Quero ser poeta mas não passo de palavras.
Verso íntimo envernizando o tecido-tempo. Lúdica vitrine onde coloco as vísceras para serem expostas na passagem almeida.
A violência do mundo é uma masmorra aberta de frente para um abismo, longe, bem longe dos palcos principais e dos holofotes.
No meio termo entre o olhar do adolescente de cabelo grafitado e as bolsas-baús que guardam o invisível segredo das mulheres, resta apenas as febres das incertezas. Um vulcão sinfônico cospe em mim as páginas que jamais poderia escrever. Fotografo o momento distorcido e um vinho medonho escorre das portes de nariz empinado. Quero ser eletrocutado pelas verdades das crianças. Quero ser pisoteado pelos sorrisos mórbidos dos senadores e prefeitos e no final do dia atravessar as nuvens de asfalto a procura do abrigo.
Quero ser poeta mas não passo de palavras.
0 comentários: