Amo o cheiro das ilusões.
como um bálsamo feito de panos úmidos cobrindo
os olhos mas nem por isso deixamos de enxergar.
É como andar dentro do abismo
e sentir os lábios frios do medo.
ah... amo o cheiro das ilusões.
Acreditamos no que não nos parece exatos
e os calafrios das incertezas passa a ser a certeza
que podamos pela manhã.
A metamorfose das ilusões é
capaz de brotar em nós
ciclones que bagunçam a tola
normalidade do dia.
Por alguns instantes não
observamos as pedras no
caminho que na verdade se
revelam espelhos onde as
células-vidraças se diluíram
nas taças da hora que corre.
Sim, amo o cheiro das ilusões.
Poetas riem e loucos debatem-se com cigarros-poemas
cheio de colicas.
Não há meio termo
dentro da poesia mas
sentiremos suas garras em
momentos diferentes.
Assim é a ilusão.
nascimento do que
foi desejado.
tragédia desacontecida, ilhas de aço
nas longínquas memórias,
Promessas de para quedas e
e seguros pisos que não estremecem.
A ilusão causa mais estrago
que a colisão de um cometa
sobre a superfície.
Flores deixam de brotar em solos
antes verdejantes e crianças
desviam do caminhos antes
prezeroso, o olhar pesa mas
não se petrifica e as mãos
passam a dormir no relento
como orfãs dos raios do sol.
Amo o cheiro das ilusões.
Seu balaio e sedutor
percurso que trasforma os
poros em portais-precipicios
e os sentidos; um viajante
que resolveu seguir os
pássaros que acabavam de aprender a voar;abrindo mão
das pegadas que o garatiam a volta para casa.
Rastro de encontro nunca acontecido.
Rastro de vendaval na palma da Mao.
Rastro de percurso pela metade do esboço de ser lugar algum
Rastro de sorriso rabiscado no lápis.
Rastro de razão cheia de paredes.
Rastro materno de preservação interior.
Rastro de contos infantis e inquietação juvenil
com estrelas úmidas debaixo da cama do olhar.
saio do poema seguindo a mão oculta
que guia até as extremidades...
o mundo grita do outro lado da rua
"acorda!!! poeta!"
ah...amo o cheiro das ilusões.
João Leno Lima
Set/2010
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