e o do PRC, Paolo Ferrero.
Começam a mobilizar-se em diversas cidades as redes militantes contra a guerra.

20/Março/2011

(1) Referência ao poeta italiano Giovanni Pascoli (1855-1912)
[*] Director da revista italiana L'Ernesto.


O original encontra-se em solidarite-internationale-pcf.over-blog.net/...


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

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Não à agressão contra a Líbia!

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13:20

libia_latuff

 

por CPPC [*]

Sob o pretexto e disfarce de "intervenção humanitária", estamos perante mais uma guerra de agressão e conquista por parte dos EUA e seus aliados da NATO e da região, com o aval do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Como nos exemplos recentes dos Balcãs, do Iraque e do Afeganistão, mais uma vez, o verdadeiro móbil desta intervenção é o controlo dos recursos naturais e o domínio militar e político da região.


Numa região marcada positivamente por importantes movimentações populares em luta por melhores condições de vida, por direitos sociais e laborais, liberdade e democracia e pela exigência de soberania e afirmação de independência face ao conluio de decadentes oligarquias com o imperialismo, as potências imperialistas buscam, em renovados moldes e por via da violência quando necessário, prosseguir a sua intromissão e exploração económica dos países desta região. É esse o cenário de sinistra ameaça sobre a Líbia hoje. No entretanto, conspiram contra os movimentos populares no Egipto e Tunísia e enviam forças militares da cruel ditadura Saudita para reprimirem a revolta popular no Bahrein.
O CPPC, reafirmando a sua solidariedade com o povo líbio que será a primeira vítima desta agressão:

  • Condena a intervenção imperialista contra a Líbia e exige o fim imediato desta agressão em respeito pela independência e soberania deste país;
  • Deplora a co-responsabilidade assumida pelo Governo português nesta agressão, posto que votou favoravelmente a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas;
  • No respeito pelo consagrado no artigo 7º da Constituição da República Portuguesa e na Carta das Nações Unidas, recusa liminarmente a participação de Portugal neste acto de agressão;
  • Solidariza-se com os povos da Líbia e do Bahrein vítimas de agressões imperialistas;
  • Expressa a sua grande apreensão quanto às repercussões que a presente acção terá sobre outros povos no Próximo e Médio Oriente.

O CPPC convoca uma concentração de repúdio pelas agressões imperialistas aos povos da Líbia e do Bahrein e pela exigência da paz - frente à Embaixada dos EUA, em Lisboa (Avenida das Forças Armadas, junto a Sete Rios), para dia 23 de Março, Quarta-feira, pelas 18h00.


O Conselho Português para a Paz e Cooperação
18/Março/2011

 


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

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Encobrimento dos impactos devastadores da radiação nuclear

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16:36

 

Encobrimento dos impactos devastadores da radiação nuclear:
Estabelecer uma rede para monitorar radiação formada por cidadãos de todo o mundo

por Washington's Blog

Se pudéssemos confiar nos governos japonês e americano para nos informar de qualquer perigos, não teríamos de ser tão vigilantes.
Mas dado o encobrimento do governo americano da gravidade do desastre petrolífero da BP, do risco saúde para os nova-iorquinos após o 11/Set e numerosas outras questões de saúde , teremos de instruir-nos nós próprios.
Exemplo: o chefe da saúde pública dos EUA (U.S. Surgeon General) recomendou que os residentes da Costa Oeste que se abastecessem de iodeto de potássio , ao passo que outros responsáveis do governo disseram que é desnecessário porque os níveis de radiação não serão bastante altos. Mas nenhum governo revelou leituras de radiação na Costa Oeste, de modo que não podemos verificar por nós próprios se sim ou não actualmente há qualquer perigo. Ver isto e isto .
Como observa a ABC News, peritos dizem que o Japão tem um longo historial de encobrimentos nucleares.
O New York Times destaca :

Os diferentes materiais nucleares que são relatados em acidentes nucleares no Japão vão desde o relativamente benigno ao extremamente inquietante.
O problema central em avaliar o grau de perigo é que as quantidades de várias fugas radioactivas para o ambiente agora são desconhecidas, pois são os ventos e outros factores atmosféricas que determinam como a radioactividade será dispersa em torno das centrais atingidas.

A BBC informa (rolar a coluna à esquerda):

O engenheiro japonês Masashi Goto, que ajudou a desenhar o vaso de contenção para o núcleo do reactor de Fukushima, afirma que a concepção não era suficiente para aguentar terramoto ou tsunami...

Na verdade, disse Goto:

"É difícil dizer, mas haveria uma fusão do núcleo (core meltdown). Se as varetas caírem e misturarem-se com água, o resultado seria uma explosão de material sólido como um vulcão a propagar material radioactivo. Uma explosão de vapor ou de hidrogénio provocada pela mistura propagaria resíduos radioactivos a mais de 50 km. Além disso, esta seria multiplicada. Há muitos reactores na área de modo que haveria muitos Chernobyls.

E Goto acusou o governo japonês de reter deliberadamente informação vital que permitiria a peritos externos ajudar a resolver os problemas:

Exemplo: não tem havido informação suficiente acerca do hidrogénio que está a ser expelido. Não sabemos quanto foi expelido e quão radioactivo era.

O antigo editor do Japan Times – Yoichi Shimatsu – declara que após uma reunião de alto nível do governo, "as agências japonesas não já estão a divulgar reportagens independentes sem a aprovação prévia do topo" e que a censura do que realmente está a ocorrer na instalação está a ser efectuada sob o Artigo 15 da Lei de Emergência. A França também está a acusar o Japão de subestimar a ameaça nuclear.
E o Haarertz observa :

Uma vez que o governo japonês não tem proporcionado informação precisa a respeito da possível ameaça apresentada pela explosão na central nuclear de Fukushima, peritos em Israel e no estrangeiro estão divididos sobre o âmbito do desastre as ramificações para o ambiente.

Há algumas redes muito incompletas de monitoração em tempo real tais como esta e esta . Mas o número de monitores e muito pequeno e incompleto e é difícil saber quem dirige as redes.
Assim, devemos aproveitar o poder da Internet a fim de nos instruirmos.
Como?
É simples... Toda a gente que tenha um contador Geiger pode apresentar um fluxo de dados na web tal como este rapaz:

 

(e estes outros ).
Assegure que informa a sua localização (cidade, estado e país) a fim de que as pessoas saibam onde está, o fabricante e o modelo do seu contador Geiger e as unidades de radiação que estão a ser contadas (isto é, contagem por minuto, milli-roentgens por hora ou micro-sieverts por hora ).
Quando bastantes pessoas fizerem isto, teremos uma rede cidadã a monitorar radiação e não teremos de confiar na falta de informação vinda de governos.

The CRG grants permission to cross-post original Global Research articles on community internet sites as long as the text & title are not modified. The source and the author's copyright must be displayed. For publication of Global Research articles in print or other forms including commercial internet sites, contact: crgeditor@yahoo.com

 


O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=23743

 


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

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Wikileaks revelam irresponsabilidade

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09:00

Telegramas agora revelados pelo Wikileaks revelam que há mais de dois anos a Agência Internacional para a Energia Atómica avisou o Japão de que as centrais nucleares não estavam devidamente preparadas para a ocorrência de sismos.

Em Dezembro de 2008 a organização de vigilância internacional para questões nucleares fez saber ao Governo japonês que as regras de segurança das centrais nucleares estavam ultrapassadas e que sismos fortes poderiam ser um «sério problema», avança a edição online doThe Telegraph.

Na altura o executivo nipónico declarou que iria actualizar os planos de segurança e aumentar a resistência das centrais. Agora, irá enfrentar o escrutínio e ter de responder a questões inevitáveis sobre se o fez ou não.

 

Internacional

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Em um mês Dilma já mostrou a que veio

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19:05

 

dilma_fernao_campos

por Renato Nucci Junior

[*]

Em seu primeiro mês à frente da presidência da República, as medidas tomadas por Dilma Roussef desvanecem paulatinamente as ilusões quanto ao caráter do seu governo.

Em um ambiente internacional marcado pelo aprofundamento da crise econômica, fica claro o papel do governo Dilma: preparar o país para os seus efeitos deletérios, garantindo prioritariamente os interesses do grande capital monopolista. Para tanto, aplicam-se e anunciam-se duras medidas de ajuste tais como privatizações e ataques aos interesses e direitos dos trabalhadores, todas com o intuito de atenuar suas conseqüências para o capital, mas impingindo aos trabalhadores um custo infinitamente maior.  


A primeira medida anunciada por Dilma logo no início de seu mandato é a da abertura do capital da Infraero e a privatização na gestão dos aeroportos. Alegam-se dificuldades do Estado em mobilizar o volume de recursos necessários, cerca de R$ 5,5 mil milhões, para modernizar e ampliar os aeroportos, tendo em vista a crescente demanda por passagens aéreas e a execução de reformas que prepararem a infra-estrutura do país para receber a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Indisposta a negociar e debater o projeto com a atenção merecida, expondo sua face truculenta e pouco afeita ao diálogo, pois a aplicação de duras medidas de ajuste não deixam margem para negociação, Dilma avisou que o projeto de privatização da Infraero será encaminhado por meio de medida provisória.

Em suas linhas gerais a proposta aponta para uma gestão compartilhada entre Estado e empresas privadas, que passariam a administrar os novos terminais de Cumbica e Viracopos, através de concessão de 20 anos. As principais interessadas e maiores beneficiadas seriam as duas maiores empresas aéreas do país, a Tam e a Gol.


Mais uma vez, como sempre ocorre no Brasil, fato igualmente comum nos governos petistas, o Estado burguês faz cortesia com chapéu alheio, usando dinheiro público para financiar o lucro privado. Afinal, dentre todos os terminais aeroportuários do Brasil, Cumbica e Viracopos representam o filé mais suculento, pois são respectivamente os maiores em volume de passageiros e de cargas.

Outro caso emblemático da entrega do patrimônio público para o capital privado é o do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte. Concluído, será o primeiro do país concedido totalmente à iniciativa privada, cujo investimento de R$ 450 a R$ 600 milhões para a sua construção receberá 80% de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES).
No bojo dessa onda de ataques patrocinada pelo governo Dilma, inclui-se a decisão tomada pelo Banco Central na primeira reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), em 2011, de aumentar a taxa básica de juro de 10,75% para 11,25% com a justificativa de conter a alta da inflação.

Esse aumento na taxa Selic atende aos interesses do capital financeiro, uma das frações hegemônicas da burguesia no bloco no poder. O recurso ao aumento da taxa básica de juro como forma de controle da inflação, além da emissão de títulos públicos indexados pela taxa Selic do BC para retirar dinheiro de circulação, igualmente atendem ao interesse do capital financeiro. Entretanto, levam a um crescimento desmesurado da dívida pública.

Esta, em 2010, fechou com a extraordinária quantia de R$ 1,69 milhão de milhões e a previsão do Tesouro para 2011 é que ela atinja entre R$ 1,8 e R$ 1,93 milhão de milhões. A garantia para o seu pagamento é feita pelo Estado através do superávit primário, ou seja, cortes nos gastos públicos. Para 2011 está previsto um superávit primário de 3,1%, representando um corte de cerca de R$ 60 mil milhões no Orçamento.

Essa farra faz a alegria dos credores da dívida pública, majoritariamente o grande capital bancário e financeiro nacional cujo poder e influência impõem ao Orçamento Geral da União reservas cada vez maiores que garantam a amortização da dívida, bem como o pagamento de juros e encargos. Em 2010, para um Orçamento de R$ 1,848 milhão de milhões, estavam destinados R$ 777 mil milhões, ou 42,04%, para a amortização da dívida.

Outros R$ 138 mil milhões serviriam para o pagamento de juros e encargos. O compromisso de privilegiar o pagamento da dívida pública, mantido pelo governo Dilma, resultará na continuação da política de corte dos gastos públicos, principalmente os chamados gastos de custeio como pagamento do funcionalismo, os gastos com a previdência social, com a assistência social e com a manutenção da máquina pública.

Esse compromisso só pode ser mantido impondo grandes sacrifícios aos trabalhadores, congelando o salário do funcionalismo público, reduzindo-se drasticamente o alcance e a universalização das políticas públicas e dos direitos sociais, além da ameaça de uma nova onda de reformas regressivas como a da previdência.

Neste caso, o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho (PMDB), anunciou a necessidade de se fazer uma nova (contra) reforma da previdência sob a surrada alegação de conter um déficit inexistente. Mais do que um debate pautado por gélidos cálculos matemáticos, trata-se, em verdade, de um debate político, em torno de quais classes e camadas da sociedade serão priorizadas na destinação das verbas do Orçamento. O que se pretende, portanto, com essa nova reforma regressiva da previdência, onde previsões sombrias apontam para um aumento na idade e no tempo de contribuição, é garantir o pagamento da dívida pública aos seus credores.

Ao mesmo tempo relegam-se a um segundo plano os gastos públicos voltados ao atendimento das necessidades da grande maioria do povo, sucumbindo o governo aos interesses da acumulação capitalista. Além do mais, no caso da previdência, o governo Dilma mantém o seu compromisso em não mexer no fator previdenciário, que reduz as aposentadorias em até 50%, e o reajuste com índice menor para quem recebe benefícios previdenciários acima de um salário mínimo.


Além do mais, se o problema da previdência fosse realmente o seu déficit, a proposta não incluiria a diminuição das alíquotas que as empresas pagam sobre a folha de salários, voltadas para o financiamento da previdência, de 20% para 14%. O objetivo, aqui, é permitir um aumento ainda maior dos lucros das empresas no Brasil, principalmente setores industriais que afetados pela concorrência chinesa e pela apreciação da taxa de câmbio, perdem competitividade.

Por outro lado, pesquisa feita com 321 empresas de capital aberto, mostra que o lucro médio cresceu no segundo trimestre de 2010, 39% em relação ao mesmo período de 2009. Em alguns setores esse crescimento esteve muito acima da média, chegando a 87,8% para 38 empresas de energia elétrica e a 83,86% para 26 empresas da construção civil. Esses dados mostram o quanto é falso o debate que atribui à carga tributária a responsabilidade por um suposto fraco desempenho da economia, pois mesmo o crescimento da arrecadação fiscal em 2010, previsto para 34,7%, um ponto percentual maior do que em 2009, não travou o crescimento do lucro das empresas. Desse modo, o debate em torno da desoneração da folha de salários nada mais pretende do que permitir um aumento na acumulação do capital.


O debate em torno do reajuste do salário mínimo é outro bom exemplo sobre como o governo Dilma opta por privilegiar os interesses do capital e dos credores da dívida pública. Como o aumento do mínimo baliza o reajuste de outras categorias, além de atrelar o pagamento dos benefícios previdenciários e do seguro-desemprego, o governo Dilma já avisou às centrais sindicais governistas (CUT, CTB, NCST, CGTB, UGT e Força Sindical), de que o aumento ficará em R$ 545 [€203]e não em R$ 580 [€216] como pretendem as centrais.

Ainda que o debate sobre o assunto carregue consigo uma boa dose de demagogia, pois cálculos do Dieese indicam que, para dezembro de 2010, o necessário para garantir uma vida minimamente digna para uma família trabalhadora seria de R$ 2227,53 [€829], ela é uma boa medida da disposição do governo Dilma de impedir o aumento dos gastos públicos no que tange aos interesses dos trabalhadores, privilegiando no Orçamento Geral da União os interesses dos credores da dívida. O impasse tem causado inúmeros atritos entre a equipe do novo governo e as centrais governistas. Estas têm sido obrigadas a reconhecer a presteza do governo, tanto de Lula como de Dilma, em tomar medidas extraordinárias na defesa dos interesses do capital, relegando a um segundo plano assuntos de interesses dos trabalhadores.

Somam-se a essas críticas reclamações quanto a falta de diálogo e de um canal de interlocução mais permanente entre as centrais e o atual governo. Esse é mais um exemplo do modo como Dilma, eleita para aplicar duras medidas de ajuste contra os trabalhadores, será truculenta e adotará uma relação intransigente mesmo com os seus aliados, pois seu compromisso será o de atenuar os efeitos da crise para o capital.


Mas o conjunto de ataques não para por aí. O Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, principal entidade filiada à CUT e berço do "sindicalismo autêntico", cujo principal expoente foi o ex-presidente Lula, prepara um projeto de lei que propõe reforma da CLT. Este não consiste em retirar direitos consagrados na Consolidação e no artigo 7º da Constituição Federal, incluindo mecanismo mais sutil de precarização do trabalho. Operando sob a lógica neoliberal da livre negociação, o projeto quer instituir garantias para fazer prevalecer o negociado sobre o legislado, alterando o artigo 618 da CLT.

Com isso, a CLT deixa de significar um patamar mínimo sobre o qual devem se assentar as relações de emprego e de exploração da força de trabalho, com as convenções e acordos coletivos ampliando direitos e conquistas. Alegando querer garantir maior segurança jurídica aos acordos pactuados entre trabalhadores e empresas, impedindo que sejam questionados pela justiça do trabalho, um projeto de lei em que prevaleça o negociado sobre o legislado tornará legal a precarização já praticada pelas empresas. Tendo um movimento sindical como o nosso, conduzido em sua maioria por dirigentes pelegos e que operam na lógica da conciliação de classe, não é difícil prever o quão nefasto será para os trabalhadores retirar da CLT o seu papel em assegurar um patamar mínimo de direitos e de impor certos limites à exploração do trabalho pelo capital.
Como vemos, aos trabalhadores brasileiros se impõem inúmeros desafios.

Os ajustes programados pela burguesia com apoio do governo Dilma, como forma de lhes atenuar os efeitos da crise econômica mundial, representam uma nova ofensiva do capital sobre o trabalho. Dessa empreitada, porém, também participam setores do movimento sindical que compartilham com o governo Dilma as responsabilidades por essa nova onda de ataques. Diante dessa conjuntura se exigirá do sindicalismo classista e combativo uma resposta inequívoca.

Esta passa obrigatoriamente por ver que nosso adversário não é apenas a burguesia e o governo de turno que controla o Estado burguês, mas igualmente setores do movimento sindical que, em nome dos trabalhadores, aliam-se ao capital na aplicação das medidas de ajuste. Para isso, só nos resta um caminho: o da luta e da organização dos trabalhadores pela base, unificando lutas e construindo um programa mínimo capaz de oferecer uma saída classista e anticapitalista que derrote os planos de ajuste do capital.

Campinas, fevereiro/2011

[*] Do Comité Central do PCB
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

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NOTA: O OPORTUNISMO IMPERIALISTA E AS DESGRAÇAS DO HAITI

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21:25

Pobre e infeliz Haiti. Primeiro a longa e feroz ditadura de Duvalier, com os seus sinistros ton-ton macoute. Depois um brevíssimo governo democrático, cujo presidente foi deposto por uma intervenção militar dos EUA & da França.

Segue-se uma longa ocupação militar, com a cumplicidade activa de países latino-americanos que se prestaram a enviar tropas para colaborar com o império. Mais recentemente um terramoto gigante que deixou o país destruído.

E este foi seguido de imediato por uma invasão em grande escala de tropas estado-unidenses. O estado calamitoso do país, com as infraestruturas de saneamento básico arruinadas, levou à epidemia de cólera iniciada em 2010.

E agora, 17 de Janeiro, para culminar, Baby Doc , o filhote do antigo ditador Duvalier, retorna de Paris . Ele volta protegido pelas tropas do imperialismo e dos governos latino-americanos que o servem – como o do Brasil, Chile e Uruguai. Vem tomar posse dos despojos. Tal como os abutres, também quer um naco do moribundo

 

 

 

original em> Resistir

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Planos do império revelados: WikiLeaks e a ação dos EUA na Venezuela

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08:20
 

Por>  Opera Mundi


O diplomata norte-americano Craig Kelly, que foi embaixador dos Estados Unidos em Santiago do Chile, enviou um despacho em julho de 2007 com o título “Plano de Ação para isolar Hugo Chávez no continente e reafirmar a liderança dos Estados Unidos”.


O documento revela a preocupação do embaixador com a influência de Chávez e diz que “apesar das diabruras e travessuras”, Chávez não pode ser considerado um “simples caudilho”. Em outro trecho ele classifica o presidente da Venezuela como sendo um “inimigo formidável, mas que pode ser derrotado”.


No texto, Kelly afirmou que a entrada da Venezuela no Mercosul afetaria as relações dos EUA com os países membros do acordo: “não devemos ser tímidos ao afirmar que a Venezuela pode afetar nossos interesses com o bloco comercial”. O embaixador indica que uma possível solução seria o investimento em tratados de livre-comércio individuais com cada país.


O embaixador também recomendou que os EUA investissem mais na região e, por meio da diplomacia, vendesse uma imagem exaltando os valores “da democracia, do comércio livre e do trabalho para fazer frente aos males do socialismo”.

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Tunísia: A lógica da revolução

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10:30

por Dyab Abou Jahjah

[*]

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A revolução tunisina continua a ditar a sua própria lógica a todos os níveis... Após tentativas de remanescentes do regime de difundirem através de várias técnicas (carros em movimento nas ruas a dispararem aleatoriamente sobre pessoas e casas, destruição de infraestrutura, etc), o povo tunisino organizou-se em comités que se disseminam por todo o país, em todo bairro e em toda cidade, começando a patrulhar as ruas e a proteger o povo. Comités populares perseguiram mesmo as milícias do velho regime e em um caso, numa troca de tiros, um deles caiu como mártir enquanto dois homens da milícia foram executados pelo povo.
Há relatos de actividade israelense na Tunísia em apoio da contra-revolução e também de infiltrados enviados da Líbia para sabotagem. Ainda não é claro se isto é um padrão ou são casos isolados.


A nível político, os remanescentes do velho regime ainda estão oficialmente no poder e estão a negociar com a falsa oposição que sempre serviu ao regime como decoração. Contudo, os comités populares, a central sindical e a oposição real estão a trabalhar para mudar isto e traduzir a revolução em efeitos políticos. Acredito que não levará muito tempo até ser traçado um caminho político rumo à preparação de eleições. É importante notar que eleições feitas em conformidade com o velho regime não produzirão mudança, de modo que a oposição real e o povo estão a exigir primeiro a mudança da constituição e então ir para eleições.


Os regimes árabes estão a ser sacudidos e os povos árabes estão eufóricos mesmo em lugares como o Oman e os Emirados. No Twitter, a juventude saudita também está a mostrar apoio à revolução tunisina e a exprimir vergonha pelo seu país tolerar a tirania. O regime egípcio adiou medidas planeadas para revogar o subsídio do estado a alguns bens de consumo básicos. Quanto a Qadafi, exprimiu o seu lamento e disse que os tunisinos deveriam ter mantido Ben Ali para sempre. Qadafi está claramente nervoso acerca de uma revolução real na fronteira líbia contrária à sua própria falsa revolução. A outro nível, a oposição egípcia agora está mais convencidas de que a resposta está na rua e nada mais. Este reviver do ideal revolucionário é universal sobre todo o mundo árabe. Na Argélia há relatos de três casos de cidadãos a atearem-se fogo, um deles confirmadamente morto. O Egipto e a Argélia parecem ser os dois países árabes em que mais repercute o que aconteceu na Tunísia.


O Hezbollah saudou a revolução tunisina e pediu a todos os líderes árabes que retirassem conclusões da mesma.
Internacionalmente, os franceses e os americanos emitiram declarações que revelam um alto nível de hipocrisia. Eles sempre apoiarem o velho regime, sabendo muito bem da sua natureza como revelou o WikLeaks , e agora não podem nos vender o seu chamado apoio às opções do povo. Eles não gostam de ver revoluções a menos que sejam orquestradas pela CIA e pelas ONGs financiadas pela CIA, como na Ucrânia, Geórgia e Líbano. Isto é uma revolução real e portanto sentem-se inquietos acerca dela.

16/Janeiro/2011

Ver também:

  • Mulher de Ben Ali pode ter levado 1,5 t de ouro da Tunísia
  • The Lesson of the Tunisian Revolution , de Hassan Nasrallah
  • http://angryarab.blogspot.com/
  • Detenido el jefe de seguridad de Ben Alí cerca de la frontera con Libia
  • Manifestation à Tunis pour exiger la dissolution du parti de Ben Ali
  • Parti communiste des ouvriers de Tunisie
  • Appel du parti communiste des ouvriers de Tunisie à l’attention du peuple tunisien et ses forces démocratiques
  • Revolta no Magrebe
    [*] Fundador e antigo presidente da Arab European League .
    O original encontra-se em http://mrzine.monthlyreview.org/2011/jahjah160111.html e em Abou Jahjah comments

  • Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

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    Brasileiros entrevistam Julian Assange

    0
    14:32

    Vários internautas - O WikiLeaks tem trabalhado com veículos da grande mídia – aqui no Brasil, Folha e Globo, vistos por muita gente como tendo uma linha política de direita. Mas além da concentração da comunicação, muitas vezes a grande mídia tem interesses próprios. Não é um contra-senso trabalhar com eles se o objetivo é democratizar a informação? Por que não trabalhar com blogs e mídias alternativas?

    Por conta de restrições de recursos ainda não temos condições de avaliar o trabalho de milhares de indivíduos de uma vez. Em vez disso, trabalhamos com grupos de jornalistas ou de pesquisadores de direitos humanos que têm uma audiência significativa. Muitas vezes isso inclui veículos de mídia estabelecidos; mas também trabalhamos com alguns jornalistas individuais, veículos alternativos e organizações de ativistas, conforme a situação demanda e os recursos permitem.

    Uma das funções primordiais da imprensa é obrigar os governos a prestar contas sobre o que fazem. No caso do Brasil, que tem um governo de esquerda, nós sentimos que era preciso um jornal de centro-direita para um melhor escrutínio dos governantes. Em outros países, usamos a equação inversa. O ideal seria podermos trabalhar com um veículo governista e um de oposição.

    Marcelo Salles – Na sua opinião, o que é mais perigoso para a democracia: a manipulação de informações por governos ou a manipulação de informações por oligopólios de mídia?

    A manipulação das informações pela mídia é mais perigosa, porque quando um governo as manipula em detrimento do público e a mídia é forte, essa manipulação não se segura por muito tempo. Quando a própria mídia se afasta do seu papel crítico, não somente os governos deixam de prestar contas como os interesses ou afiliações perniciosas da mídia e de seus donos permitem abusos por parte dos governos. O exemplo mais claro disso foi a Guerra do Iraque em 2003, alavancada pela grande mídia dos Estados Unidos.

    Eduardo dos Anjos – Tenho acompanhado os vazamentos publicados pela sua ONG e até agora não encontrei nada que fosse relevante, me parece que é muito barulho por nada. Por que tanta gente ao mesmo tempo resolveu confiar em você? E por que devemos confiar em você?

    O WikiLeaks tem uma história de quatro anos publicando documentos. Nesse período, até onde sabemos, nunca atestamos ser verdadeiro um documento falso. Além disso, nenhuma organização jamais nos acusou disso. Temos um histórico ilibado na distinção entre documentos verdadeiros e falsos, mas nós somos, é claro, apenas humanos e podemos um dia cometer um erro. No entanto até o momento temos o melhor histórico do mercado e queremos trabalhar duro para manter essa boa reputação.

    Diferente de outras organizações de mídia que não têm padrões claros sobre o que vão aceitar e o que vão rejeitar, o WikiLeaks tem uma definição clara que permite às nossas fontes saber com segurança se vamos ou não publicar o seu material.

    Aceitamos vazamentos de relevância diplomática, ética ou histórica, que sejam documentos oficiais classificados ou documentos suprimidos por alguma ordem judicial.

    Vários internautas – Que tipo de mudança concreta pode acontecer como consequência do fenômeno Wikileaks nas práticas governamentais e empresariais? Pode haver uma mudança na relação de poder entre essas esferas e o público?

    James Madison, que elaborou a Constituição americana, dizia que o conhecimento sempre irá governar sobre a ignorância. Então as pessoas que pretendem ser mestras de si mesmas têm de ter o poder que o conhecimento traz. Essa filosofia de Madison, que combina a esfera do conhecimento com a esfera da distribuição do poder, mostra as mudanças que acontecem quando o conhecimento é democratizado.

    Os Estados e as megacorporações mantêm seu poder sobre o pensamento individual ao negar informação aos indivíduos. É esse vácuo de conhecimento que delineia quem são os mais poderosos dentro de um governo e quem são os mais poderosos dentro de uma corporação.

    Assim, o livre fluxo de conhecimento de grupos poderosos para grupos ou indivíduos menos poderosos é também um fluxo de poder, e portanto uma força equalizadora e democratizante na sociedade.

    Marcelo Träsel - Após o Cablegate, o Wikileaks ganhou muito poder. Declarações suas sobre futuros vazamentos já influenciaram a bolsa de valores e provavelmente influenciam a política dos países citados nesses alertas. Ao se tornar ele mesmo um poder, o Wikileaks não deveria criar mecanismos de auto-vigilância e auto-responsabilização frente à opinião pública mundial?

    O WikiLeaks é uma das organizações globais mais responsáveis que existem.

    Prestamos muito mais contas ao público do que governos nacionais, porque todo fruto do nosso trabalho é público. Somos uma organização essencialmente pública; não fazemos nada que não contribua para levar informação às pessoas.

    O WikiLeaks é financiado pelo público, semana a semana, e assim eles “votam” com as suas carteiras.

    Além disso, as fontes entregam documentos porque acreditam que nós vamos protegê-las e também vamos conseguir o maior impacto possível. Se em algum momento acharem que isso não é verdade, ou que estamos agindo de maneira antiética, as colaborações vão cessar.

    O WikiLeaks é apoiado e defendido por milhares de pessoas generosas que oferecem voluntariamente o seu tempo, suas habilidades e seus recursos em nossa defesa. Dessa maneira elas também “votam” por nós todos os dias.

    Daniel Ikenaga – Como você define o que deve ser um dado sigiloso?

    Nós sempre ouvimos essa pergunta. Mas é melhor reformular da seguinte maneira: “quem deve ser obrigado por um Estado a esconder certo tipo de informação do resto da população?”

    A resposta é clara: nem todo mundo no mundo e nem todas as pessoas em uma determinada posição. Assim, o seu médico deve ser responsável por manter a confidencialidade sobre seus dados na maioria das circunstâncias – mas não em todas.

    Vários internautasEm declarações ao Estado de São Paulo, você disse que pretendia usar o Brasil como uma das bases de atuação do WikiLeaks. Quais os planos futuros?  Se o governo brasileiro te oferecesse asilo político, você aceitaria?

    Eu ficaria, é claro, lisonjeado se o Brasil oferecesse ao meu pessoal e a mim asilo político. Nós temos grande apoio do público brasileiro. Com base nisso e na característica independente do Brasil em relação a outros países, decidimos expandir nossa presença no país. Infelizmente eu, no momento, estou sob prisão domiciliar no inverno frio de Norfolk, na Inglaterra, e não posso me mudar para o belo e quente Brasil.

    Vários internautasVocê teme pela sua vida? Há algum mecanismo de proteção especial para você? Caso venha a ser assassinado, o que vai acontecer com o WikiLeaks?

    Nós estamos determinados a continuar a despeito das muitas ameaças que sofremos. Acreditamos profundamente na nossa missão e não nos intimidamos nem vamos nos intimidar pelas forças que estão contra nós.

    Minha maior proteção é a ineficácia das ações contra mim. Por exemplo, quando eu estava recentemente na prisão por cerca de dez dias, as publicações de documentos continuaram.

    Além disso, nós também distribuímos cópias do material que ainda não foi publicado por todo o mundo, então não é possível impedir as futuras publicações do WikiLeaks atacando o nosso pessoal.

    Helena Vieira - Na sua opinião, qual a principal revelação do Cablegate? A sua visão de mundo, suas opiniões sobre nossa atual realidade mudou com as informações a que você teve acesso?

    O Cablegate cobre quase todos os maiores acontecimentos, públicos e privados, de todos os países do mundo – então há muitas revelações importantíssimas, dependendo de onde você vive. A maioria dessas revelações ainda está por vir.

    Mas, se eu tiver que escolher um só telegrama, entre os poucos que eu li até agora – tendo em mente que são 250 mil – seria aquele que pede aos diplomatas americanos obter senhas, DNAs, números de cartões de crédito e números dos vôos de funcionários de diversas organizações – entre elas a ONU.

    Esse telegrama mostra uma ordem da CIA e da Agência de Segurança Nacional aos diplomatas americanos, revelando uma zona sombria no vasto aparato secreto de obtenção de inteligência pelos EUA.

    Tarcísio Mender e Maiko Rafael Spiess - Apesar de o WikiLeaks ter abalado as relações internacionais, o que acha da Time ter eleito Mark Zuckerberg o homem do ano? Não seria um paradoxo, você ser o “criminoso do ano”, enquanto Mark Zuckerberg é aplaudido e laureado?

    A revista Time pode, claro, dar esse título a quem ela quiser. Mas para mim foi mais importante o fato de que o público votou em mim numa proporção vinte vezes maior do que no candidato escolhido pelo editor da Time. Eu ganhei o voto das pessoas, e não o voto das empresas de mídia multinacionais. Isso me parece correto.

    Também gostei do que disse (o programa humorístico da TV americana) Saturday Night Live sobre a situação: “Eu te dou informações privadas sobre corporações de graça e sou um vilão. Mark Zuckerberg dá as suas informações privadas para corporações por dinheiro – e ele é o ‘Homem do Ano’.”

    Nos bastidores, claro, as coisas foram mais interessantes, com a facção pró- Assange dentro da revista Time sendo apaziguada por uma capa bastante impressionante na edição de 13 de dezembro, o que abriu o caminho para a escolha conservadora de Zuckerberg algumas semanas depois.

    Vinícius Juberte – Você se considera um homem de esquerda?

    Eu vejo que há pessoas boas nos dois lados da política e definitivamente há pessoas más nos dois lados. Eu costumo procurar as pessoas boas e trabalhar por uma causa comum.

    Agora, independente da tendência política, vejo que os políticos que deveriam controlar as agências de segurança e serviços secretos acabam, depois de eleitos, sendo gradualmente capturados e se tornando obedientes a eles.

    Enquanto houver desequilíbrio de poder entre as pessoas e os governantes, nós estaremos do lado das pessoas.

    Isso é geralmente associado com a retórica da esquerda, o que dá margem à visão de que somos uma organização exclusivamente de esquerda. Não é correto. Somos uma organização exclusivamente pela verdade e justiça – e isso se encontra em muitos lugares e tendências.

    Ariely Barata – Hollywood divulgou que fará um filme sobre sua trajetória. Qual sua opinião sobre isso?

    Hollywood pode produzir muitos filmes sobre o WikiLeaks, já que quase uma dúzia de livros está para ser publicada. Eu não estou envolvido em nenhuma produção de filme no momento.

    Mas se nós vendermos os direitos de produção, eu vou exigir que meu papel seja feito pelo Will Smith. O nosso porta-voz, Kristinn Hrafnsson, seria interpretado por Samuel L Jackson, e a minha bela assistente por Halle Berry. E o filme poderia se chamar “WikiLeaks Filme Noire”.

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    Sentindo a Pulsação

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    19:22

     

    De João Leno Lima

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